O que realmente aconteceu com Anthem?
Em uma revelação franca, o ex-produtor executivo da BioWare, Mark Darrah, assumiu a responsabilidade pessoal pelo fracasso de Anthem, o ambicioso jogo online da empresa que não atingiu as expectativas. "A responsabilidade por este jogo recai principalmente sobre mim", admitiu Darrah em uma discussão recente sobre o projeto.
O jogo, lançado em 2019, foi desenvolvido durante um período turbulento na BioWare, marcado por mudanças de direção criativa e desafios técnicos. Darrah revelou que a equipe enfrentou dificuldades significativas para conciliar a identidade tradicional da BioWare - conhecida por narrativas profundas e escolhas impactantes - com a demanda por um jogo como serviço competitivo.
Os desafios por trás do desenvolvimento
Um dos momentos mais reveladores foi quando Darrah compartilhou a provocação interna que orientou o desenvolvimento: "E se fosse um jogo da BioWare, mas que pudesse fazer números do FIFA?" Essa mentalidade, segundo ele, criou uma tensão fundamental no projeto.
Conflito entre narrativa tradicional e mecânicas de jogo como serviço
Mudanças frequentes na visão criativa do projeto
Pressão para competir com títulos estabelecidos como Destiny
Desafios técnicos com o motor Frostbite da EA
O que você acha? Seria possível conciliar a essência dos RPGs da BioWare com um modelo de jogo como serviço bem-sucedido? A indústria tem visto vários estúdios tentarem essa combinação com resultados variados.
Lições aprendidas e o futuro
Embora Anthem tenha sido um fracasso comercial e de crítica, Darrah enfatiza que a experiência deixou lições valiosas para a equipe. Ele descreveu como o processo de desenvolvimento expôs falhas na comunicação entre departamentos e na definição clara de metas.
Curiosamente, Darrah não culpa exclusivamente a EA, editora do jogo, pelas dificuldades. Em vez disso, ele aponta para desafios internos de gestão e tomada de decisão. "Nós, como equipe de liderança, não conseguimos alinhar nossas expectativas e visões", refletiu.
O impacto nas equipes e na cultura da BioWare
O desenvolvimento conturbado de Anthem deixou marcas profundas na BioWare. Vários desenvolvedores relataram períodos de intenso crunch, com semanas de trabalho exaustivo para tentar salvar o projeto. Darrah reconhece que, em retrospecto, a gestão do tempo e dos recursos humanos poderia ter sido muito melhor.
"Quando você está no meio do processo, fica difícil enxergar o quadro completo", admite. "Mas claramente falhamos em proteger o bem-estar da equipe." Essa reflexão ecoa relatos de funcionários que descreveram o período como um dos mais desgastantes na história do estúdio.
As escolhas de design que definiram o destino do jogo
Um dos pontos críticos foi a decisão de usar o motor Frostbite, originalmente desenvolvido para jogos de tiro como Battlefield. "Sabíamos que seria um desafio adaptá-lo para um RPG de mundo aberto", explica Darrah. "Mas subestimamos o tempo e esforço necessários."
Algumas escolhas de design específicas se mostraram particularmente problemáticas:
O sistema de voo, embora inovador, exigiu recursos desproporcionais
A progressão de personagem ficou confusa entre elementos de RPG e ação
O mundo aberto carecia da densidade narrativa característica da BioWare
O loot e a customização não atingiram a profundidade esperada pelos fãs
E você, jogou Anthem? Quais elementos você achou que funcionaram bem e quais claramente precisavam de mais tempo no forno?
O legado de Anthem e os rumos da BioWare
O fracasso do jogo levou a BioWare a repensar fundamentalmente sua abordagem. Fontes internas sugerem que lições aprendidas com Anthem influenciaram diretamente o desenvolvimento de Dragon Age: Dreadwolf, com maior foco em uma visão criativa coesa desde o início.
Darrah destaca que um dos principais aprendizados foi a necessidade de "prototipagem rápida" - testar conceitos cedo e descartar o que não funciona. "Em Anthem, gastamos muito tempo refinando sistemas antes de ter certeza de que eram divertidos", lamenta.
Enquanto isso, a EA parece ter adotado uma postura mais flexível em relação aos motores de jogo, permitindo que estúdios escolham a tecnologia que melhor se adapta a seus projetos. Será que isso poderia ter feito diferença para Anthem se fosse uma opção na época?
Com informações do: IGN Brasil