O mercado de mini PCs para jogos está prestes a dar um salto significativo. A fabricante chinesa Thunderobot anunciou internacionalmente o Mix G2, um mini PC voltado para alta performance que promete rivalizar diretamente com o aguardado ASUS ROG NUC de 2025. O que mais chama atenção? A possibilidade de configurá-lo com a GPU NVIDIA GeForce RTX 5090 na variante para laptops, algo que coloca esse pequeno gigante à frente de muitos concorrentes em termos de potência bruta. O lançamento global está confirmado para o CES 2026, em Las Vegas, marcando uma investida ambiciosa da empresa fora de seu mercado doméstico.

Mini PC Thunderobot Mix G2 visto de lado, mostrando seu design compacto e portas de conexão

Especificações que Desafiam o Tamanho

Dentro de um chassi de aproximadamente 3,2 litros – algo realmente compacto –, a Thunderobot conseguiu empacotar hardware tipicamente encontrado em notebooks gamers de ponta. No coração do Mix G2 está o processador Intel Core Ultra 9 275HX, da família Arrow Lake-HX, com até 24 núcleos físicos. Mas é a placa de vídeo que rouba a cena: a opção topo de linha traz a NVIDIA GeForce RTX 5090 na versão mobile, baseada na arquitetura Blackwell.

Isso coloca o produto em uma posição interessante frente ao principal concorrente. Enquanto o ASUS ROG NUC (2025) deve chegar no máximo com uma RTX 5080, o Mix G2 oferece um salto geracional. Benchmarks preliminares, ainda que com cautela, sugerem que a RTX 5090 mobile supera a 5080 em cerca de 17% no desempenho gráfico. Para quem busca o máximo em um formato pequeno, essa diferença pode ser decisiva.

A configuração não para por aí. A variante mais potente vem com 64 GB de RAM DDR5 e armazenamento SSD PCIe 4.0, com slots para expansão via M.2 PCIe 5.0. A conectividade é moderna e abrangente, incluindo a cobiçada porta Thunderbolt 5, Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.3 e HDMI 2.1. É, sem dúvida, uma especificação pensada para não fazer concessões.

Desafios de um Projeto Ambicioso

Colocar componentes tão poderosos em um espaço tão reduzido não é tarefa simples. O maior desafio, como você pode imaginar, é o resfriamento. Como manter uma RTX 5090 e um processador topo de linha frios sob carga intensa dentro de 3,2 litros? A Thunderobot afirma ter desenvolvido um sistema com câmara de vapor, ventiladores de alta pressão e dissipadores largos para gerenciar o calor.

Vista inferior do Thunderobot Mix G2, mostrando a base e possíveis entradas de ar para o sistema de resfriamento

Na prática, a eficácia desse sistema só será realmente testada quando o produto chegar às mãos de revisores e usuários. O desempenho térmico será um fator crítico para determinar se o Mix G2 entrega performance sustentada ou se precisa fazer throttling (redução de clock) para se manter estável. A engenharia por trás disso é, na minha opinião, a parte mais fascinante desse lançamento.

Outro ponto crucial é o preço. No lançamento chinês, a configuração com RTX 5090 e 64 GB de RAM custa cerca de CNY 24.999, o que equivale a aproximadamente US$ 3.500. Convertendo para o Real e adicionando impostos de importação, o valor pode ficar bastante salgado para o consumidor brasileiro, beirando facilmente os R$ 20 mil. A Thunderobot também oferecerá configurações mais acessíveis com RTX 5070 Ti e RTX 5080, mas ainda não há confirmação de quando ou se todas essas variantes chegarão ao mercado global.

O Cenário Competitivo e o Futuro dos Mini PCs

A aposta da Thunderobot com o Mix G2 sinaliza uma tendência clara: a categoria de mini PCs está amadurecendo e buscando atrair não apenas quem precisa de um computador compacto, mas também jogadores hardcore e profissionais criativos que não abrem mão de performance. Por anos, os mini PCs foram sinônimo de hardware modesto para tarefas básicas. Isso está mudando rapidamente.

Expandir as opções de mini PCs premium disponíveis fora da China e estabelecer presença em mercados que buscam performance sem sacrificar espaço físico é a missão da empresa.

A ASUS, com sua linha ROG NUC herdada da Intel, é a concorrente direta mais óbvia. Mas outras empresas, como Minisforum, também estão lançando produtos poderosos nesse formato. Essa competição é ótima para nós, consumidores, pois deve levar a mais inovação, melhor resfriamento e, quem sabe, preços mais competitivos com o tempo.

O CES 2026 promete ser um palco importante para esse segmento. Além do lançamento oficial do Mix G2, é provável que vejamos outras fabricantes apresentando suas respostas. A pergunta que fica é: até onde podemos empurrar os limites do desempenho em um formato tão pequeno? E mais importante, os sistemas de resfriamento atuais serão suficientes para as próximas gerações de GPUs e CPUs, ainda mais quentes e poderosas?

Fontes: Newsfile e Notebookcheck.

O Que Esperar do Desempenho Real?

Falar em RTX 5090 mobile dentro de um mini PC é, sem dúvida, um chamariz poderoso. Mas como será a experiência prática? Benchmarks de pré-produção, sempre tomados com um grão de sal, pintam um cenário promissor. Em testes sintéticos como o 3DMark Time Spy, a configuração topo do Mix G2 teria superado a marca de 20.000 pontos, um número que, há poucos anos, seria impensável para uma máquina desse tamanho. Para colocar em perspectiva, isso coloca o desempenho gráfico na faixa de uma desktop RTX 4080 Super de boa qualidade – uma façanha e tanto de engenharia.

No entanto, benchmarks sintéticos são uma coisa. O verdadeiro teste será em jogos AAA com tudo no ultra, em resoluções como 1440p e 4K. Será que o sistema de resfriamento conseguirá manter os clocks altos durante uma sessão prolongada de Cyberpunk 2077 com path tracing ativado? Ou durante a renderização de um vídeo em 8K no DaVinci Resolve? A dissipação de calor é o calcanhar de Aquiles de qualquer projeto compacto de alta performance, e aqui não será diferente.

Um detalhe interessante é a escolha da variante mobile da RTX 5090. Em minha experiência, as GPUs para notebook, embora compartilhem o nome, costumam ter um TGP (Total Graphics Power) mais contido que suas irmãs desktop. A Thunderobot não divulgou o TGP exato da placa em seu sistema, mas é razoável supor que esteja otimizada para o envelope térmico do chassi. Isso significa que, embora seja uma 5090, pode não operar com a mesma potência máxima de uma placa de slot completa. Ainda assim, o salto sobre a geração anterior deve ser substancial.

Além dos Jogos: Um Hub Criativo Potente?

É tentador focar apenas no aspecto gamer, mas um hardware como esse tem potencial para ser muito mais. A combinação de um CPU Intel Ultra 9 com muitos núcleos, RAM generosa e uma GPU da série RTX 50 abre portas para workflows profissionais intensivos. Pense em edição de vídeo, modelagem 3D, renderização arquitetônica ou até desenvolvimento com engines pesadas como Unreal Engine 5.

A presença da Thunderbolt 5 é um sinal claro desse posicionamento. Com largura de banda de até 120 Gbps (três vezes mais que a TB4), ela permite conectar docks poderosas, monitores de alta resolução e até eGPUs – embora, com uma RTX 5090 interna, a necessidade de uma GPU externa seja questionável. A porta se torna, então, uma via para expansão de armazenamento ultrarrápido ou para múltiplos monitores 8K. Para um freelancer ou um pequeno estúdio que precisa de muita potência em uma mesa pequena, o Mix G2 pode ser uma solução elegante.

Mas será que o mercado profissional vai abraçar uma marca chinesa ainda pouco conhecida globalmente? Empresas como Apple, Dell e HP têm uma base consolidada de usuários criativos que valorizam suporte, confiabilidade e ecossistema. A Thunderobot terá que provar não apenas a performance, mas também a estabilidade do sistema, a qualidade dos drivers e a existência de um suporte pós-venda eficiente fora da China. É uma barreira significativa, mas não intransponível.

O Elefante na Sala: Preço e Disponibilidade no Brasil

Vamos falar a verdade: um equipamento como esse, na configuração máxima, será um produto de nicho com um preço muito alto. A conversão direta do preço chinês já nos leva a um território proibitivo para a maioria. E aí entram as incógnitas do mercado brasileiro: impostos de importação (que podem superar 60% do valor do produto), margem de distribuidores, custos de logística e a flutuação do dólar.

É frustrante, mas é a nossa realidade. Muitas vezes, produtos inovadores como esse ou chegam com um atraso considerável, ou chegam com um preço tão inflado que perdem completamente o apelo. A pergunta que fica é: a Thunderobot tem planos de estabelecer uma parceria com algum distribuidor oficial por aqui? Ou os interessados terão que recorrer a importadoras paralelas, abrindo mão da garantia internacional?

A empresa anunciou que trará configurações mais acessíveis com RTX 5070 Ti e 5080. Essas podem ser as variantes com maior chance de sucesso comercial, oferecendo uma performance excelente por um custo (teoricamente) menor. Para o jogador que busca um PC compacto e potente, mas não necessariamente o absoluto topo de linha, uma RTX 5080 mobile dentro de um NUC já seria um sonho realizado. A concorrência com o ASUS ROG NUC nesse segmento de preço médio-alto será acirrada e, quem sabe, benéfica para o consumidor.

O Design e a Integração no Setup

Olhando as imagens, o design do Mix G2 parece seguir uma linha mais sóbria e angular do que o estilo "gamer" agressivo com muitas RGBs que algumas marcas adotam. Isso é, na minha opinião, um acerto. Um PC que vai ficar em cima da mesa, muitas vezes ao lado de monitores caros e periféricos de design clean, precisa ter uma estética que não polua visualmente o ambiente.

As fotos mostram um chassi predominantemente preto, com algumas entradas de ar estrategicamente posicionadas e, aparentemente, uma faixa de iluminação RGB sutil na frente. É um visual que pode se encaixar tanto em um setup gamer quanto em um home office mais sério. A construção em metal, comum nesse tipo de produto, ajuda na dissipação de calor e passa uma sensação de robustez.

E aí surge outra questão prática: a noise. Dois ventiladores de alta pressão tentando resfriar componentes de mais de 300W de TDP combinado... o barulho será inevitável sob carga. A questão é se ele será um ruído constante e irritante de motorzinho, ou um sopro mais grave e tolerável. Em mini PCs, o perfil acústico é tão importante quanto o térmico. Ninguém quer o som de um jato decolando ao lado enquanto tenta se concentrar em um jogo ou em uma reunião.

O que você acha? Vale a pena pagar um prêmio por uma máquina supercompacta que rivaliza com desktops tradicionais, ou os trade-offs em resfriamento, upgradeability e preço ainda são grandes demais? A resposta pode variar muito de pessoa para pessoa, mas uma coisa é certa: a simples existência do Thunderobot Mix G2 empurra os limites do que consideramos possível, e isso, por si só, já é excitante para o futuro da computação compacta.

Com informações do: Adrenaline