Dan Trachtenberg, o diretor por trás de "Predador: Terras Selvagens", revelou recentemente seu desejo de ver o icônico caçador alienígena em um jogo de aventura ao estilo de "Uncharted" ou "Assassin's Creed". Em entrevista, o cineasta expressou sua paixão pela franquia e como acredita que o universo do Predador tem potencial para muito mais do que apenas filmes.

O apelo por um jogo de aventura do Predador

Trachtenberg não esconde seu entusiasmo quando fala sobre as possibilidades de um jogo do Predador. "Estou desesperado por isso", confessou o diretor, destacando como a natureza do personagem - um caçador que viaja por diferentes planetas e épocas - se encaixaria perfeitamente em um formato de jogo de aventura. A verdade é que faz todo o sentido quando você para para pensar: o Predador é essencialmente um explorador intergaláctico em busca dos troféus mais desafiadores.

O que me fascina nessa ideia é como ela poderia expandir o mito do Predador de maneiras que os filmes nunca conseguiram. Imagine controlar um Yautja (o nome da espécie do Predador) enquanto ele escala templos antigos em mundos distantes, caça criaturas exóticas e enfrenta civilizações alienígenas. Seria basicamente o jogo que "Predator: Hunting Grounds" prometeu ser, mas nunca entregou completamente.

O legado dos jogos do Predador

O último jogo significativo do Predador em moldes similares foi "Predator: Concrete Jungle", lançado para PlayStation 2 em 2005. Aquele título tentou algo ambicioso para a época - uma narrativa não-linear onde você jogava como um Predador exilado retornando à Terra. Tinha seus méritos, mas também limitações técnicas evidentes.

Desde então, tivemos algumas tentativas como o assimétrico "Predator: Hunting Grounds" em 2020, que apesar de divertido, não capturou a grandiosidade que um jogo single-player poderia oferecer. E é justamente essa lacuna que Trachtenberg parece identificar - a necessidade de uma experiência cinematográfica e imersiva que coloque o jogador diretamente na armadura do caçador supremo.

Por que agora seria o momento perfeito

Com o sucesso de "Predador: Terras Selvagens" revitalizando o interesse pela franquia, e a tecnologia dos games atual permitindo mundos abertos detalhados e mecânicas de parkour sofisticadas, o timing nunca foi melhor. Studios como Insomniac (que fez um trabalho brilhante com Homem-Aranha) ou a própria Naughty Dog teriam as ferramentas e expertise para criar essa experiência.

Pense nas possibilidades: usar a tecnologia de invisibilidade para se infiltrar em bases militares, escalar estruturas gigantescas com as garras retráteis, e é claro, aquela visão térmica que se tornou tão icônica. As mecânicas de combate poderiam misturar elementos de stealth, ação e até mesmo RPG, com o jogador melhorando seu equipamento após cada caçada bem-sucedida.

O que me surpreende é que ainda não temos um jogo assim. A franquia Alien conseguiu seu "Alien: Isolation", uma masterpiece do horror de sobrevivência. O Predador merece seu equivalente no gênero de ação-aventura. Talvez o entusiasmo público em resposta às declarações de Trachtenberg possa convencer alguma publisher a investir nessa ideia.

E quando falamos sobre mecânicas de jogo, as possibilidades são realmente infinitas. Imagine um sistema onde cada troféu coletado não é apenas um item, mas uma peça de lore que expande a cultura Yautja. Caçar um Xenomor em LV-426 seria uma coisa, mas enfrentar criaturas completamente originais em planetas nunca vistos - isso sim seria épico. O universo do Predador sempre teve essa riqueza mitológica que os jogos anteriores apenas arranharam superficialmente.

O que mais me entusiasma nessa proposta é a perspectiva narrativa. Em vez de sempre sermos os humanos tentando sobreviver, finalmente poderíamos experimentar a história do outro lado. E não seria apenas sobre violência - poderia explorar a honra, o código de conduta, e até mesmo as complexidades sociais dentro da sociedade Predador. Afinal, esses seres não são simplesmente monstros sanguinários; têm hierarquia, rituais e uma filosofia de caça fascinante.

Desafios de desenvolvimento e oportunidades únicas

Criar um jogo desse calibre não seria simples, claro. Um dos maiores desafios seria equilibrar o poder do personagem - afinal, o Predador é extremamente letal, o que poderia tornar o jogo muito fácil se não for bem dosado. A solução? Talvez um sistema onde inimigos mais avançados tecnologicamente possam detectar sua invisibilidade, ou criaturas nativas com sentidos aguçados que neutralizem suas vantagens. Ou quem sabe missões onde você precisa capturar presas vivas, adicionando uma camada extra de dificuldade.

E pensando na progressão do jogo, seria interessante ver uma árvore de habilidades baseada nas diferentes tribos Yautja que conhecemos ao longo dos filmes. Talvez começar como um Sangrento jovem e, através de suas conquistas, ganhar acesso a equipamentos de Clãs Mais Elevados ou até mesmo Bad Bloods. A customização da armadura, das máscaras e das armas poderia ser tão profunda quanto nos melhores RPGs atuais.

O momento atual da indústria e oportunidades

Com o sucesso de jogos como "God of War" e "Star Wars Jedi: Fallen Order" mostrando que franquias estabelecidas podem se reinventar em novos gêneros, o timing realmente parece perfeito. A indústria está mais aberta a experiências single-player ambiciosas do que há alguns anos, especialmente quando vemos o sucesso comercial e crítico de títulos narrativos.

Além disso, o ressurgimento do interesse por jogos assimétricos como "Dead by Daylight" prova que há um apetite por experiências multiplayer únicas - então por que não incluir um modo online onde jogadores podem caçar uns aos outros em arenas elaboradas? Seria uma evolução natural do que "Predator: Hunting Grounds" tentou fazer, mas com um motor gráfico mais moderno e mecânicas mais polidas.

O que me deixa particularmente otimista é ver um diretor de cinema tão envolvido com a franquia demonstrando esse entusiasmo pelos games. Normalmente é o contrário - desenvolvedores de jogos que querem fazer filmes. Talvez essa paixão genuína de Trachtenberg possa inspirar algum estúdio a pegar essa ideia e correr com ela. Afinal, foi sua visão que revitalizou a franquia nos cinemas com "Terras Selvagens" - quem sabe não possa fazer o mesmo nos games?

E considerando como a Disney tem lidado com suas propriedades da Fox desde a aquisição, um jogo de alta qualidade do Predador poderia ser exatamente o tipo de projeto que justificaria o investimento. A franquia tem reconhecimento global, uma base de fãs dedicada e, mais importante, um conceito que se traduz perfeitamente para a interatividade dos videogames.

Enquanto isso, nós fãs podemos continuar sonhando - e talvez fazendo algum barulho nas redes sociais para mostrar que há interesse real nessa proposta. Porque honestamente, depois de jogar títulos como "Monster Hunter World" e imaginar como seria caçar criaturas com a tecnologia e estilo do Predador... bem, fica difícil não ficar ansioso pela possibilidade.

Com informações do: IGN Brasil