Finalmente temos uma data para um dos RPGs mais ambiciosos já anunciados. Where Winds Meet, desenvolvido pela Everstone Studio, promete revolucionar o gênero de mundo aberto com uma escala impressionante e um sistema de combate baseado em artes marciais tradicionais chinesas. O jogo, que já está disponível na China, chegará ao Ocidente em novembro de 2025 para PS5 e PC.
Um mundo vivo com milhares de personagens únicos
O que realmente diferencia Where Winds Meet é sua abordagem ambiciosa para criar um mundo verdadeiramente vivo. A promessa de 10 mil NPCs não é apenas um número impressionante - cada personagem teria sua própria rotina, história e personalidade. Imagine caminhar por uma cidade onde cada habitante tem sua própria vida, objetivos e interações únicas.
Na minha experiência com RPGs, sempre notei como mundos abertos podem parecer… bem, vazios. Personagens que existem apenas para dar missões ou vender itens. Where Winds Meet parece querer quebrar esse padrão, criando um ecossistema social complexo onde suas ações realmente impactam o mundo ao seu redor.
Artes marciais como você nunca viu em um RPG
O combate em Where Winds Meet não é apenas outro sistema de luta genérico. Desenvolvido com base nas tradicionais artes marciais chinesas, o jogo promete uma profundidade técnica rara nos RPGs ocidentais. Não se trata apenas de apertar botões, mas de dominar estilos diferentes, entender timing e posicionamento.
O que mais me intriga é como o sistema de combate se integra com a narrativa e exploração. Em muitos RPGs, a luta é separada do resto da experiência - aqui, parece ser parte orgânica do mundo e da progressão do personagem.
O longo caminho até o Ocidente
É curioso como Where Winds Meet permaneceu praticamente um mistério para o público ocidental, mesmo estando disponível na China. Essa lacuna entre lançamentos regionais sempre me fez pensar sobre como o mercado de games ainda é fragmentado geograficamente.
A Everstone Studio claramente investiu anos no desenvolvimento deste projeto ambicioso. Resta saber se a complexidade técnica do jogo - especialmente a inteligência artificial necessária para gerenciar 10 mil NPCs - funcionará tão bem na prática quanto soa no papel.
O fato de ser lançado para PS5 e PC simultaneamente sugere que os desenvolvedores estão mirando no público global desde o início. Será interessante ver como elementos da cultura e história chinesa serão apresentados para jogadores não familiarizados com esse contexto.
Exploração além do óbvio: o que esperar do mundo aberto
Quando falamos de um mapa que abrange desde as vastas planícies do norte até as regiões montanhosas do sul da China, a sensação de descoberta parece ser central em Where Winds Meet. Mas será que tamanha escala se traduz em conteúdo significativo? Em muitos RPGs, mapas grandes acabam se tornando terrenos vazios preenchidos com atividades repetitivas - coletar 10 flores, caçar 5 lobos, você conhece a rotina.
Pelo que pude observar em materiais de divulgação, os desenvolvedores parecem estar tentando algo diferente. A exploração não seria apenas sobre chegar a pontos no mapa, mas sobre descobrir histórias emergentes. Encontrar um mestre de artes marciais escondido nas montanhas não seria marcado no mapa, mas sim resultado de conversas com NPCs ou da observação atenta do ambiente.

E falando em ambiente, os elementos dinâmicos do mundo parecem promissores. Clima que afeta não apenas a visibilidade, mas também o comportamento dos NPCs e até as opções de combate. Um sistema de dia e noite onde diferentes atividades e personagens surgem dependendo do horário. São detalhes que, se bem implementados, podem transformar a exploração de uma obrigação em uma experiência genuinamente gratificante.
A complexidade técnica por trás dos 10 mil NPCs
Vamos ser realistas: prometer 10 mil personagens com rotinas individuais soa ambicioso demais até para estúdios triple-A. Como a Everstone Studio, relativamente nova no mercado, pretende entregar isso? A resposta parece estar em sistemas de IA generativa que criam comportamentos baseados em regras rather than scripts pré-definidos.
Em vez de cada NPC ter diálogos e rotinas completamente únicas, o jogo usaria um sistema de 'personalidades base' combinado com algoritmos que geram variações. Imagine que cada personagem tenha um conjunto de traços de personalidade, profissão, relações familiares e objetivos. O sistema então combinaria esses elementos para criar comportamentos que parecem únicos, mas são na verdade combinações inteligentes de elementos pré-existentes.
É uma abordagem fascinante, mas que traz seus próprios desafios. Como evitar que, após algumas horas, o jogador perceba os padrões por trás da aleatoriedade? Como garantir que essas interações não se tornem repetitivas? São questões técnicas complexas que podem fazer ou quebrar a experiência prometida.

Artes marciais como sistema de progressão
O que mais me chama atenção no sistema de combate é como ele parece integrar-se com a progressão do personagem. Em muitos RPGs, você simplesmente desbloqueia habilidades novas ao subir de nível. Aqui, a impressão é que o aprendizado acontece de forma mais orgânica - encontrando mestres, desvendando manuscritos antigos, ou até mesmo observando e imitando outros lutadores.
Diferentes estilos de artes marciais não seriam apenas conjuntos de movimentos, mas abordagens completas ao combate. Alguns focados em defesa e contra-ataques, outros em agressividade e pressão, alguns priorizando mobilidade e esquivas. A verdadeira maestria estaria em não apenas aprender múltiplos estilos, mas saber quando aplicar cada um conforme a situação.
E não se trata apenas de lutar. As artes marciais parecem estar integradas à exploração - usando habilidades para escalar terrenos inacessíveis, cruzar abismos, ou até mesmo impressionar NPCs específicos que poderiam se tornar aliados ou professores. É essa integração entre sistemas que pode elevar Where Winds Meet acima de RPGs mais convencionais.
O desafio cultural: traduzir a China antiga para o público global
Um aspecto que me deixa particularmente curioso é como o jogo apresentará elementos da cultura e história chinesa para jogadores ocidentais. Não se trata apenas de traduzir texto, mas de contextualizar conceitos, valores e tradições que podem ser completamente estranhos para muita gente.
Como explicar a importância de conceitos como 'Qi' ou 'Meridianos' sem cair em explicações didáticas que quebram a imersão? Como apresentar a complexa hierarquia social da China antiga de forma que faça sentido para jogadores acostumados com estruturas feudais europeias? São desafios narrativos significativos.
Os desenvolvedores mencionaram que o jogo se passa durante a Dinastia Song, um período de grande florescimento cultural e tecnológico na China. Como essa riqueza histórica será utilizada além de como pano de fundo? Teremos missões envolvendo a invenção da pólvora, o desenvolvimento da impressão, ou as complexidades do comércio na Rota da Seda?

E talvez o mais interessante: como as escolhas do jogador dialogarão com valores culturais diferentes? Em muitos RPGs ocidentais, temos uma dicotomia bastante clara entre 'bom' e 'mau'. Mas e se as escolhas morais fossem mais sobre honra familiar versus ambição pessoal, ou dever para com o império versus lealdade regional? São nuances que poderiam diferenciar profundamente a experiência narrativa.
A Everstone Studio certamente tem ambição de sobra. Resta saber se a execução acompanhará a escala da visão. Com lançamento marcado para novembro de 2025, ainda temos um longo caminho até descobrir se Where Winds Meet será realmente a revolução que promete, ou mais um projeto que mordeu mais do que podia mastigar.
Com informações do: IGN Brasil