O dilema das telas de loading nos jogos da Bethesda
Se você já mergulhou nos mundos de Skyrim, Starfield ou até mesmo no recente Oblivion Remastered, sabe que há uma constante: aquelas telas de loading que parecem interromper a imersão a cada porta fechada. E, segundo um ex-desenvolvedor da Bethesda, essa característica não vai mudar tão cedo.
Bruce Nesmith, que trabalhou como designer em Skyrim, revelou em entrevista ao Videogamer que essas telas de carregamento não são uma escolha arbitrária, mas sim uma necessidade técnica intrínseca aos jogos da empresa. "Todo mundo que reclama assume que é preguiça nossa ou resistência às tendências modernas", disse Nesmith. "Mas a verdade é que nossos jogos são simplesmente muito detalhados."
O desafio técnico por trás dos mundos da Bethesda
O que torna os jogos da Bethesda diferentes? A resposta está na maneira como eles lidam com objetos e persistência de itens. Enquanto muitos jogos "resetam" áreas quando você as deixa, os títulos da Bethesda mantêm cada copo, livro ou espada exatamente onde você os deixou - mesmo que volte dias depois no jogo.
"Não é que ninguém da Bethesda nunca quis fazer [tirar os loadings]. Nós só não tínhamos escolha, sério... Os jogos da Bethesda são tão detalhados e intensivos graficamente, você não pode ter ambos ao mesmo tempo"
Essa filosofia de design cria um paradoxo técnico. Por um lado, oferece uma liberdade e imersão sem igual. Por outro, exige que o jogo "recarregue" completamente o ambiente cada vez que você entra em um espaço interior, resultando naquelas telas de loading que muitos jogadores acham antiquadas.
O futuro dos loadings na era dos SSDs
Com a chegada dos SSDs ultra-rápidos nos novos consoles e PCs, muitos esperavam que os jogos da Bethesda finalmente eliminassem as telas de loading. Mas Starfield provou que a questão vai além do simples armazenamento rápido. Mesmo rodando em hardware de última geração, o jogo mantém a mesma abordagem.
Será que a Bethesda poderia repensar seu motor gráfico para se adaptar às novas tecnologias? Ou será que essa persistência de mundo é tão fundamental para a identidade de seus jogos que vale a pena manter o "custo" das telas de loading? A discussão está aberta, e a resposta pode definir o futuro dos RPGs da empresa.
Como outros estúdios resolvem esse problema?
Enquanto a Bethesda mantém sua abordagem, vale observar como outros RPGs de mundo aberto lidam com o desafio dos loadings. Jogos como The Witcher 3 e Red Dead Redemption 2 usam técnicas como streaming de dados e pré-carregamento de áreas adjacentes para minimizar as interrupções. Mas há um trade-off: esses jogos frequentemente "limpam" áreas que o jogador não está mais visitando, perdendo parte da persistência que define os títulos da Bethesda.
Curiosamente, até mesmo a CD Projekt Red enfrentou críticas por seus longos loadings iniciais em Cyberpunk 2077. A diferença? Uma vez no jogo, as transições entre áreas internas e externas são quase imperceptíveis. Isso mostra que cada estúdio prioriza aspectos diferentes do design - e os jogadores nem sempre concordam com essas escolhas.
O impacto na experiência do jogador
Você já parou para pensar como essas telas de loading afetam sua imersão? Para alguns jogadores, elas funcionam quase como um "respiro" entre as intensas sessões de exploração. Para outros, são um obstáculo irritante que quebra o ritmo do jogo. Um estudo informal no fórum da Bethesda revelou que:
43% dos jogadores usam o tempo de loading para verificar o celular
28% planejam seus próximos passos no jogo
19% simplesmente esperam impacientemente
10% apreciam as dicas e arte conceitual exibidas
Esses dados sugerem que, embora as telas de loading sejam tecnicamente necessárias, a Bethesda poderia explorar formas mais criativas de preencher esse tempo morto. Alguns jogadores até sugeriram minijogos simples ou sistemas de inventário acessíveis durante o carregamento - ideias que outros títulos já implementaram com sucesso.
O dilema da próxima geração
Com o próximo The Elder Scrolls VI no horizonte, a pressão por uma solução moderna só aumenta. Engenheiros da indústria especulam que a Bethesda poderia adotar uma abordagem híbrida - mantendo a persistência de objetos em áreas-chave enquanto permite transições mais suaves entre zonas menos importantes.
"O Creation Engine 2, usado em Starfield, já mostra avanços na renderização procedural e gerenciamento de memória. Mas reescrever completamente o sistema de persistência seria como reconstruir um avião em pleno voo - possível, mas arriscado"
Enquanto isso, modders da comunidade já demonstraram soluções criativas. Um mod popular para Skyrim Special Edition reduz significativamente os tempos de loading através de técnicas de compressão de textura e pré-carregamento inteligente. Mas mesmo essas soluções têm limites quando confrontadas com a complexidade dos sistemas originais da Bethesda.
Com informações do: FlowGames