O que há de novo no Veo 3?
O Google apresentou durante o I/O 2025 seu mais avançado modelo de geração de vídeos com inteligência artificial. O Veo 3 representa um salto significativo na criação audiovisual generativa, sendo capaz de produzir não apenas imagens em movimento, mas também trilhas sonoras completas - incluindo diálogos, efeitos sonoros e ambientação.
Diferente de ferramentas anteriores que geravam vídeos mudos, o Veo 3 entende a relação entre pixels e som. "Quando você descreve uma cena com ondas quebrando na praia, o modelo não só cria a imagem da água, mas também o som correspondente", explicou um representante do Google durante a demonstração.
Geração de vídeos com áudio sincronizado
Capacidade de criar diálogos com tons de voz específicos
Integração com o aplicativo Gemini para assinantes AI Ultra
Uso da tecnologia SynthID para marcar conteúdo gerado
Flow: o estúdio de edição simplificado
Enquanto o Veo 3 foca na criação, o Flow surge como uma solução para montagem e edição. A ferramenta permite costurar múltiplos clipes curtos (de até 8 segundos) em sequências mais longas, tudo controlado por comandos textuais.
O recurso scenebuilder chamou atenção por permitir transições complexas entre cenas. Em uma demonstração, o vídeo começava com um close em uma televisão, revelava progressivamente o ambiente ao redor e então fazia uma transição suave para uma cena externa - tudo gerado automaticamente a partir de uma única descrição textual.
E as atualizações para modelos existentes?
O Google não esqueceu dos usuários de versões anteriores. O Veo 2 recebeu capacidades de edição mais avançadas, incluindo:
Adição e remoção de objetos em vídeos existentes
Reconhecimento de movimentos de câmera (zoom, panorâmica)
Conversão entre formatos (retrato para paisagem)
Já o Imagen 4, novo modelo de geração de imagens estáticas, superou uma limitação irritante dos seus predecessores: finalmente é capaz de gerar textos legíveis dentro das imagens, seja em placas, livros ou qualquer outro elemento gráfico.
Vale lembrar que essas ferramentas estão disponíveis apenas nos planos pagos do Google - o AI Pro (100 gerações mensais) e o AI Ultra (US$ 249,99/mês), que dá acesso antecipado ao Veo 3. No momento, o Flow está restrito aos Estados Unidos.
Leia mais:
Desafios e limitações da nova geração de IA
Apesar dos avanços impressionantes, o Veo 3 ainda apresenta algumas limitações curiosas. Durante os testes iniciais, observou-se que o modelo às vezes confunde perspectivas em cenas complexas - como tentar mostrar simultaneamente o interior e exterior de um prédio sem transição clara. "É como se a IA entendesse cada elemento individualmente, mas ainda tivesse dificuldade em compô-los em uma narrativa visual coerente", comentou um beta tester anônimo.
Outro ponto sensível é a geração de mãos e dedos em movimento, um desafio histórico para sistemas de IA. Embora o Veo 3 tenha mostrado melhorias significativas em relação à versão anterior, ainda há situações onde os gestos parecem um tanto artificiais ou com articulações impossíveis.
O ecossistema de criação com IA do Google
O que realmente diferencia a abordagem do Google é a integração entre suas diversas ferramentas de IA. O Veo 3 não opera isoladamente - ele se conecta diretamente com:
Gemini para refinamento de prompts e contextualização
Google Photos para usar imagens pessoais como referência
YouTube para análise de estilos e formatos virais
AdSense para sugerir formatos com melhor desempenho comercial
Essa interoperabilidade permite, por exemplo, que um usuário peça ao Gemini para "criar um vídeo no estilo dos meus posts mais populares no YouTube, mas com tema de viagem". O sistema então analisa o histórico do canal, identifica padrões de edição que engajaram a audiência e aplica essas características ao novo conteúdo gerado pelo Veo 3.
Impacto no mercado criativo
Profissionais da indústria audiovisual têm reações mistas às novidades. Enquanto alguns veem o Flow como uma ferramenta democratizante que reduz barreiras técnicas, outros expressam preocupação com a desvalorização de habilidades tradicionais de edição.
"O que levamos anos para dominar - ritmo, transição, linguagem cinematográfica - agora pode ser replicado com alguns comandos de texto", lamenta uma editora de vídeos com 15 anos de experiência. Por outro lado, diretores de conteúdo digital enxergam oportunidades: "Podemos focar na narrativa e conceito criativo, delegando a execução técnica à IA", argumenta um produtor de conteúdo para redes sociais.
O Google afirma estar desenvolvendo programas de certificação para "editores de IA", reconhecendo que mesmo com automação avançada, a curadoria humana continuará essencial para resultados de alta qualidade. A empresa também prometeu ferramentas adicionais para proteger o estilo visual único de criadores, impedindo que sejam replicados sem permissão.
O futuro da geração de vídeos
Os roadmaps vazados sugerem que o Google já trabalha em recursos ainda mais ambiciosos para o Veo 4, previsto para 2026. Entre as funcionalidades em desenvolvimento estão:
Geração de vídeos interativos onde o espectador pode alterar elementos em tempo real
Integração com realidade aumentada para projeção de cenários virtuais
Sistema de "aprendizado por referência" que analisa e replica estilos de diretores famosos
Capacidade de gerar sequências coerentes com até 10 minutos de duração
Enquanto isso, a equipe do Flow está focada em resolver um dos maiores pedidos dos usuários: suporte a colaboração em tempo real. A ideia é permitir que múltiplas pessoas editem o mesmo projeto simultaneamente, com a IA sugerindo compatibilidades entre diferentes trechos e estilos.
Para pequenos negócios, o Google prepara templates específicos baseados em dados de desempenho. Um restaurante, por exemplo, poderá gerar automaticamente vídeos promocionais otimizados para conversão, com estrutura, duração e elementos visuais comprovadamente eficazes para o setor.
Com informações do: Olhar Digital