O estúdio Ryu Ga Gotoku acaba de fazer o anúncio que os fãs da série Yakuza aguardavam há anos: Yakuza Kiwami 3 está oficialmente em desenvolvimento. Revelado durante o RGG Summit 2025, o remake do terceiro capítulo da franquia promete não apenas uma atualização visual completa, mas também uma expansão significativa da narrativa original através de um spin-off exclusivo chamado Dark Ties.

O que esperar do remake
Diferente do remaster HD que já está disponível nas plataformas modernas, Yakuza Kiwami 3 está sendo reconstruído do zero utilizando a Dragon Engine - a mesma tecnologia que impulsionou Yakuza 6 e os jogos mais recentes da série. Essa decisão técnica representa um salto qualitativo significativo em relação à versão original de 2009.
O que mais me impressiona é o compromisso da desenvolvedora em expandir a experiência além do esperado. Enquanto a aventura principal se passa principalmente em Kabukicho, Tóquio, os jogadores também poderão explorar a Prefeitura de Okinawa - uma localização que sempre teve um caráter especial dentro da mitologia da série.
E falando em expansões, a inclusão de dublagem em inglês e japonês mostra que a SEGA está mirando no público internacional de forma mais agressiva. Lembro que quando joguei o original, a experiência era profundamente enraizada na cultura japonesa, então é interessante ver como eles estão equilibrando autenticidade com acessibilidade.
Dark Ties: uma perspectiva única
O spin-off Dark Ties pode ser a adição mais interessante deste pacote. Pela primeira vez na série, os jogadores assumirão o controle de Yoshitaka Mine, o antagonista principal de Yakuza 3. Essa abordagem me faz pensar em como a franquia evoluiu na construção de vilões complexos - não são mais figuras unidimensionais, mas personagens com motivações e histórias próprias.

Ter a oportunidade de experienciar a narrativa principal através dos olhos do vilão é algo que poucos jogos ousam fazer. E considerando que Mine é um dos antagonistas mais memoráveis da série, essa perspectiva adicional pode revelar camadas de profundidade que passaram despercebidas na versão original.
Mudanças na produção e controvérsias
As alterações no elenco vocal trazem tanto entusiasmo quanto preocupação. A substituição do modelo e dublador do antagonista Go Hamazaki por Teruyuki Kagawa gerou debates acalorados na comunidade. O ator foi envolvido em um escândalo de assédio sexual em 2019, fato que ele próprio admitiu publicamente.
Essa decisão de casting levanta questões interessantes sobre como as produtoras lidam com figuras públicas controversas. Por um lado, há o aspecto artístico - Kagawa é um ator talentoso. Por outro, existe a responsabilidade social da empresa em considerar o histórico de seus colaboradores.
Na outra ponta, a adição de Show Kasamatsu (de Tokyo Vice) como a nova voz de Rikiya Shimabukuro parece uma escolha inspirada. Shimabukuro sempre foi um dos personagens de apoio mais carismáticos do jogo, então ver um ator do calibre de Kasamatsu dando vida a ele é promissor.
Com lançamento marcado para 12 de fevereiro de 2026, Yakuza Kiwami 3 chegará para PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e PC via Steam. A possibilidade de ser o primeiro título inédito da franquia no Switch 2 também abre perspectivas interessantes para a expansão do público.
Fonte: VGC
O legado de Yakuza 3 e sua importância na franquia
Yakuza 3 sempre ocupou um lugar peculiar na série. Lançado originalmente em 2009, foi o primeiro título da franquia desenvolvido especificamente para PlayStation 3, marcando uma transição tecnológica significativa. Mas o que muitos podem não lembrar é que este foi também o jogo que quase não saiu do Japão - a SEGA inicialmente hesitou em localizá-lo para o mercado ocidental, preocupada com as diferenças culturais.
E essas diferenças eram realmente pronunciadas. Enquanto os capítulos anteriores se concentravam mais na ação urbana de Tóquio, Yakuza 3 nos apresentava ao orfanato Morning Glory em Okinawa. Essa mudança de ritmo foi, na minha experiência, tanto desconcertante quanto refrescante. De repente, Kazuma Kiryu não era apenas um ex-yakuza tentando sobreviver - ele era uma figura paterna tentando construir algo significativo.
O contraste entre a violência das ruas de Kamurocho e a serenidade de Okinawa criava uma dicotomia narrativa fascinante. Lembro-me de passar horas simplesmente pescando com as crianças ou participando de atividades no orfanato, algo que à primeira vista parecia desconexo do resto do jogo, mas que na realidade acrescentava camadas emocionais profundas à jornada de Kiryu.
As mecânicas de jogo que precisam de atualização
Vamos ser honestos: Yakuza 3 envelheceu de forma desigual em termos de jogabilidade. O sistema de combate, especialmente quando comparado aos títulos mais recentes, sentia-se rígido e menos fluido. Os inimigos bloqueavam com uma frequência exasperante, tornando algumas batalhas mais frustrantes do que desafiadoras.
Mas eis a questão interessante: como a Dragon Engine vai abordar essas mecânicas? Será que manterão a essência do combate original enquanto modernizam a fluidez? Ou farão uma revisão mais profunda, similar à transformação que vimos entre Yakuza Kiwami e Kiwami 2?
Outro aspecto que merece atenção são as atividades secundárias. Yakuza 3 introduziu o campo de golfe e expandiu significativamente as opções de entretenimento beyond the main story. No Kiwami 3, imagino que veremos não apenas essas atividades retornando, mas provavelmente expandidas com novos minijogos e interações. A pesca, por exemplo, poderia se beneficiar enormemente dos avanços técnicos da nova engine.
O impacto narrativo da perspectiva do vilão
A decisão de incluir o spin-off Dark Ties não é apenas uma adição de conteúdo - é uma declaração artística. A franquia Yakuza vem gradualmente explorando a complexidade moral de seus personagens, mas focar especificamente na perspectiva de Yoshitaka Mine representa um passo ousado.
Mine não é um vilão convencional. Sua motivação gira em torno da lealdade e da preservação do legado de Yoshitaka Mine, o patriarca do clã Tojo que o acolheu. Essa profundidade psicológica sempre esteve presente no personagem, mas era principalmente inferida através de suas ações na narrativa principal. Agora, teremos a oportunidade de vivenciar diretamente seu ponto de vista.
Isso me faz pensar em como outros antagonistas da série poderiam receber tratamento similar no futuro. Será que veremos um spin-off focado em Ryuji Goda de Yakuza 2? Ou talvez uma exploração mais profunda de Masato Arakawa de Yakuza: Like a Dragon? A abordagem do Dark Ties pode estabelecer um precedente importante para a franquia.
As implicações para o futuro da franquia
O anúncio do Kiwami 3 levanta questões interessantes sobre o roadmap da Ryu Ga Gotoku Studio. Com Yakuza 8 já confirmado e agora este remake, fica claro que a produtora está adotando uma estratégia dual: enquanto avança a narrativa principal com novos protagonistas, também preserva e moderniza o legado da era Kiryu.
O que me surpreende é o timing. Muitos assumiam que o estúdio focaria exclusivamente em títulos novos após o sucesso de Like a Dragon. Essa decisão de retornar aos remakes sugere que há uma demanda significativa tanto dos fãs antigos quanto dos novos jogadores que descobriram a franquia recentemente.
E falando em novos jogadores, a acessibilidade torna-se um ponto crucial. Yakuza 3 é notoriamente um dos capítulos mais difíceis de recomendar para iniciantes devido às suas mecânicas desatualizadas e ao pacing narrativo peculiar. O Kiwami 3 tem o potencial de resolver essas barreiras de entrada, tornando a experiência mais palatável para quem está chegando agora à série.
O aspecto técnico também merece atenção. A Dragon Engine provou ser versátil o suficiente para recriar ambientes detalhados enquanto mantém a fluidez do gameplay. Como ela lidará com os cenários mais abertos de Okinawa? E com as transições entre as diferentes localizações? São questões técnicas que podem influenciar não apenas este remake, mas futuros projetos do estúdio.
Outro ponto que poucos estão discutindo: o impacto nas mídias relacionadas. Com o sucesso da adaptação live-action da série, não seria surpreendente ver elementos do Kiwami 3 influenciando futuras temporadas ou mesmo filmes derivados. A narrativa expandida através do Dark Ties oferece material rico para adaptações.
Com informações do: Adrenaline