RPG italiano traz adolescentes com poderes monstruosos em busca de redenção
O universo dos RPGs de mesa ganhou uma nova joia sombria em 2024 com o lançamento de Vileborn, criação do designer italiano Claudio Pustorino publicada pela Horrible Guild. O jogo mergulha os jogadores em um mundo onde adolescentes carregam sangue monstruoso e habilidades sobrenaturais, enfrentando não apenas ameaças externas, mas também suas próprias naturezas corrompidas.
O que torna Vileborn particularmente interessante é sua abordagem "nobledark" - um subgênero que combina elementos sombrios e pessimistas com lampejos de esperança e redenção. Os personagens não são heróis tradicionais, mas figuras complexas lutando contra seus destinos enquanto tentam fazer o bem em um mundo cruel.
Financiamento coletivo chega ao Brasil em 2025
A Capycat Games anunciou que trará o RPG para o mercado brasileiro através de uma campanha de financiamento coletivo programada para julho de 2025. Esta será uma oportunidade para os fãs nacionais garantirem suas cópias físicas do jogo e possíveis recompensas exclusivas.
O sistema de jogo promete:
Criação de personagens profundos com dilemas morais
Mecânicas que refletem a luta entre humanidade e monstro
Narrativas pessoais impactantes
Ambientação rica em detalhes sombrios
Para quem já conhece o trabalho de Pustorino ou da Horrible Guild (responsáveis por títulos como Honey Buzz e The King's Dilemma), Vileborn representa uma mudança de tom significativa, explorando territórios mais maduros e psicológicos.
O sistema de jogo que reflete a dualidade interior
O coração mecânico de Vileborn gira em torno da tensão constante entre a humanidade e a monstruosidade. Cada personagem possui dois conjuntos de habilidades - uma representando seu lado humano e outra seu lado vil. Mas aqui está o dilema: quanto mais você usa seus poderes monstruosos para proteger os outros, mais arrisca perder sua humanidade.
Em uma jogatina teste, pude experimentar como o sistema cria situações angustiantes. Você pode facilmente derrotar um grupo de bandidos usando seus poderes sombrios, mas a cada uso, seu personagem fica mais próximo de se tornar o que jurou combater. É uma espiral descendente que lembra jogos como Vampiro: A Máscara, mas com uma abordagem mais visceral e pessoal.
Inspirações literárias e cinematográficas
Pustorino não esconde suas influências ao descrever Vileborn. A obra bebe diretamente de fontes como:
As histórias de Berserk de Kentaro Miura
A trilogia A Primeira Lei de Joe Abercrombie
O filme A Bruxa (2015) de Robert Eggers
A série de jogos Dark Souls em sua abordagem de mundo
Mas o que surpreende é como o jogo consegue sintetizar essas referências em algo original. A ambientação de Vileborn - um mundo pós-apocalíptico medieval onde a magia corrompe tanto quanto cura - tem personalidade própria. As ilustrações do livro, aliás, são um espetáculo à parte, misturando arte gótica com elementos body horror que remetem a Zdzisław Beksiński.
Preparando o terreno para mestres e jogadores
Para quem pretende narrar Vileborn, o livro oferece ferramentas impressionantes. Há tabelas detalhadas para gerar:
Vilas assombradas por segredos inconfessáveis
NPCs com agendas ocultas e moralidade questionável
Eventos aleatórios que testam a sanidade dos personagens
Arcos de redenção (ou queda) personalizados
Um aspecto que chamou atenção foi o sistema de 'Legado'. No final de cada campanha, os jogadores decidem coletivamente que marca seus personagens deixarão no mundo. Essas decisões podem afetar futuras campanhas no mesmo cenário, criando uma sensação de continuidade rara em RPGs do gênero.
E para os jogadores? Preparem-se para dilemas que vão além do combate. Em uma sessão que participei, nosso grupo passou mais tempo debatendo se deveríamos sacrificar uma vila inteira para conter a propagação de uma praga sobrenatural do que lutando contra monstros. São esses momentos que definem a experiência de Vileborn.
Com informações do: IGN Brasil