Ram ressurge com Dakota para competir no segmento de picapes médias

De Campo Largo, no Paraná, para Córdoba, na Argentina. A Ram está trazendo de volta o nome Dakota, que pertencia à picape Dodge que foi produzida nacionalmente entre 1998 e 2001, para sua nova picape média exclusiva para a América Latina. Baseada na Fiat Titano, a nova Dakota surge inicialmente como um "show car", mas já apresenta evoluções que a versão Fiat não terá tão cedo. O conceito, apresentado em evento nesta quarta-feira (13), recebeu o nome de Nightfall.

Ram DAKOTA 2026

Design diferenciado e exclusivo

Enquanto a Titano foi uma adaptação simples do projeto da Peugeot Landtrek (que não chegou ao Brasil e já saiu de linha), a nova picape da Ram apresenta dianteira exclusiva.

Seus faróis são mais estreitos e full-led, com assinatura luminosa integrada por uma barra sob o capô. Os faróis de neblina também são de led. A grade, com um enorme "RAM" estampado na altura dos faróis, e o para-choque também são exclusivos.

Nova Ram Dakota Nightfall Concept

Nas laterais, as mudanças são mais sutis - até as grandes maçanetas da Fiat Titano foram mantidas. As rodas com beadlocks e pneus mistos fazem parte da decoração deste modelo conceito, assim como o rack sobre a caçamba.

Ram DAKOTA 2026

Dimensões e mecânica

Assim como a Titano, a nova Ram será uma das maiores picapes médias do segmento, com cerca de 5,30 m de comprimento e 3,18 m de entre-eixos. A traseira se destaca pelas lanternas em led e pela tampa da caçamba com o grande logotipo "RAM" no centro.

Ram DAKOTA 2026

Internamente, a Dakota foi desenvolvida com base na Changan Hunter mais recente, versão evoluída da picape que serviu de base para a Titano. A cabine terá duas telas grandes para o painel de instrumentos e sistema multimídia. O freio de estacionamento eletrônico e freios a disco nas quatro rodas já estão presentes na Fiat Titano 2026.

Interior da Ram Dakota

Embora não haja confirmação sobre um motor a gasolina (como o Hurricane 2.0 turbo de 272 cv), a nova Ram deve contar com o 2.2 turbodiesel de 200 cv e 45,9 kgfm, combinado ao câmbio automático de oito marchas e tração integral (4WD). A Ram ainda não divulgou detalhes completos sobre a mecânica.

Posicionamento e lançamento

Com preços estimados acima dos R$ 233.990 a R$ 285.990 da Titano, a Ram Dakota mirará as versões mais equipadas da Chevrolet S10, Ford Ranger e Toyota Hilux. Apesar de compartilhar a plataforma com a Fiat, a Ram busca um posicionamento mais premium no mercado brasileiro.

Ram Dakota Nightfall Concept

Enquanto no Brasil a picape só chegará em 2026, na Argentina - onde será fabricada - o lançamento está previsto ainda para 2025.

Estratégia de mercado e diferenciais competitivos

A Ram está claramente mirando um nicho específico do mercado de picapes médias com a Dakota. Enquanto a Fiat Titano se posiciona como uma opção mais acessível, a Ram busca atrair compradores dispostos a pagar mais por um produto com maior apelo emocional e visual. Mas será que isso será suficiente para competir com as consagradas Hilux e Ranger?

Um dos principais trunfos da Dakota pode ser justamente sua herança de marca. A Ram já tem uma imagem forte no segmento de picapes pesadas com modelos como a 1500 e a 2500. Transferir parte desse DNA para o segmento médio pode ser uma jogada inteligente para conquistar fãs da marca que desejam um veículo menor, mas com a mesma personalidade.

Detalhes da grade dianteira da Ram Dakota

O que esperar da versão de produção

Embora apresentada como conceito, a Dakota Nightfall já dá pistas importantes sobre o que virá na versão de produção. Alguns elementos exagerados do show car provavelmente serão suavizados - como as rodas com beadlocks e os pneus mistos extremamente agressivos. Mas o design frontal diferenciado e os detalhes premium devem ser mantidos.

Fontes próximas ao projeto indicam que a versão de produção trará opções de acabamento que não estarão disponíveis na Titano, como bancos em couro premium com costura contrastante, acabamentos em alumínio escovado e possivelmente até um sistema de som premium de marca reconhecida. A Ram também estuda oferecer pacotes de personalização exclusivos, seguindo a estratégia bem-sucedida de suas picapes maiores.

Vista lateral da Ram Dakota conceito

Desafios para a chegada ao Brasil

Enquanto na Argentina a produção deve começar ainda em 2025, a chegada ao Brasil enfrenta alguns obstáculos. O principal deles é a questão tributária - como será importada da Argentina, a Dakota estará sujeita ao imposto de importação de 35%, o que pode colocar seu preço final em patamares bastante elevados.

Há rumores de que a Stellantis estuda alternativas para reduzir esse impacto, como a possibilidade de produção parcial no Brasil ou a inclusão da Dakota em algum regime especial de importação. Outro desafio será convencer o consumidor brasileiro a pagar mais por uma picape que compartilha plataforma com a Fiat Titano, mesmo oferecendo diferenciais significativos.

O mercado de picapes médias no Brasil está particularmente aquecido, com a Chevrolet S10 liderando as vendas, seguida pela Ford Ranger e pela Toyota Hilux. A Ram precisará de uma estratégia de marketing agressiva para se estabelecer nesse mercado altamente competitivo.

Possíveis versões futuras

Embora a Dakota inicial chegue com motorização diesel, há especulações sobre outras opções que podem ser oferecidas posteriormente. O motor Hurricane 2.0 turbo, já utilizado em outros modelos da Stellantis, seria uma opção interessante para atrair compradores que preferem motores a gasolina.

Também há rumores sobre uma possível versão esportiva RT, seguindo a tradição da antiga Dakota RT V8. Nesse caso, poderia receber o motor 3.6 V6 Pentastar com cerca de 305 cv, criando uma picape média com desempenho acima da média do segmento. Outra possibilidade é uma versão off-road mais radical, seguindo o conceito da Ram 1500 TRX.

A eletrificação também não está descartada nos planos de longo prazo. A Stellantis já anunciou investimentos pesados em veículos elétricos, e uma versão híbrida ou mesmo 100% elétrica da Dakota poderia ser desenvolvida para atender a mercados mais exigentes em termos de emissões.

Com informações do: Quatro Rodas