Falhas em processadores Ryzen 9000 preocupam usuários
Os problemas com placas-mãe ASRock e processadores Ryzen 9000 continuam gerando preocupação na comunidade de hardware. Mais de 100 casos de falhas já foram relatados, incluindo um incidente bastante visível envolvendo o canal Tech YES City, que teve seu Ryzen 9 9950X3D queimado durante testes.

Inicialmente, a ASRock negou qualquer relação com a tensão do SoC, sugerindo que incompatibilidades de memória poderiam ser as culpadas. Mas a situação tomou novos rumos quando representantes da empresa, durante a Computex, revelaram informações importantes sobre a real causa do problema.
A verdadeira causa: configurações agressivas do PBO
De acordo com as informações obtidas, o problema estaria relacionado às configurações do Precision Boost Overdrive (PBO), especificamente nos valores de EDC (design de corrente elétrica) e TDC (design de corrente térmica). Esses parâmetros controlam a amperagem máxima fornecida pela placa-mãe e a corrente permitida conforme a temperatura do componente.
O PBO é uma tecnologia da AMD que permite aos processadores Ryzen operarem além de suas especificações padrão de forma automatizada. Na prática, funciona como um overclock inteligente que ajusta frequência e voltagem conforme as condições de operação. O que parece ter acontecido é que as configurações padrão da ASRock para essas placas de médio e alto desempenho estavam excessivamente agressivas para alguns chips Ryzen 9000.
"Quando conversei com a equipe de placas-mãe da ASRock, eles me disseram que tinha a ver com o EDC e o TDC... Basicamente, eles estão dizendo que é um problema de amperagem que existe com as configurações de overdrive do Precision Boost."
— Tech YES City
A solução: atualização de BIOS
A ASRock desenvolveu uma atualização de BIOS que promete corrigir o problema, ajustando esses parâmetros para valores mais conservadores. Curiosamente, placas-mãe mais básicas como modelos A620 não seriam afetadas, justamente por terem configurações de PBO menos agressivas por padrão.

Embora a solução pareça simples - atualizar a BIOS - a situação levanta questões importantes sobre como as fabricantes estão testando e configurando seus produtos para os novos processadores. Vale lembrar que nem a ASRock nem a AMD emitiram comunicados oficiais sobre o assunto, deixando os usuários dependentes de informações de terceiros.
Para quem possui um sistema com essas configurações, a recomendação é verificar imediatamente se há atualizações de BIOS disponíveis para sua placa-mãe ASRock. Enquanto isso, a comunidade aguarda por mais transparência das empresas envolvidas.
Impacto no desempenho e estabilidade após a correção
A atualização do BIOS traz uma questão importante: como essas correções afetarão o desempenho dos processadores Ryzen 9000? Alguns usuários já relataram que, após aplicar a correção, notaram uma pequena redução nos benchmarks de single-thread, especialmente em aplicações que dependem de boosts de curta duração. Isso ocorre porque os valores de EDC e TDC mais conservativos limitam a capacidade do processador de atingir picos extremos de frequência.
Por outro lado, a estabilidade do sistema parece ter melhorado significativamente. Um membro do fórum Overclock.net compartilhou seus testes com um Ryzen 7 9700X: "Antes da atualização, tinha desligamentos aleatórios durante cargas de trabalho pesadas. Agora, depois de 72 horas de testes intensivos, zero problemas". Essa troca entre desempenho máximo e estabilidade é típica em situações como essa, mas levanta debates sobre até que ponto as fabricantes deveriam priorizar um overclock agressivo em detrimento da confiabilidade.

Como verificar e ajustar manualmente as configurações do PBO
Para usuários avançados que desejam mais controle, a ASRock incluiu na nova BIOS opções para ajuste manual dos parâmetros do PBO. Isso permite encontrar um equilíbrio personalizado entre desempenho e segurança. Os principais valores a serem observados são:
EDC (Electrical Design Current): Controla a corrente elétrica máxima
TDC (Thermal Design Current): Limita a corrente com base na temperatura
PPT (Package Power Tracking): Define o limite total de energia do pacote
Um técnico de uma loja especializada em hardware, que preferiu não se identificar, explicou: "Para a maioria dos usuários, deixar esses valores no 'Auto' após a atualização é o mais seguro. Mas se você quer extrair um pouco mais de desempenho, aumente gradualmente o EDC em passos de 5A, testando a estabilidade após cada ajuste."
"O interessante é que placas de outras fabricantes também têm valores de PBO diferentes. Comparando uma ASRock X670E Taichi com uma ASUS ROG Crosshair, a diferença no EDC padrão chega a 20A. Isso mostra como cada fabricante interpreta as recomendações da AMD."
— Técnico de hardware anônimo
Reação da comunidade e próximos passos
A falta de comunicação oficial da AMD sobre o assunto tem gerado frustração entre entusiastas. No Reddit, um tópico no subforum r/AMD acumulou mais de 500 comentários em menos de 48 horas, com usuários divididos entre:
Os que defendem que a AMD deveria padronizar as configurações de PBO entre todas as fabricantes de placas-mãe
Os que argumentam que a flexibilidade para as fabricantes ajustarem esses parâmetros é importante para diferenciação de produtos
Os que sugerem que a própria tecnologia PBO precisa ser repensada para as novas arquiteturas
Enquanto isso, rumores sugerem que outras fabricantes de placas-mãe estão revisando silenciosamente suas configurações padrão do PBO para os Ryzen 9000. Um vazamento no Chiphell mostra que a Gigabyte estaria preparando uma atualização de BIOS semelhante para suas placas X670 e B650. Será que estamos diante de um problema mais amplo do que inicialmente parecia?
Com informações do: Adrenaline