O salto técnico entre gerações na visão da Kojima Productions

Akio Sakamoto, diretor técnico da Kojima Productions, trouxe uma perspectiva interessante sobre a transição entre consoles: segundo ele, a diferença técnica entre PlayStation 4 e PlayStation 5 não foi tão significativa quanto muitos esperavam. Mas isso não significa que o novo hardware da Sony não trouxe benefícios - pelo contrário.

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Em entrevista à revista Edge, Sakamoto destacou que a principal vantagem do PS5 está na eficiência. Os tempos de carregamento reduzidos e a arquitetura mais moderna permitem que os desenvolvedores alcancem os mesmos objetivos de forma mais ágil, tornando o processo criativo mais fluido. Não se trata apenas de gráficos mais bonitos, mas de uma mudança na forma como os jogos são produzidos.

Liberdade criativa vs desafios técnicos

Um dos pontos mais interessantes levantados pelo diretor técnico é como o PS5 eliminou muitas das limitações que os artistas enfrentavam em gerações anteriores. Sem a necessidade de criar soluções alternativas para contornar restrições técnicas, a equipe pode focar mais na criatividade e menos em compromissos técnicos.

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Porém, essa liberdade trouxe seus próprios desafios. Com um ambiente mais aberto, a complexidade técnica dos projetos aumentou consideravelmente. Sakamoto admitiu que isso exigiu um período de adaptação da equipe, mas que eles rapidamente se ajustaram às novas possibilidades.

Vale lembrar que a Kojima Productions está desenvolvendo Death Stranding 2: On the Beach exclusivamente para PS5, com lançamento marcado para 26 de junho. O jogo promete aproveitar ao máximo as capacidades do console, incluindo recursos como ciclos de dia e noite dinâmicos e melhorias visuais significativas.

Fonte: Gamesradar

O impacto na experiência do jogador

Embora o salto técnico entre gerações possa não ter sido revolucionário, Sakamoto ressalta que as melhorias do PS5 são mais perceptíveis na experiência do jogador. O SSD ultrarrápido, por exemplo, não apenas reduz tempos de carregamento, mas permite designs de nível mais ambiciosos sem interrupções. Já imaginou explorar ambientes vastos sem aquelas passagens estreitas que disfarçavam carregamentos?

O diretor técnico também mencionou o potencial do Tempest Engine para áudio 3D, um recurso que a Kojima Productions está explorando ativamente em Death Stranding 2. "O áudio espacial pode imergir o jogador de formas que os gráficos sozinhos não conseguem", observou Sakamoto, sugerindo que a equipe está trabalhando em sistemas sonoros complexos que reagem dinamicamente ao ambiente do jogo.

O paradoxo das expectativas dos jogadores

Curiosamente, Sakamoto abordou um dilema interessante: enquanto os desenvolvedores valorizam a eficiência e fluidez do PS5, muitos jogadores ainda esperam ver saltos visuais dramáticos entre gerações. "Há uma pressão para justificar o upgrade com gráficos que impressionem à primeira vista", admitiu. Mas será que estamos focando no aspecto errado?

Na prática, algumas das inovações mais impactantes do PS5 são menos visíveis. O DualSense, por exemplo, oferece feedback tátil que pode transformar completamente a sensação de jogabilidade. Em Death Stranding 2, os gatilhos adaptáveis estão sendo usados para simular desde a resistência do terreno até a tensão das cordas durante escaladas - detalhes que dificilmente apareceriam em um trailer, mas que fazem toda a diferença na imersão.

Outro ponto levantado por Sakamoto foi a evolução dos sistemas de IA. Com mais poder de processamento, os NPCs podem exibir comportamentos mais complexos e reações mais orgânicas. Em um jogo como Death Stranding, onde a interação com outros personagens é central, isso pode elevar significativamente a qualidade narrativa e a sensação de um mundo vivo.

O futuro do desenvolvimento para consoles

Olhando para frente, Sakamoto sugeriu que o verdadeiro potencial do PS5 ainda está sendo descoberto. "Estamos apenas começando a entender como equilibrar todos esses recursos", comentou. A equipe está particularmente animada com as possibilidades do ray tracing em tempo real, que pode ser usado não apenas para gráficos, mas para sistemas de gameplay inovadores.

Um exemplo prático? Em Death Stranding 2, a equipe está explorando como a iluminação dinâmica pode afetar a jogabilidade - talvez tornando certas áreas mais perigosas à noite, ou criando padrões de sombra que os jogadores precisam interpretar. São esses tipos de inovações sutis, mas profundas, que podem definir a próxima geração de experiências no PS5.

Enquanto isso, a indústria continua debatendo o ritmo das transições entre gerações. Com o ciclo de vida prolongado do PS4 e a adoção gradual do PS5, muitos estúdios ainda precisam criar jogos para ambas as plataformas. Sakamoto reconheceu que essa realidade pode estar retardando a exploração total das capacidades do novo hardware, mas vê um futuro promissor à medida que mais desenvolvedores focam exclusivamente no PS5.

Com informações do: Adrenaline