Nintendo bloqueia jogos em evento de caridade
O RTA, evento anual de speedrun realizado no Japão que arrecada fundos para caridade, enfrenta uma restrição significativa em sua edição de 2025: os jogos da Nintendo estão oficialmente banidos das transmissões. A decisão, confirmada há alguns meses, agora teve seus motivos revelados - e reflete a conhecida postura controladora da empresa sobre seus produtos.
Segundo os organizadores, a Nintendo alegou "uso não autorizado" de seus games em edições anteriores. Embora tecnicamente fosse possível obter autorização, cada jogo precisaria passar por uma análise individual da empresa - um processo burocrático que inviabilizaria a participação dos títulos da marca.
Curiosamente, essa restrição não se aplica a jogadores comuns, mas especificamente ao RTA por se tratar de uma "entidade legal". Isso significa que clássicos como Zelda e Mario, extremamente populares na cena de speedrun, estarão ausentes de um dos maiores eventos do gênero.
A relação complicada da Nintendo com a comunidade
A Nintendo tem histórico de ser extremamente protetora com sua propriedade intelectual. A empresa provavelmente não aprovaria um evento que mostra bugs e exploits sendo usados para completar jogos rapidamente - mesmo que seja para uma boa causa.
Seu relacionamento com streamers e criadores de conteúdo sempre foi turbulento. A companhia já derrubou transmissões, reivindicou receitas de vídeos e agiu contra canais sobre emulação. Embora tenha relaxado um pouco recentemente, ainda é considerada uma das empresas mais difíceis para criadores de conteúdo.
O que esperar do RTA 2025?
Apesar da ausência dos jogos da Nintendo, o RTA 2025 promete uma programação repleta de outros títulos. O evento começa em 9 de agosto às 3h da manhã (horário de Brasília) com um speedrun de Cuphead.
A lista completa de jogos, disponível no site oficial, inclui Dead Cells, Final Fantasy IX, NieR: Automata e Resident Evil 2. As transmissões acontecerão no canal da RTA na Twitch até 15 de agosto.
Fonte: Eurogamer
Impacto na comunidade de speedrunners
A decisão da Nintendo gerou um misto de frustração e compreensão entre os speedrunners. Muitos competidores dedicaram centenas de horas dominando técnicas específicas em jogos como Super Mario 64 e The Legend of Zelda: Ocarina of Time, que são verdadeiros pilares da cena.
"É decepcionante, mas não surpreendente", comentou um speedrunner anônimo em fóruns especializados. "A Nintendo sempre priorizou o controle sobre como seus jogos são apresentados, mesmo quando isso significa alienar parte de sua base de fãs mais dedicada."
Alternativas que estão ganhando espaço
Com a ausência dos títulos da Nintendo, outros jogos estão recebendo mais atenção dos participantes. Séries como Dark Souls e Metroidvania (de outras desenvolvedoras) devem ter um destaque maior nesta edição.
Alguns organizadores veem isso como uma oportunidade para diversificar o evento. "Talvez seja hora de explorar jogos menos tradicionais na cena de speedrun", sugeriu um dos coordenadores do RTA em entrevista. "Títulos indies e jogos menos conhecidos podem trazer novas técnicas e surpresas para o público."
O dilema da caridade versus direitos autorais
O caso levanta questões interessantes sobre como as empresas lidam com eventos beneficentes. Enquanto a Nintendo manteve sua posição rígida, outras publishers como a Capcom e a Square Enix têm sido mais flexíveis - algumas até patrocinam eventos similares.
Vale lembrar que o RTA já arrecadou mais de US$ 500 mil para instituições de caridade em edições anteriores. A decisão da Nintendo, embora juridicamente defensável, coloca em conflito dois valores importantes: a proteção da propriedade intelectual e o potencial de fazer o bem através dos games.
Como a comunidade está reagindo
Nas redes sociais, a hashtag #FreeTheSpeedruns começou a circular entre fãs, embora sem muito otimismo sobre mudanças. Alguns criadores de conteúdo estão organizando streams paralelos focados especificamente em jogos da Nintendo, fora do evento oficial.
Enquanto isso, os organizadores do RTA estão considerando criar uma categoria "non-Nintendo%" - uma brincadeira com a nomenclatura comum de speedruns - para destacar que os jogos da empresa estão intencionalmente ausentes.
Com informações do: Adrenaline
