Enquanto consumidores reclamam dos preços crescentes dos jogos, um veterano da indústria defende que aumentos são necessários para a sustentabilidade do mercado. Masakazu Sugimori, ex-compositor da Capcom, surpreendeu ao argumentar que a Nintendo merece respeito por suas políticas de preços e formato de mídia física.
A visão controversa sobre preços mais altos
Em uma série de posts no Twitter, Sugimori apresentou uma perspectiva que vai contra o senso comum. Ele afirmou que a decisão da Nintendo de cobrar US$ 80 em alguns títulos não é ganância, mas sim uma medida de proteção para toda a indústria de games.
Na visão do experiente desenvolvedor, a Nintendo assume uma posição de liderança que outras empresas menores não podem tomar. "É fácil criticar quando você não está por dentro dos custos reais de desenvolvimento", comentou Sugimori em sua thread, que gerou intenso debate entre jogadores.
今のお話の流れで一つ追記。
海外でよくある主張で唯一正当性のありそうな、
「買った物が将来サ終で遊べなくなるのはおかしい」
についてです。
これは僕も1人のプレイヤーとして理解は出来ますし、
同じ想いを抱く事はあります。
けどね……。
デジタル以外の物品って永遠に使えますか?…— 杉森 雅和 (Masakazu Sugimori) (@m_sugimori)
September">
Game-Key e o fim dos serviços online: medidas necessárias?
Sugimori também defendeu a polêmica decisão da Nintendo de adotar cartuchos Game-Key para o Switch 2. Esses cartões servem basicamente como chaves de ativação para downloads digitais, reduzindo significativamente os custos de produção e distribuição.
"As pessoas se preocupam com servidores sendo desligados e perderem acesso aos jogos", admitiu o compositor. "Mas a realidade é que mídias digitais têm uma vida útil muito maior que as físicas. Quantos ainda conseguem jogar seus cartuchos de NES originalmente?"

Quanto ao desligamento de serviços online em consoles antigos, Sugimori vê isso como uma demarcação necessária entre gerações. "Isso sinaliza claramente que uma era terminou e permite que desenvolvedores foquem totalmente nos hardware mais recentes", argumentou.
Curiosamente, ele também mencionou que essa transição cria oportunidades de trabalho através da adaptação de jogos para novas plataformas. É uma perspectiva que poucos consumidores consideram quando criticam o fim do suporte para consoles antigos.

Com experiência em franquias como Breath of Fire IV e Viewtiful Joe, além de composições para Ghost Trick: Phantom Detective e Professor Layton vs. Ace Attorney, Sugimori traz uma visão de dentro da indústria que desafia narrativas simplistas sobre preços e políticas corporativas.
Fonte: Automaton-Media
Os custos ocultos do desenvolvimento de jogos
Muitos jogadores não percebem como os custos de desenvolvimento dispararam nos últimos anos. Enquanto um jogo AAA podia custar alguns milhões de dólares na era do PlayStation 2, hoje esses valores facilmente ultrapassam a casa das centenas de milhões. E não estamos falando apenas dos blockbusters óbvios – até jogos de escopo médio representam investimentos significativos.
O que explica essa escalada? Tudo ficou mais caro: equipes maiores, tecnologias mais complexas, períodos de desenvolvimento mais longos e expectativas de qualidade que exigem especialistas em diversas áreas. Um único modelo de personagem pode levar semanas para ser criado, com detalhes que passam despercebidos pela maioria dos jogadores.
E aqui está algo que poucos consideram: a inflação afetou drasticamente o preço dos jogos. Ajustando pela inflação, um jogo de Super Nintendo que custava US$ 50 em 1995 equivaleria a cerca de US$ 100 hoje. Paradoxalmente, enquanto os custos subiam, o preço de tabela permanecia relativamente estável por anos – até recentemente.
O dilema das mídias físicas versus digitais
Sugimori tocou em um ponto sensível quando questionou a longevidade das mídias físicas. Quantos realmente preservam seus jogos por décadas? A realidade é que a maioria dos jogadores vende, troca ou simplesmente abandona títulos antigos – muitas vezes antes mesmo que os servidores online sejam desligados.
E pense nisso: quando você compra um jogo físico hoje, quanto do preço realmente vai para o desenvolvimento? Uma parcela significativa é consumida pela produção do cartucho ou disco, embalagem, transporte, e margens de lucro de varejistas. No modelo digital, mais desse valor pode ser reinvestido no ecossistema.
Mas e a preservação? Essa é uma preocupação legítima. No entanto, Sugimori lembra que já existem iniciativas de preservação digital que podem ser mais eficazes que depender de mídias físicas deterioráveis. Afinal, quantos cartuchos de NES ainda funcionam perfeitamente após 40 anos?
O impacto nas desenvolvedoras independentes
Um aspecto pouco discutido é como os preços baixos prejudicam estúdios menores. Quando jogos AAA são vendidos a preços artificialmente baixos, cria-se uma expectativa insustentável no mercado. Como um jogo independente pode cobrar US$ 30 se um blockbuster com orçamento de US$ 200 milhões custa US$ 60?
Essa distorção de preços força muitas desenvolvedoras a lançar seus jogos com desconto desde o primeiro dia ou a recorrer a modelos free-to-play com microtransações agressivas. No final, quem perde são os jogadores que buscam experiências completas e bem curadas, sem monetização predatória.
E aqui está uma ironia: muitos jogadores que criticam o aumento de preços são os mesmos que reclamam da proliferação de DLCs, season passes e microtransações. Mas não percebem que essas práticas muitas vezes são consequência direta da incapacidade de cobrar um preço justo pelo produto base.
Outro ponto que Sugimori mencionou de passagem merece mais atenção: a criação de empregos através da adaptação de jogos antigos. Quando uma empresa decide relançar um título clássico, não é simplesmente copiar e colar – requer retrabalho significativo para compatibilidade com hardware moderno, otimizações e, às vezes, até retoques visuais.
Esses projetos empregam desenvolvedores, artistas, testadores e outros profissionais. Sem um modelo econômico que justifique esse investimento, muitas obras importantes simplesmente ficariam esquecidas em porões digitais. É um equilíbrio delicado entre preservação acessível e sustentabilidade financeira.
E você, já parou para calcular quanto realmente gasta por hora de entretenimento com seus jogos? Comparado a outras formas de diversão – cinema, streaming, livros – os games frequentemente oferecem melhor custo-benefício, mesmo com preços mais altos. Um jogo que proporciona 50 horas de gameplay a US$ 80 custa US$ 1,60 por hora. Um filme no cinema? Facilmente US$ 10 por hora ou mais.
Com informações do: Adrenaline