A SEGA revelou números impressionantes para sua franquia Persona em seu relatório financeiro anual, com Persona 5 alcançando a marca de 13 milhões de unidades distribuídas globalmente. O que me surpreende é que dessas vendas, 7,25 milhões vieram apenas da versão Royal do jogo, demonstrando como uma versão aprimorada pode realmente ressoar com os jogadores anos após o lançamento original.

O panorama atual da franquia Persona

Quando você para para analisar esses números, fica claro que a Atlus acertou em cheio com Persona 5. Lançado originalmente em 2016, o jogo não apenas se manteve relevante, como continuou a atrair novos jogadores - especialmente com a versão Royal de 2020. E não é só isso: Persona 3 Reload, o remake que chegou às lojas em fevereiro de 2024, já vendeu 2,07 milhões de cópias, contribuindo para o total da série chegar a 23,5 milhões de unidades em todo o mundo.

Esses dados, válidos até 31 de março de 2025, mostram uma trajetória interessante. Enquanto muitas franquias enfrentam altos e baixos, Persona parece ter encontrado uma fórmula que mantém os fãs engajados e atrai novos jogadores consistentemente. O sucesso do remake de Persona 3 sugere que há apetite tanto para novos conteúdos quanto para releituras de títulos clássicos.

O contexto financeiro da SEGA

Apesar do desempenho sólido de Persona e outras IPs, a SEGA enfrentou desafios no ano fiscal de 2025. A empresa reportou receita de ¥428,9 bilhões, uma queda de 8,5% em relação ao período anterior. Os lucros operacionais caíram ainda mais - 16,8%, para ¥48,1 bilhões.

O que explica essa contradição? A empresa atribui as perdas principalmente ao segmento de Pachinko e máquinas de slots, que são extremamente populares no Japão mas tiveram desempenho inferior comparado ao ano anterior. É um lembrete interessante de como empresas de games japonesas frequentemente operam em múltiplas frentes, algumas mais voláteis que outras.

Estratégia transmídia: o futuro das IPs da SEGA

A SEGA está claramente mirando no sucesso das adaptações de Sonic para o cinema como modelo para suas outras franquias. No relatório, a empresa descreve seu foco em estratégias "transmídia", levando suas propriedades intelectuais para além dos videogames.

"Nós acreditamos que o investimento concentrado para melhorar a qualidade de títulos, força da marca reforçada pela nossa estratégia transmídia e o alcance mundial de nossa distribuição digital contribuíram para o crescimento em vendas repetidas", afirma a empresa no documento.

Embora a SEGA não tenha confirmado projetos específicos, a linguagem sugere que Persona e Like a Dragon podem seguir os passos de Sonic rumo a adaptações cinematográficas ou séries. A empresa menciona estar "seguindo adiante com roadmaps para cada grande IP avançar em esforços transmídia", o que me faz pensar: será que veremos um filme ou série de Persona nos próximos anos?

Para quem quer se aprofundar mais no assunto, vale a pena conferir o relatório completo da SEGA ou ler sobre o futuro de Persona 3 Reload. A reputação da SEGA como editora também é um tópico interessante para explorar.

O impacto das versões aprimoradas e relançamentos

O que realmente me impressiona é como a estratégia de relançamentos da Atlus tem funcionado tão bem. Persona 5 Royal não foi apenas uma versão com conteúdo extra - foi praticamente uma reimaginação do jogo original. E os jogadores responderam a isso. Quando você vê que 7,25 milhões das 13 milhões de vendas totais vieram da versão Royal, fica claro que há um mercado significativo para experiências expandidas, mesmo anos após o lançamento inicial.

Isso me faz pensar: será que outros estúdios estão prestando atenção nesse modelo? Em uma indústria onde muitos jogos são lançados e esquecidos em poucos meses, Persona 5 manteve relevância por quase uma década. E não foi apenas através de relançamentos - o jogo se beneficiou de uma comunidade ativa, mods, fan arts e discussões constantes nas redes sociais. A Atlus entendeu que criar um jogo não é apenas sobre vender cópias, mas sobre construir um ecossistema que mantém os fãs engajados por anos.

Persona 3 Reload

O fenômeno Persona 3 Reload e o apetite por remakes

Persona 3 Reload chegou como uma surpresa para muitos. Lançado em fevereiro de 2024, o remake já acumula 2,07 milhões de cópias vendidas - números impressionantes para um jogo que muitos consideravam um título de nicho. O que isso nos diz? Que há uma geração inteira de jogadores que não experimentou os títulos clássicos da série e está disposta a pagar por versões modernizadas.

Eu mesmo fiquei surpreso com a recepção. O jogo manteve a essência do original enquanto atualizou praticamente todos os aspectos técnicos. A Atlus parece ter encontrado o equilíbrio perfeito entre nostalgia e inovação. E isso abre possibilidades interessantes: será que veremos um remake de Persona 4 seguindo a mesma fórmula? Considerando o sucesso financeiro, parece quase inevitável.

O que mais me chama atenção é como esses números contrastam com a narrativa comum de que remakes são "aproveitamento" de IPs antigos. Quando bem executados, como Persona 3 Reload demonstrou, eles podem ser experiências genuínas que respeitam o material original enquanto oferecem algo novo tanto para fãs antigos quanto para novos jogadores.

O cenário competitivo e o posicionamento de Persona

Quando você coloca esses 23,5 milhões de unidades vendidas em perspectiva, Persona se estabelece como uma das franquias de RPG japonês mais bem-sucedidas da atualidade. Ainda está atrás de gigantes como Final Fantasy e Dragon Quest, mas cresceu de forma consistente enquanto muitas outras franquias enfrentaram estagnação.

O que diferencia Persona? Na minha opinião, é a combinação única de elementos. Os jogos misturam dungeon crawling tradicional com simulação social de uma forma que nenhuma outra franquia conseguiu replicar com o mesmo sucesso. E a estética visual distinta - aquela paleta de cores vibrantes e design de interface ousado - criou uma identidade visual imediatamente reconhecível.

Captura de página do relatório da SEGA

Mas não é apenas sobre o jogo em si. A Atlus construiu um ecossistema em torno de Persona que inclui spin-offs, adaptações para anime, mangás e uma presença forte em eventos de fãs. Essa abordagem holística ajuda a explicar por que a franquia continua crescendo mesmo entre lançamentos principais.

Os desafios do mercado global e a localização

Um aspecto que muitas vezes passa despercebido nesse sucesso é o trabalho de localização. Persona 5, em particular, foi elogiado por sua tradução e adaptação cultural - não é fácil trazer um jogo tão profundamente japonês para o público ocidental sem perder sua essência.

Eu conversei com vários fãs que nunca tinham se interessado por RPGs japoneses antes de Persona 5, e o que os atraiu foi justamente como o jogo apresentou elementos da cultura japonesa de forma acessível. A Atlus encontrou uma maneira de fazer os jogadores ocidentais se importarem com personagens que frequentam escolas japonesas, participam de festivais culturais e vivem realidades diferentes das suas.

Isso me faz pensar sobre o futuro da localização de jogos. Com a estratégia transmídia que a SEGA menciona no relatório, será que veremos mais investimento em adaptações que respeitem as nuances culturais enquanto ampliam o alcance global? É uma linha tênue entre acessibilidade e autenticidade, mas Persona parece ter encontrado o equilíbrio certo.

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O potencial transmídia além de Sonic

Quando a SEGA fala sobre seguir o modelo de sucesso de Sonic no cinema, é difícil não especular sobre o que isso significa para Persona. A franquia tem todos os elementos para uma adaptação bem-sucedida: personagens carismáticos, temas universais e uma estética visual única que se traduziria bem para outras mídias.

Mas adaptar Persona seria um desafio consideravelmente maior que Sonic. Enquanto Sonic é relativamente direto em sua premissa, Persona lida com temas psicológicos complexos, desenvolvimento de personagens profundos e uma narrativa que equilibra o cotidiano com o supernatural. Como traduzir isso para um filme ou série sem perder o que torna a franquia especial?

Eu imagino que qualquer adaptação teria que focar em um aspecto específico da mitologia de Persona, talvez expandindo as histórias dos confidants ou explorando o universo de forma mais ampla. O que me preocupa é a tendência de Hollywood de simplificar demais propriedades intelectuais complexas para apelar ao público geral.

Por outro lado, o sucesso de adaptações como The Last of Us demonstrou que há espaço para narrativas maduras e complexas na televisão. Se a SEGA aprender com esses exemplos e manter um controle criativo adequado, Persona poderia se tornar não apenas um sucesso nos games, mas uma franquia multimídia genuinamente impactante.

A estratégia transmídia mencionada no relatório vai além de simples adaptações, no entanto. A SEGA parece estar pensando em um ecossistema integrado onde games, filmes, séries e talvez até experiências interativas se complementam. É uma visão ambiciosa, mas considerando como Persona já transcendeu seu meio original através de sua influência cultural, talvez seja o próximo passo natural.

Com informações do: Adrenaline