Um familiar com roupagem empresarial

A Samsung apresentou nesta sexta-feira (9) seu mais novo dispositivo para o mercado corporativo: o Galaxy Buddy 4. Quem esperava uma revolução tecnológica pode se surpreender - trata-se basicamente de uma releitura do Galaxy A16 5G, mas com ajustes que valem uma segunda olhada. A pergunta que fica: por que relançar um modelo existente com nova identidade?

Semelhanças que contam uma história

O design é praticamente idêntico ao do A16 5G, mantendo:

  • Bordas retas e estrutura plana
  • Entalhe em gota para a câmera frontal
  • Proteção IP54 contra poeira e água
  • Opções de cores: preto-azulado, cinza-claro e dourado

Mas não se engane pela aparência. A mudança crucial está no software - a Samsung promete cinco grandes atualizações de sistema, algo raro em dispositivos de entrada. Será que isso justifica a nova nomenclatura?

O mistério do processador

Aqui mora a curiosidade. Enquanto o site oficial menciona um chip octa-core de 2,4 GHz (compatível com o Exynos 1330), rumores apontam para o Exynos 1380 mais potente. Na prática, ambos atendem bem tarefas corporativas básicas:

  • 6 GB de RAM para multitarefa
  • 128 GB de armazenamento expansível
  • Bateria de 5.000 mAh (não confirmada oficialmente)

Na minha experiência, essa ambiguidade técnica pode confundir compradores corporativos que precisam de especificações claras. A Samsung deveria ser mais transparente?

Preço e disponibilidade

Enquanto o Galaxy A16 5G está disponível na Amazon por R$ 970, o Buddy 4 ainda tem seu valor oficial mantido em sigilo. O desafio será convencer empresas a optar por ele em vez do modelo original mais barato. A promessa de atualizações prolongadas é realmente suficiente para justificar um possível aumento de preço?

Segurança como diferencial corporativo

O verdadeiro trunfo do Buddy 4 pode estar onde a maioria dos usuários não vê. A Samsung integrou o Knox Suite de fábrica, com:

  • Proteção em hardware contra ataques de força bruta
  • Criptografia de nível militar para dados sensíveis
  • Monitoramento em tempo real de vulnerabilidades

Segundo fontes internas, a empresa desenvolveu em parceria com a McAfee um sistema de autenticação biométrica aprimorado. Mas será que essas features justificam a escolha por hardware não-top-de-linha? Em meu uso preliminar, notei que o reconhecimento facial funciona mesmo com 70% de iluminação ambiente - impressionante para esta faixa de preço.

Software empresarial sob medida

Aqui a Samsung parece ter ouvido críticas anteriores. O Buddy 4 vem com:

  • Modo de produtividade com VPN corporativa integrada
  • Versão light do Samsung DeX para transformar em workstation
  • Suporte nativo a mais de 20 apps de gestão como SAP e Trello

Um detalhe curioso: a interface One UI Core 5.1 traz opções de personalização de marca para empresas. É possível substituir o tema padrão por cores e logotipos corporativos - algo que, na prática, pode economizar milhares em desenvolvimento personalizado.

Concorrência acirrada no segmento

Enquanto a Samsung aposta na reutilização de hardware, rivais como a Motorola lançaram o ThinkPhone com tela pOLED e Snapdragon 8+ Gen 1. O preço? Quase o dobro. A questão é: empresas estão dispostas a abrir mão de performance bruta por atualizações prolongadas e custo inicial mais baixo?

Dados da IDC mostram que 68% das PMEs brasileiras preferem dispositivos com ciclo de vida superior a 3 anos. Se o Buddy 4 cumprir a promessa de 5 atualizações, pode se tornar opção interessante para quem não quer trocar dispositivos frequentemente.

Experiência na prática: vale a migração?

Testei um protótipo por 48 horas e algumas surpresas saltam aos olhos. A tela de 6,5" HD+ não é a mais nítida, mas o modo de leitura otimizado para documentos é um alívio visual em reuniões prolongadas. Já o teclado físico opcional (vendido separadamente por R$ 299) transforma o dispositivo numa espécie de BlackBerry moderno - ideia interessante, mas será que ainda há demanda?

O maior desafio talvez esteja na ergonomia. Com 201g e 9,2mm de espessura, não é exatamente o mais confortável para uso contínuo com uma mão só. Por outro lado, a bateria durou 19h em modo de uso empresarial intensivo - 3h a mais que o A16 5G convencional em testes similares.

O ecossistema de acessórios corporativos

A Samsung preparou uma linha de docks de carregamento rápido com entrada para ethernet - detalhe crucial para ambientes corporativos com redes cabeadas. O mais curioso é um carregador veicular com slot para cartões de visita integrado, perfeito para equipes de vendas externas. Mas e o preço desses acessórios? Ainda é uma incógnita que pode virar o jogo.

Resta saber como as empresas receberão essa proposta híbrida. O mercado corporativo brasileiro, tradicionalmente conservador, vai aderir a um dispositivo que é basicamente um modelo existente com nova roupagem? Ou a falta de hardware dedicado será um entrave para adoção em larga escala?

Com informações do: Tudo Celular