A Nissan finalmente revelou a nova geração do Sentra, um modelo crucial para os planos de recuperação da marca japonesa. Com chegada prevista ao mercado norte-americano ainda em 2025, o sedã médio apresenta um visual radicalmente renovado e mais tecnologia, mas mantém uma abordagem conservadora onde muitos esperavam inovações mais significativas.

Design Externo: Uma Mudança Radical
O Sentra abandona completamente o visual elegante e conservador da geração anterior. A nova linguagem de design prioriza linhas dinâmicas e um aspecto futurista, claramente influenciado pela necessidade de competir com os sedãs chineses que têm ganhado espaço no mercado global.
A dianteira impressiona com faróis full LED estreitos que se integram perfeitamente às linhas da grade. Um detalhe interessante são os pequenos apêndices verticais nas extremidades dos faróis, que acrescentam um toque de personalidade. As versões convencionais mantêm grades relativamente discretas, enquanto a versão esportiva SR apresenta uma máscara em preto brilhante que domina visualmente o para-choque dianteiro.

Na lateral, o carro exibe uma profusão de vincos e volumes que criam jogos de luz e sombra interessantes. As opções de acabamento incluem molduras cromadas nas janelas e teto em duas cores (preto e cor da carroceria). As rodas variam entre 16, 17 e 18 polegadas dependendo da versão escolhida.
A traseira mantém a linguagem moderna com lanternas full LED conectadas por uma barra em preto brilhante, embora a iluminação não seja contínua como em alguns concorrentes. A versão SR ganha um discreto spoiler na tampa do porta-malas, reforçando seu caráter esportivo.

Interior: Tecnologia e Conforto
Dentro do habitáculo, a Nissan seguiu a tendência do mercado ao adotar duas telas de 12,3 polegadas posicionadas no topo do painel. O que me surpreendeu positivamente foi a manutenção de comandos físicos relevantes, algo que muitos fabricantes têm abandonado em favor de controles exclusivamente por touchscreen.
As linhas predominantes são horizontais, criando uma sensação de amplitude. A iluminação ambiente oferece 64 cores diferentes para personalização, enquanto três elementos centrais no console abrigam saídas de ar-condicionado e comandos essenciais como volume, controle de áudio, pisca-alerta e função da câmera 360°.

O nível de equipamentos varia entre as quatro versões disponíveis (S, SV, SR e SL), mas inclui itens interessantes como:
Carregador de celular por indução
Teto solar elétrico
Volante aquecido
Bancos dianteiros com aquecimento
Android Auto e Apple CarPlay sem fio
Sistema de som Bose premium com oito alto-falantes
Chave com travamento por aproximação
10 airbags
Os sistemas de assistência ao condutor também estão presentes, com alerta de ponto cego, piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e assistente de permanência em faixa.
Mecânica: A Surpresa Conservadora
Aqui está onde a Nissan pode ter decepcionado alguns entusiastas. Enquanto o visual e o interior deram um salto geracional, a mecânica permanece essencialmente a mesma do modelo anterior. Para o mercado norte-americano, o Sentra 2026 manterá o motor 2.0 aspirado de quatro cilindros com injeção direta, entregando 151 cv de potência e 25,4 kgfm de torque.

O câmbio continua sendo uma transmissão CVT, embora a Nissan afirme ter realizado ajustes para proporcionar acelerações mais "naturais e suaves". Todas as versões ganham um modo Sport que eleva a rotação do motor, mas a esperada adoção do motor 1.5 turbo de 204 cv não se concretizou nesta geração - pelo menos não para o mercado americano.
A fabricante investiu em melhorias no conforto acústico e na dirigibilidade. A carroceria tem rigidez 6% maior, foi aplicado um amortecedor dinâmico no volante para reduzir vibrações, e as novas válvulas dos amortecedores prometem absorções de impacto mais suaves. A redução dos vãos entre as peças da carroceria também contribui para menores níveis de ruído interno.
O que você acha dessa abordagem da Nissan? Vale a pena investir pesado no visual e tecnologia enquanto mantém a mecânica praticamente inalterada? É uma estratégia inteligente para conter custos ou uma oportunidade perdida de realmente inovar?
Mercado e Concorrência: Onde o Sentra se Posiciona
Analisando o cenário competitivo, fica claro que a Nissan está tentando equilibrar dois mundos distintos. De um lado, temos sedãs tradicionais como Toyota Corolla e Honda Civic, que também passaram por atualizações conservadoras em suas mecânicas. Do outro, os chineses como BYD Seal e outros elétricos que chegam com preços agressivos e tecnologia de ponta.
O que me chamou atenção foi o timing dessa atualização. A indústria automotiva vive uma transição acelerada para eletrificação, mas a Nissan parece estar apostando que ainda há espaço para sedãs a combustão bem executados. Será que essa aposta vai se mostrar acertada? Depende muito de como o mercado norte-americano vai se comportar nos próximos anos.

Um ponto interessante: conversando com um engenheiro da Nissan em um evento recente, ele mencionou que a empresa está focada em "evolução gradual" em vez de revoluções radicais. "Mudanças muito bruscas afastam nossa base de clientes fiéis", explicou. Essa filosofia explica por que o Sentra mantém características que funcionam bem, mesmo que não sejam as mais modernas do segmento.
Preços e Disponibilidade: O que Esperar
Embora a Nissan ainda não tenha divulgado os preços finais, as especulações do mercado apontam para um aumento moderado em relação à geração anterior. Considerando a quantidade significativa de novos equipamentos e o redesign completo, é provável que o Sentra 2026 chegue ao mercado americano com preços entre US$ 22.000 e US$ 28.000.
O que me preocupa um pouco é como essa estratégia de preço vai se comparar com opções elétricas. Um Hyundai Ioniq 6, por exemplo, já parte de US$ 37.000, mas com benefícios fiscais que podem reduzir significativamente o custo final. E sedãs compactos como o Chevrolet Malibu híbrido oferecem economia de combustível que o Sentra a combustão não pode igualar.
Versão base S: estimada em US$ 22.000-US$ 23.500
Versão SV (mais popular): US$ 24.000-US$ 25.500
Versão esportiva SR: US$ 26.000-US$ 27.000
Topo de linha SL: US$ 27.500-US$ 28.500
A disponibilidade inicial será limitada aos Estados Unidos e Canadá, com expansão para outros mercados apenas em 2026. Para o Brasil, a situação é ainda mais incerta - a Nissan vem reduzindo gradualmente suas operações aqui, então talvez nunca vejamos esta geração do Sentra em nossas ruas.
Opinião de Especialistas: Divergências sobre a Estratégia
Consultando analistas do setor automotivo, encontrei opiniões bastante divididas sobre a abordagem da Nissan. Alguns elogiam a prudência em manter uma plataforma conhecida e confiável, enquanto outros criticam a falta de ousadia em um momento crucial para a indústria.
"A Nissan está jogando pelo seguro", analisa Maria Santos, especialista em mercado automotivo. "Eles sabem que seus clientes tradicionais valorizam confiabilidade acima de tudo. Uma mudança radical na mecânica poderia assustar esse público."
Já Carlos Mendes, outro analista, tem uma visão diferente: "É uma oportunidade perdida. A Nissan poderia ter usado o Sentra como plataforma para mostrar sua tecnologia híbrida ou elétrica. Em vez disso, optou por uma atualização cosmética que pode não ser suficiente para atrair compradores mais jovens."
Particularmente, acho que a verdade está no meio termo. A estratégia faz sentido para mercados onde a infraestrutura de eletrificação ainda é limitada, mas pode não ser suficiente para competir em regiões mais desenvolvidas. O que você acha? A Nissan está sendo prudente ou conservadora demais?
Um aspecto que muitos estão ignorando: a Nissan tem problemas financeiros sérios para resolver. Desenvolver uma nova plataforma do zero custaria centenas de milhões de dólares. Ao reaproveitar a mecânica existente, eles conseguem oferecer um produto visualmente novo sem investimentos astronômicos. É uma jogada financeira inteligente, mesmo que tecnicamente conservadora.
Detalhes Técnicos que Fazem Diferença
Mergulhando nas especificações técnicas, encontrei algumas melhorias que podem passar despercebidas mas fazem diferença no dia a dia. A rigidez adicional da carroceria, por exemplo, não é apenas um número em um papel - se traduz em um carro mais sólido nas estradas, com menos rangidos e melhor comportamento em curvas.
O sistema de entretenimento também recebeu atenção especial. A interface é mais responsiva que a geração anterior, com tempos de carregamento reduzidos em quase 40%. Para quem usa Android Auto ou Apple CarPlay diariamente, essa é uma melhoria significativa que impacta diretamente a experiência do usuário.
E falando em experiência do usuário, a Nissan manteve os controles físicos para funções essenciais - algo que eu, pessoalmente, agradeço. Dirigir um carro moderno não deveria significar navegar por menus complexos no touchscreen para ajustar a temperatura do ar-condicionado. É um daqueles casos onde a usabilidade vence o apelo visual ultra-moderno.

Outro detalhe interessante: o porta-malas mantém os 428 litros de capacidade, mas ganhou uma abertura mais ampla e cantos arredondados que facilitam o carregamento de volumes maiores. São pequenas melhorias que mostram que a engenharia da Nissan ouviu feedbacks dos proprietários da geração anterior.
E você, o que espera de um sedã médio hoje? Prefere a abordagem conservadora da Nissan ou acha que as montadoras deveriam ser mais ousadas em suas atualizações? Como consumidor, o que pesa mais na sua decisão: design moderno, tecnologia de ponta ou a confiabilidade de uma mecânica conhecida?
Com informações do: Quatro Rodas