SNK troca de liderança após decepção com Fatal Fury: City of the Wolves

A SNK, conhecida por seus clássicos jogos de luta, está passando por uma mudança significativa em sua liderança. Kenji Matsubara, CEO desde 2021, deixou o cargo após o fraco desempenho comercial de Fatal Fury: City of the Wolves. Curiosamente, o jogo havia recebido críticas positivas da mídia especializada, mas isso não se traduziu em vendas expressivas.

Matsubara foi um grande entusiasta do projeto, investindo pesado em marketing - incluindo parcerias inusitadas com eventos de boxe e até mesmo a WWE. Apesar de deixar a posição de CEO, ele permanecerá na empresa como membro do conselho administrativo. Enquanto isso, a SNK - controlada pelo Fundo de Investimento da Arábia Saudita - já iniciou a busca por um novo diretor executivo.

Números preocupantes para um lançamento tão aguardado

Os dados de vendas são realmente alarmantes: apenas 6,3 mil cópias vendidas no Japão nos primeiros 11 dias, e um pico modesto de 4,6 mil jogadores simultâneos no Steam. Para um jogo que contou até com Cristiano Ronaldo como personagem jogável, esses números ficam bem abaixo das expectativas.

SNK troca de CEO após vendas fracas de Fatal Fury: City of the Wolves

O jogo sequer apareceu entre os 25 mais populares do PlayStation em abril, tanto nos EUA quanto na Europa. Isso levanta questões sobre o apelo de uma franquia que ficou mais de duas décadas sem novos lançamentos - será que Fatal Fury conseguiu conquistar novos fãs, ou ficou restrito ao público nostálgico?

Há esperança para o futuro?

Nem tudo está perdido para City of the Wolves. Como parte central da EVO 2025, o maior torneio de jogos de luta do mundo, ele terá uma segunda chance de brilhar. A exposição no evento pode reacender o interesse dos jogadores e impulsionar as vendas.

Além disso, a indústria de games já viu vários casos de títulos que começaram devagar mas ganharam tração com o tempo, especialmente com atualizações e conteúdo adicional. Resta saber se a SNK conseguirá transformar essa situação ou se a mudança na liderança trará uma nova direção para a empresa.

O que deu errado na estratégia da SNK?

Analistas apontam vários fatores que podem explicar o desempenho abaixo do esperado. O primeiro é o timing de lançamento - City of the Wolves chegou às lojas em um período extremamente competitivo, competindo com gigantes como Tekken 8 e Street Fighter 6, que já estavam consolidados no mercado. Além disso, o preço sugerido de US$ 59,99 parece ter afastado parte do público, especialmente considerando que a SNK não tem o mesmo peso de marcas como Capcom ou Bandai Namco atualmente.

Outro ponto crítico foi a comunicação com a comunidade. Enquanto concorrentes mantêm diálogo constante através de betas abertos e roadmaps transparentes, a SNK optou por um marketing mais tradicional, focando em celebridades e parcerias esportivas. "Eles investiram pesado em atrair novos jogadores, mas negligenciaram os fãs hardcore que sustentam a cena de jogos de luta", comenta Ricardo Silva, editor do site FightersBR.

O legado da franquia e os desafios atuais

Fatal Fury foi revolucionário nos anos 90, introduzindo mecânicas como o sistema de linhas que permitia movimentação em dois planos. Porém, após o sucesso inicial, a série ficou anos sem inovações significativas enquanto a concorrência evoluiu. "O jogo novo é tecnicamente competente, mas não traz nada que justifique migrar de outros títulos", avalia Mariana Costa, streamer especializada em jogos de luta.

O cenário competitivo também apresenta obstáculos. Enquanto Street Fighter 6 já tem uma cena estabelecida com torneios regulares e patrocínios, City of the Wolves precisará convencer organizadores a incluí-lo em seus circuitos. A participação na EVO é um primeiro passo importante, mas insuficiente por si só. Será que a SNK está preparada para investir no longo prazo necessário para construir uma comunidade competitiva vibrante?

Rumores sobre o futuro da empresa

Fontes próximas à SNK sugerem que a mudança na liderança pode sinalizar uma revisão estratégica. Há especulações sobre um possível foco maior em jogos mobile e remakes de clássicos, áreas onde a empresa teve sucesso recente com títulos como SNK Heroines e Samurai Shodown NeoGeo Collection. Outra possibilidade é a exploração mais agressiva do modelo free-to-play, seguindo o exemplo de Brawlhalla e Multiversus.

O controle acionário pelo Fundo de Investimento da Arábia Saudita adiciona outra camada de complexidade. Investidores do Oriente Médio têm mostrado interesse crescente no mercado de games, mas seu foco costuma estar em projetos com potencial de retorno rápido. Isso coloca em questão o futuro de franquias nichadas como Fatal Fury dentro do portfólio da SNK.

Com informações do: Adrenaline