Microsoft anuncia fim da API do Bing para parceiros
A Microsoft decidiu dar mais um passo que parece distanciar o Bing da possibilidade de competir de igual para igual com o Google. A empresa vai descontinuar no dia 11 de agosto deste ano o acesso às APIs do sistema para parceiros, recomendando que eles migrem para soluções de inteligência artificial vinculadas ao Azure.

Na prática, isso significa que os dados coletados pelo Bing continuarão disponíveis, mas apenas através de chatbots e outros intermediários. A mudança afetará tanto empresas que dependiam dos resultados de busca quanto aquelas que os utilizavam para análises comparativas.
Exceções e impactos no mercado
Curiosamente, algumas exceções foram mantidas. O DuckDuckGo, por exemplo, continuará tendo acesso aos resultados mesmo após o prazo de agosto. No entanto, desenvolvedores menores ou com sistemas considerados menos relevantes pela Microsoft não terão o mesmo privilégio.

A decisão ocorre após a Microsoft ter aumentado os preços cobrados de parceiros que utilizavam os dados do Bing. Embora a empresa não tenha explicado oficialmente o motivo, a substituição das APIs por recursos de IA do Azure parece estar alinhada com seus resultados financeiros recentes - onde essa área se destacou.
O timing dessa decisão é particularmente interessante. Com o Departamento de Justiça dos EUA ordenando que o Google separe seu mecanismo de busca do negócio de anúncios, muitos esperavam que a Microsoft pudesse aproveitar a oportunidade para fortalecer o Bing. Em vez disso, a empresa parece estar redirecionando seus esforços para outras frentes.
Mais detalhes sobre essa estratégia devem surgir durante a conferência Build 2025 da Microsoft, que acontece na próxima semana. Enquanto isso, desenvolvedores e empresas que dependiam da API do Bing precisam se adaptar rapidamente às novas realidades do mercado.
Fonte: The Verge
Alternativas para desenvolvedores e empresas afetadas
Para quem depende da API do Bing, a migração para as soluções de IA do Azure pode não ser tão simples quanto parece. Os custos operacionais tendem a aumentar, já que a plataforma exige configurações mais complexas e, em muitos casos, conhecimentos específicos em machine learning. Algumas empresas menores já relataram que estão considerando alternativas como:
API do Google Search (embora com custos igualmente altos)
Soluções de busca open source como Elasticsearch
Parcerias com provedores regionais de busca
Um desenvolvedor que preferiu não se identificar comentou: "Estamos revendo toda nossa arquitetura. O Bing era acessível e cobria nossas necessidades básicas. Agora, ou investimos pesado em Azure ou repensamos nosso produto".
O que isso revela sobre a estratégia da Microsoft?
A decisão de descontinuar a API do Bing para parceiros parece fazer parte de um movimento maior. Nos últimos trimestres, a Microsoft tem claramente priorizado:
Integração entre Bing Chat e Windows 11
Monetização de serviços empresariais via Azure AI
Parcerias exclusivas com grandes players (como o caso do DuckDuckGo)
Analistas apontam que, enquanto o Bing como mecanismo de busca independente perde espaço, sua tecnologia se torna commodity para alimentar outros produtos Microsoft. Um relatório interno vazado no ano passado já sugeria que a empresa via mais valor nos dados do Bing do que no Bing em si como produto final.
Essa abordagem contrasta com a do Google, que mantém seu mecanismo de busca como produto central mesmo enquanto desenvolve outras frentes de IA. A diferença estratégica pode definir como cada empresa se posicionará no mercado nos próximos anos.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a Microsoft reduz o acesso ao Bing. Em 2023, a empresa já havia limitado o número de consultas gratuitas na API, o que forçou muitos desenvolvedores a pagarem pelo serviço ou reduzirem seu uso. A mudança atual parece ser o passo final nesse processo de restrição.
Reações do mercado e possíveis consequências
Desde o anúncio, fóruns de desenvolvedores e comunidades técnicas têm discutido amplamente o tema. Algumas das preocupações mais frequentes incluem:
O risco de monopólio ainda maior do Google Search
A falta de transparência nos critérios para exceções (como a do DuckDuckGo)
O impacto em startups que usavam o Bing como base para produtos inovadores
Curiosamente, alguns analistas veem uma oportunidade nisso. Com a Microsoft saindo do jogo, novos players podem surgir para preencher o vazio deixado pela API do Bing. Empresas como Yandex e Baidu, que operam em mercados específicos, podem tentar expandir sua presença global.
O timing também levanta questões. Por que a Microsoft faria essa mudança justo quando o Google enfrenta desafios regulatórios? Alguns especulam que a empresa pode estar preparando algo maior - talvez uma nova plataforma de busca totalmente baseada em IA que ainda não foi anunciada.
Enquanto isso, os afetados pela decisão terão que lidar com prazos apertados. O período até agosto é curto para migrações complexas, especialmente considerando que muitas empresas terão que:
Reavaliar contratos com clientes
Treinar equipes em novas tecnologias
Realocar orçamentos para cobrir custos adicionais
GePeTo
Com informações do: Adrenaline