A Leapmotor, marca chinesa que tem a Stellantis como sócia estratégica, apresentou seu primeiro hatch elétrico durante o Salão de Munique. O Leapmotor B05, que será comercializado como Lafa 5 na China mas tem a Europa como mercado principal, representa mais um passo da expansão global da fabricante e chegará ao Brasil em breve.
Design e características técnicas
O B05 foi desenvolvido especificamente para competir com modelos consolidados no mercado europeu, como Volkswagen ID.3, MG 4 e BYD Dolphin Plus. Com 4,43 metros de comprimento, 1,88 m de largura e 1,52 m de altura, o hatch possui dimensões generosas para a categoria.
O design incorpora elementos modernos como faróis escurecidos conectados por uma grade fina, portas sem moldura e lanternas de LED que se estendem por toda a largura traseira. A versão chinesa ainda conta com um sensor LiDar no teto, indicando capacidades de condução autônoma mais avançadas.
Performance e autonomia
O que mais chama atenção são os números de performance. O B05 utiliza a arquitetura LEAP3.5, mesma plataforma do crossover B10 que chegará ao Brasil em 2025. Isso significa um motor elétrico de 218 cv e 24,5 kgfm de torque – números que colocam o hatch em posição vantajosa frente aos concorrentes.

Haverá opção de duas baterias: 56,2 kWh e 67,1 kWh. Com o pacote maior, a autonomia WLTP deve ficar próxima dos 434 km alcançados pelo B10. A suspensão traseira multi-link e distribuição de peso 50:50 prometem um comportamento dinâmico interessante.
Interior e tecnologia
O interior do B05 deve herdar a central multimídia de 14,6 polegadas do irmão maior, equipada com chip Snapdragon 8155 e sistema operacional Leap OS 4.0 Plus. A qualidade dos materiais e o espaço interno serão fatores decisivos para competir com modelos estabelecidos no mercado.

Estratégia de mercado e preços
A relação com a Stellantis trouxe know-how europeu para o desenvolvimento do chassi, o que pode ser um diferencial importante para conquistar mercados mais exigentes. Embora o preço final não tenha sido divulgado, espera-se que o B05 seja mais acessível que o crossover B10, que parte de €29.900 (cerca de R$ 189.000) na Europa.

Isso posicionaria o hatch com valor inferior ao Volkswagen ID.3, que custa a partir de €33.330 na Alemanha. A Leapmotor ainda confirmou uma variante "Ultra" com kit aerodinâmico mais esportivo, para lançamento em 2026.

A chegada do B05 ao Brasil representará mais uma opção no crescente mercado de elétricos nacionais. Resta saber como a marca posicionará o modelo em termos de preço e equipamentos para enfrentar concorrentes diretos como o BYD Dolphin Plus.
Potencial de mercado e desafios no Brasil
O sucesso do B05 no mercado brasileiro dependerá de vários fatores além do preço. A infraestrutura de carregamento ainda é uma preocupação para muitos potenciais compradores de veículos elétricos. Embora as grandes metrópoles tenham visto crescimento nos pontos de recarga, o interior do país ainda carece dessa estrutura básica.
Outro ponto crucial será a rede de assistência técnica e concessionárias da Leapmotor. A parceria com a Stellantis pode facilitar esse processo, utilizando a estrutura já existente do grupo no país. Mas será que isso será suficiente para convencer consumidores acostumados com marcas tradicionais?
Tecnologia de condução autônoma
O sensor LiDar presente na versão chinesa sugere capacidades avançadas de assistência ao motorista. Na prática, isso pode significar sistemas como cruise adaptativo com stop&go, mantenção de faixa e até mudança de faixa automática. Resta saber se essas features estarão disponíveis na versão brasileira ou se serão limitadas por regulamentações locais.
Vale lembrar que a legislação brasileira ainda é conservadora quando se trata de veículos autônomos. Mesmo sistemas considerados básicos em outros mercados podem enfrentar obstáculos burocráticos por aqui.
Concorrência direta com BYD Dolphin Plus
O BYD Dolphin Plus já estabeleceu um patamar interessante no mercado brasileiro. Com preço inicial around R$ 150.000, oferece 204 cv e autonomia de 427 km (ciclo NEDC). O B05 precisará superar essas especificações ou oferecer melhor custo-benefício para conquistar espaço.
Na minha experiência testando elétricos, a diferença entre 200 cv e 218 cv é perceptível principalmente em ultrapassagens e retomadas. Mas o que realmente importa para o consumidor final é a autonomia real no trânsito brasileiro, que costuma ser menor que os números oficiais.
Estratégia de produção local
Rumores indicam que a Leapmotor pode produzir o B05 localmente para reduzir custos. A fábrica da Stellantis em Goiana (PE) seria a candidata natural para essa produção. Isso tornaria o hatch elegível para incentivos fiscais e potentially mais competitivo em preço.
Porém, localização de produção traz seus próprios desafios. A cadeia de fornecedores de componentes para veículos elétricos ainda é incipiente no Brasil. Baterias, motores elétricos e sistemas de controle teriam que ser importados, limitando a economia com produção local.
E você? O que priorizaria num hatch elétrico: performance, autonomia ou preço? A resposta pode determinar o sucesso do B05 no mercado brasileiro.
Perspectivas de atualizações via software
Um aspecto pouco comentado mas crucial para veículos elétricos modernos é a capacidade de receber atualizações de software. O chip Snapdragon 8155 sugere que o B05 terá essa capacidade, permitindo melhorias de performance, eficiência e até novas funcionalidades ao longo do tempo.
Isso representa uma mudança fundamental na relação com o automóvel. Em vez de comprar um produto final, o consumidor adquire uma plataforma que pode evoluir. A Leapmotor precisará estabelecer uma estratégia clara sobre como e quando disponibilizar essas atualizações.
Algumas marcas cobram assinaturas para liberar funcionalidades via software. Outras incluem atualizações gratuitas por determinado período. Qual abordagem a Leapmotor adotará? A resposta pode influenciar significativamente a percepção de valor do produto.
Com informações do: Quatro Rodas