Kioxia redefine limites do armazenamento com SSD de 245 TB

A Kioxia acaba de anunciar o maior SSD do mundo, com impressionantes 245 TB de capacidade - espaço suficiente para armazenar cerca de 12.500 filmes em qualidade 4K. Este lançamento representa um marco significativo na evolução do armazenamento corporativo, especialmente voltado para data centers de grande escala.

O novo dispositivo faz parte da linha LC9 da fabricante japonesa e utiliza a tecnologia de memória BiCS8 com células QLC (quad-level cell). O que torna esse SSD especial? A combinação inédita que permite alcançar até 2 Tb por chip, com empacotamento de 32 dies por pacote, totalizando 8 TB por unidade empilhada.

KIOXIA LC9 SSD 245TB

Especificações técnicas impressionantes

O modelo de 245,76 TB é oferecido no formato E3.L, projetado especificamente para aplicações corporativas de alta densidade. Para quem precisa de menos capacidade, há versões menores como a E3.S com até 122,88 TB. Ambos os modelos contam com conexão PCIe Gen 5.0 x4 e suporte ao padrão NVMe 2.0.

Em termos de desempenho, o SSD da Kioxia alcança:

  • Velocidades de leitura sequencial de até 12 GB/s

  • Escrita sequencial de até 3 GB/s

  • 1,3 milhão de IOPS de leitura aleatória

  • 50 mil IOPS de escrita aleatória

Esses números são particularmente impressionantes considerando que estamos falando de um dispositivo de armazenamento massivo, não apenas de alta velocidade.

Foco em data centers e inteligência artificial

A Kioxia projetou este SSD pensando especificamente em aplicações de leitura intensiva, como:

  • Treinamento de modelos de IA

  • Bancos de dados vetoriais

  • Data lakes corporativos

A densidade de armazenamento oferecida pelo LC9 pode significar uma redução significativa no custo total de propriedade para infraestruturas de larga escala. Afinal, menos unidades físicas são necessárias para armazenar a mesma quantidade de dados.

Segurança e durabilidade

Apesar da capacidade impressionante, a durabilidade segue os padrões esperados para chips QLC, com resistência de 0,3 DWPD (drive writes per day). Isso equivale a aproximadamente 67 petabytes de dados gravados em cinco anos no modelo de maior capacidade.

Em termos de segurança, o LC9 oferece:

  • Criptografia AES-256

  • Proteção contra perda de energia

  • Suporte a criptografia pós-quântica

  • Correção robusta de erros

  • Suporte a dual-port

Esses recursos tornam o dispositivo adequado até para ambientes com requisitos extremos de segurança.

Eficiência energética e térmica

Um dos destaques do LC9 é sua otimização térmica, que permite maior densidade por rack com menor consumo de energia e menos necessidade de refrigeração. Em data centers modernos, onde o equilíbrio entre performance e consumo é crucial, essa eficiência pode fazer toda a diferença nos custos operacionais.

Disponibilidade no mercado

O SSD LC9 já está sendo distribuído em amostras para clientes selecionados. A apresentação oficial está prevista para a conferência Future of Memory and Storage, que acontecerá entre 5 e 7 de agosto de 2025, em Santa Clara, nos Estados Unidos.

Com este lançamento, a Kioxia ultrapassa concorrentes que ofereciam soluções de até 122 TB, estabelecendo um novo patamar no setor de armazenamento corporativo. O mercado já se prepara para os próximos avanços, como os SSDs PCIe 6.0 que podem atingir até 28.000 MB/s, indicando que estamos entrando em uma nova era de armazenamento ultrarrápido e de alta capacidade.

Impacto no mercado e reação dos concorrentes

A entrada do SSD de 245 TB da Kioxia no mercado está causando ondas significativas no setor de armazenamento corporativo. Concorrentes como Samsung, Western Digital e Seagate já sinalizaram que estão trabalhando em suas próprias soluções de alta capacidade, embora nenhum tenha anunciado datas específicas para lançamentos comparáveis.

Analistas do setor acreditam que este lançamento pode acelerar a obsolescência de sistemas baseados em HDDs (discos rígidos) para certas aplicações. "Para workloads de leitura intensiva, especialmente em IA, a combinação de alta capacidade e desempenho dos novos SSDs está mudando a equação de custo-benefício", comenta Ricardo Silva, especialista em infraestrutura de data centers.

Desafios de produção em escala

Apesar do avanço tecnológico, fabricar SSDs desta magnitude apresenta desafios únicos. O processo de empilhamento vertical (3D NAND) em 32 camadas exige:

  • Tolerâncias extremamente precisas no alinhamento dos dies

  • Controle térmico rigoroso durante a produção

  • Testes de qualidade mais demorados e complexos

  • Novas abordagens para dissipação de calor

Fontes próximas à Kioxia indicam que o rendimento inicial da produção está abaixo de 60%, o que explica por que as unidades estão sendo inicialmente direcionadas apenas para clientes corporativos selecionados.

Preços e viabilidade econômica

Embora a Kioxia não tenha divulgado preços oficiais, estimativas do mercado sugerem que o modelo de 245 TB pode custar cerca de US$ 40.000 - aproximadamente US$ 0,16 por GB. Parece caro? Considere que:

  • O custo por rack em data centers pode ser reduzido em até 40%

  • Economias significativas em energia e refrigeração

  • Menor necessidade de expansão física de infraestrutura

Para aplicações específicas como bancos de dados vetoriais para IA, onde a latência é crítica, o ROI (retorno sobre investimento) pode ser alcançado em menos de dois anos.

O futuro do armazenamento corporativo

O lançamento da Kioxia não é apenas sobre capacidade - é um sinal das mudanças radicais que estão por vir no armazenamento empresarial. Especialistas preveem que:

  • SSDs de 1 petabyte podem se tornar realidade até 2028

  • Novas arquiteturas de memória como CXL (Compute Express Link) vão redefinir hierarquias de armazenamento

  • A convergência entre memória e armazenamento continuará acelerando

  • Tecnologias como memória de fase-change podem complementar NAND flash

Curiosamente, a Kioxia já está trabalhando na próxima geração de sua tecnologia BiCS, com protótipos de chips de 4 Tb por die em laboratório. Quando questionados sobre quando poderemos ver SSDs baseados nesta tecnologia, representantes da empresa foram evasivos, mas sugeriram "antes do final da década".

Aplicações além dos data centers

Embora o foco inicial seja claramente corporativo, há discussões sobre como essa tecnologia poderia eventualmente filtrar para mercados premium. Imagine:

  • Estúdios de cinema armazenando projetos inteiros em uma única unidade

  • Pesquisadores trabalhando com conjuntos massivos de dados científicos localmente

  • Plataformas de streaming mantendo bibliotecas regionais completas em dispositivos compactos

No entanto, para que isso aconteça, os preços precisariam cair significativamente - algo que a indústria tem conseguido consistentemente ao longo dos anos, embora em um ritmo mais lento para produtos de ponta como este.

Questões de confiabilidade em longo prazo

Alguns especialistas expressaram preocupações sobre como esses SSDs superdensos se comportarão após anos de uso contínuo. Embora a Kioxia garanta os 0,3 DWPD, há dúvidas sobre:

  • Degradação de desempenho após ciclos intensos de gravação

  • Impacto de falhas parciais em uma unidade com tantos chips

  • Eficácia dos algoritmos de correção de erros em escalas tão grandes

A empresa respondeu a essas preocupações destacando seus sistemas avançados de monitoramento em tempo real e redundância interna, mas apenas testes em campo ao longo do tempo trarão respostas definitivas.

Com informações do: Adrenaline