Enquanto o mercado automotivo brasileiro aguarda anúncios oficiais, a Jetour já mostra suas cartas nas estradas paulistas. O X70 Plus, um SUV médio-grande que compartilha DNA com o conhecido Tiggo 8 Pro da Caoa Chery, foi flagrado circulando sem qualquer camuflagem próximo a Araçariguama, interior de São Paulo. Esta captura revela detalhes importantes sobre os planos da marca chinesa para nosso mercado.

Um SUV espaçoso com ficha técnica impressionante
Com dimensões generosas - 4,75 metros de comprimento, 1,90 m de largura e entre-eixos de 2,74 m - o X70 Plus se posiciona como uma opção robusta no segmento de SUVs de sete lugares. O que mais me chamou atenção foi como ele consegue ser ainda mais espaçoso que seu "primo" Tiggo 8 Pro, oferecendo potencialmente mais conforto para todos os ocupantes.
O motor é o mesmo 1.6 TGDI que equipa o Tiggo 8 Pro, mas com uma calibração diferente: no Jetour, ele desenvolve 197 cv e 29,57 kgfm, superando ligeiramente os números do modelo da Caoa Chery. O câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas promete entregar trocas suaves e eficiência energética.

Design equilibrado entre esportividade e sofisticação
Analisando as imagens, percebe-se que a Jetour buscou um equilíbrio interessante no visual do X70 Plus. A frente imponente com grade de barras cromadas e faróis em LED transmisse uma aura de premium, enquanto as saídas duplas de escape sugerem um toque esportivo. A barra luminosa traseira que percorre toda a largura do veículo é particularmente marcante, criando uma identidade visual forte durante a noite.
Na traseira, o nome da marca aparece integrado ao elemento luminoso, uma solução moderna que vem sendo adotada por várias montadoras. Os detalhes cromados são usados com moderação, evitando o excesso que poderia tornar o visual cafona.

Interior tecnológico e repleto de conveniências
O cabinismo parece ser um dos pontos fortes do X70 Plus. As fotos mostram um painel dominado por duas telas integradas - para instrumentos e multimídia - criando um ambiente moderno e conectado. O volante em couro e os materiais de acabamento macios ao toque, conforme descrito na ficha técnica argentina, sugerem que a Jetour não economizou nos detalhes.
A lista de equipamentos é extensa e inclui:
Seis airbags
Controle de cruzeiro adaptativo
Assistente de manutenção de faixa
Frenagem autônoma de emergência
Sensor de ponto cego
Câmeras com visão 360°
Para o conforto, há banco do motorista com ajustes elétricos, porta-malas com abertura elétrica, ar-condicionado dual zone, teto solar panorâmico e até um compartimento no console central com controle de temperatura para esfriar ou esquentar bebidas. São features que colocam o modelo em patamar premium.

Chegada iminente e estratégia de mercado
Apesar da ausência de comunicados oficiais, os sinais de que a Jetour se prepara para desembarcar no Brasil são cada vez mais evidentes. A empresa já está contratando funcionários brasileiros para trabalhar em sua sede em São Paulo, conforme confirmado em publicação no LinkedIn.
O que me intriga é a estratégia de portfólio que a marca parece adotar. Além do X70 Plus focado no urbano, outros dois modelos da Jetour - T1 e T2 - com vocação off-road também foram avistados no país. Isso sugere que a marca pretende atacar segmentos distintos desde o início, uma jogada ousada considerando que será uma recém-chegada ao mercado brasileiro.

O fato de o X70 Plus já estar emplacado e circulando sem camuflagem indica que os testes de homologação estão avançados. Resta saber quando a Jetour fará seu anúncio oficial e como posicionará este modelo em termos de preço frente aos concorrentes estabelecidos.
Posicionamento no mercado brasileiro: onde o X70 Plus se encaixa?
Analisando o cenário atual, fica claro que a Jetour pretende disputar um espaço bastante concorrido. O X70 Plus chegaria para brigar diretamente com modelos como o Toyota Corolla Cross, Honda HR-V e, é claro, seu próprio "parente" Tiggo 8 Pro. O que me surpreende é a ousadia de entrar com um modelo tão bem equipado logo de início - será que a marca está confiante na receptividade do consumidor brasileiro aos chineses premium?
O preço será, sem dúvida, o fator decisivo. Se a Jetour conseguir posicionar o X70 Plus com uma relação custo-benefício atraente, pode criar um nicho interessante. Imagine oferecer tecnologia e espaço equivalentes aos alemães, mas com preço mais próximo dos japoneses. Essa poderia ser a jogada de mestre, ou será que o mercado ainda resiste às marcas chinesas no segmento premium?

Desafios e oportunidades para a recém-chegada
A rede de concessionárias será outro ponto crucial. Conversando com colegas do setor, percebo que a infraestrutura pós-venda pode fazer ou quebrar uma marca nova. A Jetour precisará estabelecer rapidamente uma rede confiável de assistência técnica e disponibilidade de peças. Afinal, quem compra um SUV de sete lugares geralmente precisa de confiabilidade para viagens em família.
Por outro lado, a experiência da Caoa Chery no Brasil pode ser um trunfo importante. Aprendemos com outras marcas chinesas que o caminho para o sucesso aqui envolve mais do que apenas produtos bons - requer entendimento das particularidades do nosso mercado, das estradas brasileiras e, principalmente, da mentalidade do consumidor.
Um aspecto que poucos comentam: a Jetour chega em um momento de transformação no setor automotivo brasileiro. Com a eletrificação ganhando espaço e os consumidores mais abertos a novidades, talvez o timing seja perfeito para uma marca fresca, sem o "peso" da tradição que às vezes trava as montadoras estabelecidas.

O que esperar dos primeiros modelos nas ruas?
Baseado no que vi das especificações técnicas, suspeito que o X70 Plus terá um comportamento interessante nas estradas brasileiras. O motor 1.6 TGDI, embora não seja enorme em cilindradas, entrega torque suficiente para nosso trânsito urbano e nossas estradas com ultrapassagens. Mas será que a calibração da suspensão estará adaptada às nossas condições?
Me pergunto também sobre o consumo de combustível. Num país onde o preço da gasolina é sempre uma preocupação, a eficiência energética pode ser tão importante quanto o desempenho. O câmbio automatizado de dupla embreagem promete ajudar nesse aspecto, mas só testando nas nossas condições reais para saber.
Outra curiosidade: como se comportará o sistema multimídia com nossas estradas e nossa conectividade? As interfaces costumam ser desenvolvidas para mercados com infraestrutura diferente da nossa. Será que a Jetour adaptou o software para o Brasil, incluindo talvez integração com Waze ou aplicativos locais?
As assistências de direção também me deixam curioso. Itens como controle de cruzeiro adaptativo e assistente de faixa são excelentes em rodovias bem sinalizadas, mas como funcionarão nas nossas estradas com marcações às vezes desgastadas? A calibração desses sistemas para condições brasileiras pode fazer toda a diferença na experiência do usuário.

Rede de vendas e estratégia de marketing
Pelos movimentos que observei, a Jetour parece estar seguindo um caminho diferente de outras marcas chinesas que chegaram antes. Em vez de começar com modelos entry-level, partem direto para o segmento médio-premium. Isso exige uma estratégia de marketing sofisticada - como convencer o consumidor acostumado com marcas tradicionais a confiar numa recém-chegada?
A experiência de compra será fundamental. Lojas bem localizadas, vendedores bem treinados e test-drives bem estruturados podem ajudar a superar a desconfiança inicial. Talvez a marca aposte em eventos especiais ou parcerias estratégicas para construir credibilidade rapidamente.
O financiamento também será um ponto interessante. Considerando que muitos brasileiros financiam seus veículos, condições atraentes de pagamento podem ser um diferencial importante. Será que a Jetour trará alguma parceria com financeiras ou bancos para oferecer condições especiais?
E a garantia? Marcas novas costumam oferecer garantias extendidas ou programas de proteção mais abrangentes para conquistar a confiança dos primeiros compradores. Seria inteligente da Jetour vir com uma garantia robusta, talvez até superior à média do mercado.
Com informações do: Quatro Rodas