A Intel surpreendeu o mercado ao relançar um processador baseado na antiga arquitetura Comet Lake-S, demonstrando que na indústria de tecnologia, nada realmente morre - apenas volta com novo nome e preço repaginado. O Core i5-110 chegou oficialmente ao catálogo da empresa, trazendo de volta os 14nm em um momento onde a empresa já avança para processos de fabricação mais modernos.

Captura do Core i5-110 no site da Intel

Especificações e posicionamento no mercado

O Core i5-110 mantém as mesmas características técnicas que fizeram sucesso na décima geração: 6 núcleos, 12 threads, clock base de 2,9GHz que pode chegar a 4,3GHz em boost, 12MB de cache e TDP de 65W. Essas especificações são praticamente idênticas às do Core i5-10400, lançado anos atrás.

O que chama atenção é o preço de lançamento: US$ 200 (cerca de R$ 1.075), exatamente o mesmo valor que seu predecessor tinha quando estreou. Só que hoje, o i5-10400 pode ser encontrado por menos de US$ 150 em lojas internacionais e por valores interessantes aqui no Brasil também.

Processador Intel Core i5-10400F

O contexto por trás do relançamento

Como o VideoCardz lembra, a Intel havia indicado que a nomenclatura Core i5 seria aposentada na 14ª geração. A empresa seguiu com os Core 100 para notebooks, Core 200 para desktop e agora se prepara para os Core Ultra 300 com a arquitetura Panther Lake.

Então por que reviver um processador tão antigo? A resposta provavelmente está na ainda significativa base de usuários com placas-mãe LGA-1200 que procuram opções de upgrade acessíveis. Para quem não quer trocar toda a plataforma mas busca um pouco mais de performance, o i5-110 pode fazer sentido.

O que isso significa para o futuro próximo

O timing desse relançamento é particularmente interessante. Enquanto a Intel trabalha no refresh dos Arrow Lake para 2026 e prepara os Nova Lake para o final do próximo ano, ela ainda mantém opções baseadas em 14nm no mercado.

Isso me faz pensar: será que a Intel está esticando ao máximo o ciclo de vida da arquitetura Comet Lake para atender diferentes segmentos de mercado? Ou será uma estratégia para manter preços competitivos enquanto desenvolve suas tecnologias mais avançadas?

Os notebooks devem ser os primeiros a receber as novidades, com os Panther Lake chegando ainda este ano mostrando o potencial do processo de fabricação 18A da Intel. Mas no segmento desktop, parece que as reprises ainda vão continuar por um tempo.

Impacto no mercado de usados e upgrades

O relançamento do i5-110 cria uma situação curiosa no mercado de componentes usados. Afinal, por que comprar um processador recondicionado quando se pode ter um novo com garantia por um preço similar? Essa estratégia da Intel pode, ironicamente, valorizar ainda mais as placas-mãe LGA-1200 que ainda estão em circulação.

Conversei com um dono de loja de informática aqui de São Paulo que me contou algo interessante: "Muitos clientes chegam querendo melhorar o PC sem trocar placa-mãe e memória. Eles ficam surpresos quando descobrem que ainda existem processadores novos para socket LGA-1200". Essa demanda existe, e é real.

Comparação de desempenho: vale a pena o investimento?

Se você está pensando em fazer upgrade de um Core i3 ou Pentium da 10ª geração, o i5-110 oferece um salto significativo de performance. Os 6 núcleos e 12 threads fazem diferença real em multitarefa e aplicações mais pesadas. Mas e se você já tem um i5-10400? Nesse caso, a mudança seria lateral - praticamente nenhum ganho de performance.

O que me preocupa um pouco é como esse processador se compara às opções atuais da concorrência. Por US$ 200, existem alternativas AMD com arquitetura mais moderna e eficiência energética superior. Será que o consumidor está disposto a abrir mão disso pela conveniência de não trocar a placa-mãe?

Em testes que vi online, o i5-10400 (e por extensão, o i5-110) ainda segura bem o tranco em jogos quando combinado com uma placa de vídeo intermediária. Não é nenhum animal de performance, mas cumpre seu papel decentemente. Para quem joga em 1080p, pode ser uma opção interessante.

O que esperar dos próximos meses

Resta saber se a Intel vai expandir essa estratégia para outros modelos da linha Comet Lake. Um Core i7-170 baseado no i7-10700 faria sentido? Ou um Core i3-110 baseado no i3-10100? A lógica sugere que sim, especialmente considerando que a Intel deve ter estoque considerável de chips Comet Lake para dar vazão.

Aliás, essa pode ser uma das razões por trás do relançamento: aproveitar estoques existentes de wafers de 14nm que ainda estão na fábrica. É mais inteligente vender como "novo" do que como "recondicionado" - o valor de mercado é maior e a percepção do consumidor também.

O mercado brasileiro, particularmente, pode se beneficiar dessa movimentação. Como sabemos, componentes mais antigos tendem a chegar por aqui com preços mais atraentes depois que saem de linha nos EUA e Europa. Ter uma opção nova e com garantia para plataformas LGA-1200 pode ser interessante para quem monta PCs budget.

Comparativo de desempenho do Core i5-10400

Reações da comunidade e especialistas

Nas comunidades de hardware, a reação tem sido... bem, mista. Alguns veem como uma jogada inteligente da Intel para aproveitar estoques e atender demanda residual. Outros criticam a empresa por "estar vendendo tecnologia antiga como se fosse novidade".

Um analista de mercado que acompanha a Intel há anos me disse algo que faz pensar: "Isso mostra que a transição para processos mais avançados está mais complexa do que a Intel previa. Eles precisam manter receita fluindo enquanto resolvem os desafios de fabricação dos nodes mais modernos".

E você, o que acha? É uma estratégia inteligente ou desespero? Para quem monta PCs, vale a pena considerar um processador como esse em 2025? As respostas podem variar bastante dependendo do uso específico e do orçamento disponível.

O certo é que a Intel parece estar adotando uma abordagem multifacetada: inova na ponta alta com Core Ultra, mantém opções mainstream com Arrow Lake e Raptor Lake Refresh, e agora revive Comet Lake para o segmento entry-level. É a famosa estratégia de "fazer dinheiro com tudo que tem na prateleira".

Com informações do: Adrenaline