O Fiat Pulse Drive 1.3 manual retorna ao mercado na linha 2026 com um título importante: é o SUV mais barato do Brasil. Essa versão, que havia sido descontinuada, volta agora para enfrentar concorrentes diretos como o VW Tera MPI, também com motor aspirado e câmbio manual. Mas será que o preço baixo compensa as ausências na lista de equipamentos?

O que mudou no visual do Pulse 2026
As alterações estéticas ficaram concentradas na dianteira, que agora adota o mesmo para-choque do Fiat Fastback, com aberturas verticais nas extremidades. As grades ganharam tramas exclusivas: na superior, linhas verticais; na inferior, desenhos cruzados que remetem ao novo Grande Panda.
No entanto, o Pulse 2026 não recebeu os faróis full LED do Fastback, mantendo os faróis de LED com indicadores de direção halógenos. Faróis de neblina em LED só estão disponíveis como opcionais na versão topo de linha, Impetus Hybrid, que também traz teto solar panorâmico - uma exclusividade no segmento.

Os retrovisores e maçanetas em preto fosco deixam claro que estamos falando da versão de entrada. Enquanto no Tera e no Kardian esses itens já recebem pintura, no Pulse só a partir da versão Audace os retrovisores ganham acabamento em preto brilhante e as maçanetas são pintadas na cor da carroceria.
Equipamentos e itens de segurança
O Pulse Drive básico vem com rodas de aço de 16", mas o comprador pode optar pelo Pack Plus, pacote de R$ 2.990 que adiciona rodas de liga leve de 16", câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro. Na traseira, não houve alterações de design na linha 2026, e o porta-malas mantém os 370 litros declarados pela Fiat.

O interior traz central multimídia de 8,5" com Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado automático digital, retrovisores elétricos, bancos em tecido e quadro de instrumentos analógico com tela de 3,5". Porém, quando o assunto é segurança, o Pulse Drive fica atrás: enquanto todos os rivais têm airbags de cortina, o Fiat se contenta com airbags frontais e laterais, somando quatro.
Desempenho e consumo de combustível
O motor 1.3 aspirado que equipa o Pulse Drive desenvolve 98/107 cv (gasolina/etanol) e torque de 13,2/13,7 kgfm. Nos testes, o SUV manual fez de 0 a 100 km/h em 12,4 segundos, contra 13,9 s da versão com câmbio CVT.
A transmissão manual de cinco marchas tem engates precisos, mas com uma relação bem alongada que não favorece uma direção mais esportiva. Acima dos 90 km/h, uma sexta marcha faria diferença tanto no conforto acústico quanto no consumo.
Em relação ao consumo, o Pulse piorou suas médias desde o lançamento em 2022 - mudanças necessárias para atender às exigências do Proconve L8, com metas mais rígidas de emissões. No consumo urbano, o Pulse manual registrou 13,3 km/l, empatando com a versão CVT. Na estrada, fez 16,2 km/l contra 17,8 km/l da versão automática.
A suspensão firme transmite sensação de robustez diante de buracos, mas sem perder conforto. Os pneus 195/60 de perfil alto e a altura em relação ao solo ajudam na absorção dos impactos.
Vantagens competitivas e pontos fracos
O Pulse Drive 2026 defende seu título de SUV mais barato do Brasil com o preço de R$ 99.990. Além do preço, tem vantagens como o ar-condicionado digital e o TC+, sistema que distribui a tração para as rodas com mais aderência em terrenos irregulares - um equipamento exclusivo no segmento.
Porém, perde feio para o Tera MPI em termos de segurança: enquanto o rival alemão oferece seis airbags, frenagem autônoma de emergência, detector de fadiga e sensor de estacionamento traseiro, o Pulse básico fica com o pacote mínimo.
Dados técnicos do Fiat Pulse Drive 1.3 MT
Motor: Gasolina/Etanol, 1.332 cm³, 107 cv / 98 cv (etanol/gasolina)
Câmbio: Manual, 5 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (dianteiro), eixo de torção (traseiro)
Freios: Disco ventilado (dianteiro), tambor (traseiro)
Rodas e pneus: 16", 195/60 R16
Porta-malas: 370 litros; tanque de 47 litros
O dia a dia com o Pulse Drive: como é dirigir o SUV mais barato
Na prática, o que mais surpreende no Pulse Drive é justamente como ele não parece um carro de entrada. A dirigibilidade é bastante equilibrada, com uma direção elétrica que oferece bom tato em baixas velocidades – algo essencial para manobras urbanas. Apesar do motor aspirado exigir um pouco mais de rotação para entregar seu melhor, a relação do câmbio manual é bem pensada para o uso cotidiano.
Mas vamos falar sobre o que realmente importa para quem compra um carro nessa faixa de preço: o custo-benefício. E aqui, o Pulse apresenta uma dualidade interessante. Por um lado, oferece itens que normalmente veríamos apenas em versões mais caras, como o ar-condicionado digital automático. Por outro, deixa a desejar em aspectos básicos de segurança que já deveriam ser padrão em qualquer veículo novo hoje em dia.
O sistema de infotainment de 8,5 polegadas responde bem aos comandos, e a integração com Android Auto e Apple CarPlay é imediata. No entanto, a ausência de conectividade wireless pode ser um ponto negativo para quem está acostumado com a praticidade de simplesmente entrar no carro e ter tudo funcionando automaticamente. A qualidade dos materiais no interior é aceitável para a categoria, mas é visível que a Fiat precisou fazer algumas economias para chegar nesse preço.
Comparação direta com os principais concorrentes
Quando colocamos o Pulse Drive lado a lado com o Volkswagen Tera MPI, as diferenças ficam evidentes. O Tera custa aproximadamente R$ 4.000 a mais, mas traz como diferenciais os seis airbags (incluindo os de cortina), controle de estabilidade e tração, sensor de estacionamento traseiro e até mesmo o sistema de frenagem autônoma de emergência. São itens de segurança que, na minha opinião, valem muito o investimento adicional.
Outro concorrente direto é o Renault Kardian, que apesar de ser um pouco mais caro, oferece um visual mais moderno e interior com acabamento de melhor qualidade. O motor 1.0 turbo do Kardian entrega performance superior, especialmente em retomadas, mas o consumo pode ser um ponto de atenção para quem roda muito.

O que me faz pensar: será que a Fiat não poderia ter encontrado um meio-termo? Talvez oferecendo um pacote de segurança opcional para quem deseja mais proteção sem precisar pular para a versão Audace, que custa significativamente mais. Afinal, segurança deveria ser prioridade, não opção.
Manutenção e custos de propriedade: o que esperar
Um dos trunfos do Pulse Drive está na rede de concessionárias Fiat, uma das maiores e mais bem distribuídas do país. A manutenção preventiva segue os intervalos padrão da marca – a cada 10.000 km ou 6 meses – e os custos são compatíveis com a categoria. As peças de reposição têm boa disponibilidade e preços acessíveis, um fator importante para quem planeja ficar com o carro por vários anos.
O consumo de combustível, como mencionado anteriormente, não é mais o destaque que era no lançamento do modelo. Mesmo assim, 13,3 km/l na cidade ainda é um número respeitável para um SUV. O que chama atenção é a igualdade de consumo entre as versões manual e automática – algo incomum, já que normalmente os câmbios manuais são mais econômicos.

O tanque de combustível de 47 litros proporciona uma autonomia urbana de aproximadamente 625 km com gasolina, o que significa que o proprietário não precisará visitar o posto com frequência excessiva. Para quem usa o carro principalmente para deslocamentos diários, isso pode significar apenas uma ou duas visitas ao mês ao posto.
O sistema TC+: vale a pena no dia a dia?
O TC+ (Traction Control Plus) é um dos grandes diferenciais do Pulse em relação aos concorrentes. Basicamente, é um sistema que atua como um diferencial autoblocante eletrônico, freando individualmente as rodas que patinam e transferindo torque para as que têm mais aderência. Na prática, isso significa mais segurança e controle em pisos escorregadios ou irregulares.
Mas será que um comprador de um SUV de entrada realmente precisa disso? Depende muito do uso. Para quem mora em cidades com ruas mal conservadas ou precisa enfrentar estradas de terra ocasionalmente, o TC+ pode ser um aliado valioso. Já para o uso exclusivamente urbano, é um item que dificilmente será utilizado, mas que está lá como um extra de segurança.
O que me impressiona é que a Fiat manteve esse sistema mesmo na versão mais básica, enquanto economizou em itens de segurança passiva. É uma escolha interessante de posicionamento – priorizar a capacidade off-road leve em detrimento de proteções que poderiam salvar vidas em um acidente.
Desvalorização e mercado de usados: perspectivas futuras
Os modelos Fiat tradicionalmente têm boa aceitação no mercado de seminovos, e o Pulse não deve ser diferente. A volta da versão Drive com preço agressivo tende a aquecer ainda mais a procura pelo modelo, o que pode se refletir em uma desvalorização mais lenta compareda aos concorrentes.
No entanto, a falta de itens de segurança pode se tornar um ponto negativo na hora da revenda daqui a alguns anos. Com a crescente conscientização dos consumidores sobre segurança veicular, é possível que versões mais equipadas – mesmo de outras marcas – mantenham melhor seu valor no mercado secundário.
Outro fator que influenciará a desvalorização é a confiabilidade do motor 1.3 aspirado. Esse propulsor já é conhecido no mercado por sua durabilidade e baixo custo de manutenção, herdado do Argo e do Cronos. São características que costumam agradar aos compradores de usados, que priorizam economia e confiabilidade acima de tudo.
E falando em usados, é interessante notar que os primeiros Pulse do mercado seminovo ainda mantêm preços relativamente altos, o que indica que a procura pelo modelo continua forte. Isso é um bom sinal para quem está pensando em comprar um zero km hoje e revendê-lo no futuro.
Com informações do: Quatro Rodas