Os fãs da franquia Dragon Quest têm motivo para comemorar: durante o Nintendo Direct, foi anunciado o remake completo de Dragon Quest VII, um dos jogos mais queridos do PlayStation 1. Intitulado "Dragon Quest 7 Reimagined", o projeto promete trazer de volta essa aventura clássica com gráficos modernizados e novas mecânicas de jogo, mantendo a essência que conquistou milhões de jogadores.

O que esperar do remake de Dragon Quest VII

Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past foi originalmente lançado para PlayStation em 2000 no Japão e chegou ao ocidente apenas em 2001. O jogo se destacava por sua narrativa épica e sistema de classe robusto, elementos que devem ser preservados no remake. A Square Enix, desenvolvedora da série, já demonstrou expertise em refazer clássicos – basta lembrar dos excelentes remakes de Dragon Quest IV, V e VI para Nintendo DS.

O que me surpreende é o timing desse anúncio. A Square Enix parece estar investindo pesado na revitalização de sua biblioteca clássica, e Dragon Quest VII é uma escolha particularmente interessante. Diferente de outros JRPGs da época, este título tinha uma estrutura quase episódica, com ilhas e continentes que iam sendo desbloqueados conforme a história progredia.

Mudanças e expectativas para a versão Reimagined

Embora detalhes específicos ainda sejam escassos, é possível especular sobre algumas mudanças que provavelmente virão. O sistema de batalha por turnos tradicional pode receber ajustes para agilizar as lutas – algo que já vimos em Dragon Quest XI. Os gráficos, certamente, serão completamente refeitos, possivelmente seguindo o estilo visual encantador que caracteriza a série moderna.

E quanto ao conteúdo? Dragon Quest VII original era notório por sua extensão – facilmente ultrapassando 100 horas de jogo para completar tudo. Será que a Square Enix manterá essa magnitude ou fará cortes para adequar ao jogador contemporâneo? Particularmente, espero que preservem a essência da experiência, mesmo que isso signifique um jogo extremamente longo.

O legado de Dragon Quest e o mercado de remakes

Não podemos ignorar o contexto mais amplo: estamos vivendo uma era dourada dos remakes. De Final Fantasy VII Rebirth até Resident Evil 4, as produtoras estão descobrindo que revitalizar clássicos é não apenas financeiramente lucrativo, mas também uma forma de apresentar obras importantes para novas gerações.

Dragon Quest, como franquia, sempre teve um apelo particular no Japão, onde é praticamente uma instituição nacional. No ocidente, sua popularidade cresceu consistentemente, especialmente após o sucesso de Dragon Quest XI. Esse remake pode ser a oportunidade perfeita para que muitos jogadores experimentem pela primeira vez uma das entradas mais peculiares da série.

O lançamento está previsto para fevereiro de 2026, o que dá à Square Enix bastante tempo para polir a experiência. Resta saber em quais plataformas estará disponível – considerando que foi anunciado no Nintendo Direct, é seguro assumir que chegará ao Switch, mas provavelmente veremos versões para outras plataformas também.

Um aspecto fascinante desse remake é como a Square Enix abordará a estrutura narrativa única do original. Dragon Quest VII não seguia uma linearidade tradicional – a descoberta de fragmentos do passado que restauraram o mundo presente era seu cerne criativo. Essa abordagem quase arqueológica, onde cada fragmento contava uma história autônoma mas conectada ao todo, era revolucionária para a época.

Será que manterão essa fragmentação narrativa ou buscarão uma experiência mais coesa? Na minha opinião, parte do charme do jogo estava justamente nessa sensação de desvendar um quebra-cabeça temporal. Alterar isso significaria perder algo fundamental da identidade do título.

Comparação visual entre o original e o remake

O sistema de classes: tradição versus modernização

O sistema de classes de Dragon Quest VII era absurdamente profundo – talvez um dos mais complexos já vistos em JRPGs. Com mais de 30 classes diferentes e um sistema de mestria que permitia combinar habilidades, os jogadores podiam passar dezenas de horas apenas experimentando combinações.

Como alguém que perdeu incontáveis horas com esse sistema, fico curioso para ver como equilibrarão a complexidade original com as expectativas modernas de acessibilidade. Os jogadores de hoje tendem a preferir sistemas mais intuitivos, mas simplificar demais seria trair o espírito do jogo.

E as batalhas? O combate por turnos tradicional pode parecer datado para alguns, mas possui um charme estratégico inegável. A Square Enix poderia adotar uma abordagem similar à de Dragon Quest XI, que manteve a essência por turnos mas adicionou opções de aceleração e automação para quem preferia uma experiência mais ágil.

O desafio técnico: recriar um mundo massivo

Dragon Quest VII original tinha um escopo impressionante para sua época. Com dezenas de ilhas, cada uma com sua própria cultura, história e desafios, o jogo era um verdadeiro épico de mundo aberto antes do termo se popularizar. Recriar tudo isso com gráficos modernos representa um desafio técnico monumental.

Considerando que estamos falando de um lançamento para 2026, é provável que a Square Enix esteja desenvolvendo para a próxima geração de hardware. Isso abre possibilidades interessantes – talvez vejamos um mundo verdadeiramente contínuo, sem transições entre áreas, algo impossível no PlayStation original.

O aspecto visual também levanta questões interessantes. Manterão o estilo artístico de Akira Toriyama, que é marca registrada da série? Ou arriscarão uma reinterpretação visual? Os trailers iniciais sugerem uma fidelidade ao estilo original, mas com uma qualidade polida que só a tecnologia moderna pode proporcionar.

O contexto da indústria: por que agora?

O timing desse anúncio não é aleatório. A Square Enix claramente está capitalizando no sucesso do recente Dragon Quest III HD-2D Remake e preparando o terreno para o aguardado Dragon Quest XII. Relançar Dragon Quest VII em 2026 posiciona a franquia perfeitamente entre esses dois lançamentos importantes.

Além disso, há um fator geracional em jogo. Muitos fãs que jogaram o original no PlayStation estão agora na casa dos 30 ou 40 anos – com poder aquisitivo e nostalgia para investir em remakes de qualidade. A indústria percebeu que esse público é extremamente valioso e disposto a pagar por experiências que resgatam sua juventude.

E não podemos ignorar o sucesso de outros remakes de JRPGs. Games como Final Fantasy VII Remake e Live A Live demonstraram que há um mercado ávido por reinterpretações de clássicos – desde que feitas com cuidado e respeito ao material original.

O que me preocupa, honestamente, é a tentação de modernizar demais. Dragon Quest sempre foi sobre tradição e comfort food gaming. Mudanças radicais na fórmula poderiam alienar o público central enquanto tenta atrair novos jogadores. É um equilíbrio delicado que a Square Enix precisará alcançar.

Outra questão: o conteúdo adicional. Remakes modernos frequentemente adicionam novos dungeons, chefes ou até capítulos narrativos. Será que veremos conteúdo cortado do original finalmente implementado? Ou novas histórias que expandem o universo? A possibilidade é excitante, mas também arriscada – adições mal executadas podem sentir-se como fan service desnecessário.

Com informações do: IGN Brasil