Uma placa de vídeo clássica ganha nova vida
Lançada em 2014 pela NVIDIA, a GeForce GTX 970 rapidamente se tornou um dos modelos mais populares entre os jogadores, dominando as estatísticas do Steam por anos. Mais de uma década depois, essa GPU veterana foi usada em um experimento fascinante que demonstra o impacto da memória de vídeo em jogos atuais.

O canal Peperaio Hardware colocou à prova uma unidade modificada pelo brasileiro Paulo Gomes, que dobrou a capacidade de VRAM da placa - de 4GB originais para 8GB. A base foi um modelo Strix da ASUS, que já era considerado premium em sua época.
Resultados impressionantes em jogos modernos
Os testes revelaram um cenário curioso: enquanto jogos contemporâneos à GTX 970, como Red Dead Redemption 2, não mostraram melhorias significativas, títulos mais recentes apresentaram ganhos substanciais:
Cyberpunk 2077 (configurações altas): 16% mais performance
Horizon Forbidden West: impressionantes 40% de melhoria
The Last of Us Parte 2 Remastered: 24% mais frames
Esses números levantam uma questão importante: será que a indústria está subestimando a importância da VRAM em GPUs de entrada e intermediárias?
O debate sobre memória de vídeo
O experimento reacendeu a discussão sobre quanta VRAM é realmente necessária para jogos modernos. Enquanto fabricantes como AMD e NVIDIA defendem modelos com 8GB para o mercado mainstream, os resultados mostram que jogos mais exigentes podem se beneficiar significativamente de mais memória.
Mas atenção: VRAM não é varinha mágica. A arquitetura mais antiga da GTX 970 ainda limita seu potencial, mesmo com mais memória. Em alguns casos, como Plague Tale: Requiem, os ganhos foram praticamente nulos - provando que outros fatores como poder de processamento e eficiência arquitetural continuam cruciais.
Desvendando os limites da modificação
Ao analisar os resultados com mais profundidade, fica claro que os ganhos variam dramaticamente dependendo do tipo de jogo. Títulos com texturas extremamente detalhadas e sistemas de streaming de assets complexos, como Horizon Forbidden West, foram os que mais se beneficiaram. Isso porque esses jogos precisam carregar grandes quantidades de dados visuais simultaneamente - exatamente onde a VRAM extra faz diferença.
Por outro lado, jogos que dependem mais de cálculos complexos de shaders ou ray tracing - mesmo que teóricos na GTX 970 - mostraram melhorias mínimas. A placa simplesmente não tem unidades especializadas para essas tarefas, tornando a VRAM adicional menos relevante. É como ter uma biblioteca gigante (a VRAM) mas apenas uma pequena equipe de bibliotecários (os núcleos CUDA) para processar todas as requisições.
O que isso significa para o mercado atual?
Esse experimento caseiro traz reflexões importantes sobre as estratégias das fabricantes. A NVIDIA, por exemplo, tem sido criticada por lançar placas como a RTX 4060 Ti em versões de 8GB e 16GB com diferenças de preço substanciais. Será que estamos pagando um premium excessivo por VRAM extra quando poderia ser uma opção mais acessível?
Alguns desenvolvedores independentes já comentaram sobre o assunto. Em entrevista ao Adrenaline, um programador de uma grande produtora (que preferiu não se identificar) afirmou: "Otimizamos jogos para o hardware mais comum, e infelizmente 8GB ainda é o padrão. Mas se mais placas tivessem 12GB ou 16GB, poderíamos entregar texturas de qualidade significativamente melhor sem comprometer o desempenho."
Modificação: vale a pena para usuários comuns?
Apesar dos resultados impressionantes, a modificação não é para qualquer um. Paulo Gomes, o responsável pelo projeto, detalhou os desafios:
Necessidade de soldagem precisa em componentes minúsculos
Risco de danificar permanentemente a placa
Falta especialização para reprogramar o BIOS da GPU
Compatibilidade limitada a alguns modelos específicos
Para quem tem uma GTX 970 parada, talvez valha mais a pena investir em uma placa mais moderna usada. Mas como prova de conceito, o projeto mostra como a indústria poderia estender a vida útil de hardware com upgrades estratégicos de memória - algo que já vemos em consoles como o PlayStation 5 Pro, que aumentou sua memória em relação ao modelo original.
Curiosamente, esse não é o primeiro caso do tipo. Em 2023, um entusiasta russo já havia modificado uma RTX 2080 Ti para 22GB de VRAM, com ganhos expressivos em aplicações profissionais. Isso sugere que talvez exista um mercado não explorado para upgrades oficiais de memória em GPUs - quem sabe até como serviço pós-venda das próprias fabricantes.
Com informações do: Adrenaline