Em uma revelação surpreendente que mistura futebol de elite com cultura gamer, Wayne Rooney compartilhou como um título específico do PlayStation Portable foi fundamental para a química do lendário Manchester United de Sir Alex Ferguson. O ex-atacante, que marcou época no clube entre 2004 e 2017, sugere que as sessões de gaming podem ter sido tão importantes quanto os treinos para o sucesso da equipe.

Wayne Rooney durante entrevista sobre a importância do PSP no Manchester United

SOCOM: o jogo militar que uniu gigantes do futebol

Durante participação no The Wayne Rooney Show, o artilheiro revelou que o título preferido não era um jogo de futebol, mas sim SOCOM, um shooter tático militar desenvolvido pela Zipper Interactive. "Você sabe o que nós costumávamos jogar? Não era FIFA", contou Rooney. "No Manchester United, acredito que boa parte do nosso sucesso era jogar o PSP."

O que torna essa história particularmente interessante é como as personalidades dos jogadores se refletiam no game. Rooney descreve formações específicas de 5 contra 5 que incluíam ele mesmo, Rio Ferdinand, Michael Carrick, John O'Shea e Wes Brown. Imaginar esses astros do futebol mundial coordenando estratégias militares em um portátil durante viagens é uma imagem que desafia o estereótipo tradicional dos jogadores profissionais.

Comunicação além do campo

Rooney foi enfático ao explicar o verdadeiro valor dessas sessões de gaming: "Não, honestamente, era porque isso fazia com que nos comunicássemos mais." Essa afirmação me faz pensar sobre como atividades aparentemente recreativas podem ter impactos profundos na dinâmica de grupo em ambientes de alta performance.

Em 2023, Rio Ferdinand já havia dado mais detalhes sobre essas partidas, revelando que elas podiam durar de duas a três horas e eram marcadas por intenso companheirismo - e algumas brigas saudáveis entre perdedores e vencedores. É fascinante como competição virtual pode fortalecer laços reais.

Os que ficaram de fora da revolução do PSP

Nem todos os jogadores participavam dessa cultura gaming, no entanto. Rooney mencionou que o goleiro Edwin van der Sar, de personalidade mais reservada, costumava se afastar quando o barulho das sessões aumentava. Essa dinâmica cria um retrato interessante sobre como diferentes personalidades coexistem em vestiários de elite.

O que me surpreende é como essa história ressoa com tendências atuais de team building corporativo que utilizam games para melhorar comunicação. Quem diria que o Manchester United da era Ferguson já praticava isso intuitivamente?

Enquanto Rooney promovia o EA Sports FC 26 durante a entrevista, ele admitiu que hoje joga menos games do que no passado. Uma pena, considerando o papel que títulos como SOCOM no PSP tiveram em sua carreira.

O detalhe que mais me chama atenção nessa história é o timing perfeito. O PSP foi lançado em 2005, justamente quando o Manchester United de Ferguson consolidava uma nova geração de jogadores. Rooney chegou em 2004, Carrick em 2006 - era um grupo que precisava criar identidade rapidamente. E o PSP, com sua portabilidade, chegou como uma ferramenta quase sob medida para aquela equipe em formação.

SOCOM como simulador tático inconsciente

Quando você para para analisar, SOCOM não era um jogo qualquer. Era um título que exigia comunicação constante, posicionamento estratégico e tomada de decisões rápidas - habilidades que transferiam diretamente para o futebol. Rooney e Ferdinand coordenando ataques virtuais não era tão diferente deles sincronizando movimentos defensivos no campo.

E pensar que isso acontecia naturalmente, sem qualquer intenção de "treino cognitivo". Os jogadores simplesmente se divertiam, mas o subtexto era pura construção de equipe. Me pergunto quantas jogadas ensaiadas do United naquela época nasceram dessas sessões de gaming entre um hotel e outro.

Ferdinand uma vez descreveu como as partidas ficavam tão intensas que os jogadores continuavam discutindo estratégias no vestiário. "Era como se tivéssemos dois jogos simultâneos: o real e o virtual", contou. Essa sobreposição entre os mundos real e digital me parece especialmente relevante hoje, quando tanto se fala em metaverso e realidade extendida.

O contraste geracional no vestiário

Enquanto a turma do PSP dominava as viagens, jogadores como Paul Scholes e Ryan Giggs representavam uma geração diferente. Scholes, conhecido por sua personalidade introspectiva, dificilmente se envolveria com games militares. Essa coexistência de subculturas dentro do mesmo vestiário é um aspecto fascinante que raramente discutimos.

Van der Sar, com seus 34 anos quando chegou ao United em 2005, já era um veterano que preferia ler ou descansar. Essa dinâmica cria quase uma metáfora sobre como diferentes gerações se integram em ambientes profissionais. Os mais jovens unidos pela tecnologia, os veteranos mantendo seus rituais tradicionais.

E o que dizer de Cristiano Ronaldo, que chegou em 2003? Ele teria participado dessas sessões? Rooney não menciona, mas considerando a obsessão de CR7 com perfeccionismo físico, é possível que ele preferisse focar em seu regime de treinos. Cada jogador encontrava sua própria maneira de contribuir para a química do grupo.

O legado gaming que ultrapassa gerações

Essa cultura gaming não morreu com aquela geração do United. Recentemente, jogadores como Trent Alexander-Arnold do Liverpool falaram sobre como Fortnite e Call of Duty ajudam na comunicação entre companheiros de time. A diferença é que hoje isso acontece online, enquanto o grupo do PSP precisava estar fisicamente junto.

Há algo quase nostálgico nessa imagem de gigantes do futebol aglomerados em um ônibus, cada um com seu PSP. Era uma conexão mais... humana, se é que isso faz sentido. Sem a mediação de servidores distantes, apenas amigos competindo cara a cara.

Rooney mencionou que hoje joga menos, mas será que os jogadores atuais perdem algo ao substituir essas sessões presenciais por partidas online? É uma questão interessante para quem estuda dinâmica de grupos esportivos. A tecnologia evoluiu, mas será que a qualidade da interação se manteve?

Enquanto isso, o próprio EA Sports FC continua sendo um ponto de encontro virtual para jogadores de todo o mundo. Ironia das ironias: o mesmo Rooney que evitava FIFA nos tempos de PSP agora promove a franquia sucessora. O mundo dá voltas, não?

Com informações do: Adrenaline