A ASUS acaba de anunciar um marco significativo para entusiastas de hardware: suas placas-mãe série 800 para processadores Intel agora suportam velocidades de memória DDR5-7200 MT/s nativamente, sem necessidade de perfis XMP. Esta conquista técnica representa um salto considerável na performance de sistema para os novos processadores Core Ultra 200S.

Os bastidores da tecnologia

O que torna esse feito particularmente impressionante é que a ASUS conseguiu atingir 7200 MT/s com estabilidade usando apenas perfis JEDEC padrão. Normalmente, alcançar essas velocidades exigiria ativação de perfis XMP/EXPO na BIOS, mas a fabricante parece ter otimizado seus projetos de PCB, integridade de sinal e fornecimento de energia para tornar isso possível desde o primeiro boot.

Teste de velocidade de memória DDR5-7200 MT/s na ASUS PRIME Z890-P

Nos testes realizados, a empresa utilizou um kit DDR5-7200 de 32 GB da Kingston com o controlador de memória operando na proporção 1:2 a 1800 MT/s. As latências configuradas foram CL58-58-58-115 com a memória operando a apenas 1,10V - um valor relativamente baixo para essa frequência.

É verdade que as temporizações parecem um pouco frouxas, mas isso é o trade-off natural quando se busca atingir frequências mais altas com baixa voltagem. O importante é que os testes do RunMemtestPro demonstraram estabilidade sólida a 7200 MT/s, o que é bastante animador.

O impacto real no desempenho

Vamos colocar isso em perspectiva: o JEDEC define 6400 MT/s como padrão oficial para as CPUs Core Ultra 200S (Arrow Lake S), então estamos falando de um aumento de 800 MT/s sobre a especificação base. Em certas aplicações - especialmente aquelas sensentes à largura de banda de memória - isso pode traduzir em ganhos perceptíveis de performance.

Comparativo de desempenho de memória em placas ASUS série 800

Mas seja realista: para o usuário médio, a diferença pode não ser revolucionária. Onde isso realmente importa é em workloads especializados como edição de vídeo, renderização 3D ou emulação de sistemas - cenários onde cada incremento de largura de banda é bem-vindo.

Curiosamente, a demonstração foi feita usando a placa-mãe PRIME Z890-P, que está no segmento mais acessível da linha. Isso sugere que a tecnologia não está reservada apenas para modelos premium, o que é excelente para os consumidores.

O cenário de preços e modelos

Falando em acessibilidade, a série 800 da ASUS abrange desde modelos entry-level até opções high-end. Você encontra a ASUS PRIME H810M-A por around R$ 869,99, enquanto no extremo oposto está a ASUS ROG Maximus Z890 Apex por R$ 5.599,99.

Linha de placas-mãe ASUS série 800 com suporte DDR5-7200

Vale destacar que o suporte a DDR5-7200 nativo está disponível em diversas linhas incluindo PRIME, TUF Gaming e ROG Strix. É importante notar que essa tecnologia é específica para placas com chipset Intel - não se aplica aos modelos AMD.

Para quem está montando um setup com os novos processadores Intel Core Ultra 200S, essa pode ser uma consideração importante na escolha da placa-mãe. A pergunta que fica é: até que ponto outras fabricantes seguirão esse mesmo caminho?

Compatibilidade e considerações práticas

Antes de sair correndo para comprar um kit DDR5-7200, é crucial entender que a compatibilidade vai além da placa-mãe. O controlador de memória integrado (IMC) do seu processador Intel Core Ultra 200S também precisa ser capaz de lidar com essas velocidades. Na minha experiência, há variações significativas na qualidade do IMC entre diferentes unidades do mesmo modelo de CPU.

E não para por aí - a própria memória precisa ser compatível. A ASUS testou especificamente com kits Kingston, mas será que outros fabricantes como Corsair, G.Skill ou TeamGroup terão o mesmo desempenho? Essa é uma pergunta que muitos entusiastas estão se fazendo.

Teste de compatibilidade de memória em diferentes configurações

Outro ponto que merece atenção: o suporte nativo DDR5-7200 funciona com módulos de até quantos GB? A demonstração usou 32GB, mas e se você precisar de 64GB ou 128GB? Há relatos de que sistemas com mais módulos ou maior capacidade podem ter dificuldades em manter frequências tão altas com estabilidade.

É frustrante quando as especificações no papel não se traduzem para o mundo real, não é? Por isso, recomendo sempre verificar a QVL (Lista de Produtos Qualificados) da ASUS antes de fazer qualquer investimento em memória.

O que isso significa para o overclocking?

Aqui está onde as coisas ficam realmente interessantes. Se a ASUS conseguiu 7200 MT/s com perfis JEDEC padrão, imagine até onde podemos chegar com ajustes manuais e perfis XMP/EXPO! As placas da série 800, especialmente as modelos ROG e TUF Gaming, sempre foram conhecidas por seu potencial de overclocking robusto.

Conversei com alguns entusiastas que já estão testando esses limites iniciais, e as primeiras impressões são promissoras. Um deles me contou que conseguiu estabilizar seu kit DDR5 a 7800 MT/s na ASUS ROG Strix Z890-E Gaming com ajustes de voltagem relativamente conservadores.

Interface BIOS da ASUS mostrando opções de overclock de memória

Mas atenção: overclocking sempre vem com riscos. Apesar dos avanços, empurrar a memória além das especificações ainda pode resultar em instabilidade do sistema ou, em casos extremos, danos permanentes aos componentes. A ASUS inclui ferramentas como MemTest86 integrado na BIOS e perfis pré-configurados para ajudar usuários menos experientes.

O que me surpreende é como a fabricante está democratizando o acesso a altas velocidades de memória. Antes, atingir 7200 MT/s exigia conhecimentos avançados de overclocking e componentes premium. Agora, parece que até usuários com pouca experiência podem aproveitar esses benefícios.

Implicações para o mercado e concorrência

Você já parou para pensar como essa movida da ASUS pode impactar outras fabricantes como Gigabyte, MSI e ASRock? A corrida pelas melhores velocidades de memória nativas está se aquecendo, e os consumidores provavelmente sairão ganhando.

MSI já anunciou que suas placas Z890 podem suportar até DDR5-8000+ com overclock, mas ainda depende de perfis XMP. A Gigabyte, por sua vez, focou na estabilidade a altas frequências com seu design de PCB reforçado. Cada fabricante está seguindo uma estratégia diferente, o que torna o mercado atual fascinante para observadores.

E os próprios fabricantes de memória? Eles devem estar revendo suas estratégias de produto. Se as placas-mãe agora suportam velocidades mais altas nativamente, talvez vejamos mais kits otimizados especificamente para as plataformas ASUS série 800.

O timing também é interessante - isso acontece justamente quando a Intel prepara seus próximos lançamentos e a AMD continua evoluindo a plataforma AM5. Será que a AMD responderá com algo similar para suas placas Ryzen? A especulação é que sim, mas ainda não há confirmações oficiais.

No final das contas, essa evolução técnica beneficia a todos nós. Mesmo que você não precise de DDR5-7200 hoje, essa tecnologia eventualmente trickle down para produtos mais acessíveis. Lembra quando DDR4-3200 era considerado high-end? Hoje é praticamente o padrão para sistemas entry-level.

Com informações do: Adrenaline