Capcom atinge marca histórica com vendas digitais
A Capcom anunciou um marco impressionante: 90% de suas vendas de jogos no último ano fiscal foram em formato digital. Entre abril de 2024 e março de 2025, a empresa distribuiu 51,8 milhões de unidades, sendo 46,7 milhões digitais e apenas 5,1 milhões físicas. Esses números refletem uma mudança significativa no comportamento dos consumidores e na estratégia da própria empresa.

Plataformas e franquias que impulsionaram o sucesso
Analisando os dados por plataforma:
PC: 28,2 milhões de unidades (54,4% do total)
Consoles: 18,5 milhões (35,7%)
Físico: 5,1 milhões (9,9%)
O crescimento no PC é particularmente notável - em apenas quatro anos, as vendas saltaram de 8 milhões para 28,2 milhões de unidades. Franquias como Monster Hunter, Resident Evil, Street Fighter e Devil May Cry foram as principais responsáveis por esses resultados expressivos.
Monster Hunter Wilds liderou as vendas em 2025, enquanto a Capcom continuou a expandir seu catálogo com remakes e novas versões de seus títulos clássicos.
O futuro digital da Capcom
Para o próximo ano fiscal, a empresa projeta que 93,3% de suas vendas serão digitais - cerca de 50,4 milhões de um total estimado de 54 milhões de unidades. Essa confiança no modelo digital vem acompanhada de estratégias agressivas:
Investimento contínuo em remakes da série Resident Evil
Novas versões de Dragon's Dogma 2 e Street Fighter 6
Promoções estratégicas e reaproveitamento do catálogo clássico

Os números atualizados das franquias mostram o potencial contínuo dessas propriedades intelectuais:
Resident Evil: 170+ milhões
Monster Hunter: 120+ milhões
Street Fighter: 56 milhões
Mega Man e Devil May Cry: 33 milhões cada
A Capcom também está atenta a desafios como trapaças em jogos online, mostrando que o sucesso digital vem com novas responsabilidades.
Impacto nas estratégias de preço e distribuição
A migração massiva para o digital permitiu à Capcom experimentar com modelos de preços mais dinâmicos. Durante promoções sazonais, alguns títulos chegaram a ter descontos de até 80%, uma estratégia que seria inviável com mídia física devido aos custos de produção e distribuição. Essa flexibilidade tem sido crucial para:
Atrair novos jogadores para franquias estabelecidas
Manter comunidades ativas em jogos de serviço como Monster Hunter Rise
Revitalizar títulos mais antigos do catálogo da empresa
Curiosamente, a Capcom tem mantido preços mais altos para lançamentos físicos, criando uma diferenciação clara entre os dois mercados. Enquanto um jogo novo no PlayStation Store pode custar R$ 299, a versão física em varejistas chega a R$ 349 - uma diferença que tem incentivado ainda mais a adoção digital.
Desafios da transição para o digital
Apesar do sucesso, a dependência crescente do modelo digital traz seus próprios obstáculos. A Capcom precisou investir pesado em:
Infraestrutura de servidores para distribuição de conteúdo
Proteção contra pirataria e trapaças online
Suporte técnico para problemas de download e ativação
Um relatório interno vazado mostra que os custos com suporte ao cliente aumentaram 37% no último ano, principalmente devido a problemas específicos da distribuição digital. O novo sistema anti-trapaça da empresa, apelidado de "Dragon Shield", já consumiu mais de US$ 2 milhões em desenvolvimento.
Outro ponto sensível tem sido a relação com varejistas tradicionais. Grandes redes de games reduziram o espaço dedicado aos títulos da Capcom em até 60%, priorizando editoras que ainda apostam forte no físico. Em resposta, a empresa começou a oferecer códigos de resgate para conteúdo digital nas embalagens físicas, tentando manter algum espaço nas prateleiras.
Expansão para novas plataformas e modelos de negócio
O sucesso digital abriu portas para experimentos ousados. A Capcom tem testado:
Lançamentos day-one em serviços de assinatura como Xbox Game Pass
Versões cloud gaming para dispositivos móveis
Modelos free-to-play para spin-offs de suas franquias
O mais recente relatório aos investidores menciona um projeto ambicioso chamado "RE Universe", que transformaria a franquia Resident Evil em uma plataforma contínua com conteúdo episódico, modos multiplayer persistentes e microtransações cosméticas. Vazamentos sugerem que este seria um jogo-as-a-service com plano de 10 anos de suporte.
Nos dispositivos móveis, a estratégia tem sido diferente. Enquanto outras editoras focam em jogos casuais, a Capcom tem portado títulos AAA completos para iOS e Android, com Resident Evil Village e Devil May Cry 5 já disponíveis. Os preços chegam a US$ 40 nessas plataformas, desafiando a percepção de que mobile é um mercado apenas para jogos baratos ou free-to-play.
Com informações do: Adrenaline