Os fãs de RPGs de mesa digitais têm motivos para comemorar: Solasta II, a tão aguardada sequência do aclamado Crown of the Magister, chegará ao acesso antecipado no início de 2026 - um marco que surpreendeu muitos pela proximidade. Desenvolvido pela Tactical Adventures, o jogo promete evoluir a fórmula que conquistou jogadores que buscam experiências táticas profundas e fidelidade às regras de D&D.

O legado de Solasta e a evolução do gênero

O primeiro Solasta: Crown of the Magister já havia demonstrado que era possível criar uma experiência autêntica de D&D sem a necessidade de uma licença oficial. Utilizando o Sistema de Referência de Ação 5.1 (SRD 5.1), a Tactical Adventures conseguiu capturar a essência do jogo de mesa enquanto implementava sistemas que funcionavam perfeitamente no formato digital.

E agora, com Baldur's Gate 3 elevando o padrão do gênero, a pressão está sobre a desenvolvedora para entregar uma experiência que atenda às novas expectativas dos jogadores. O que me impressiona é como eles parecem estar enfrentando esse desafio de frente, aprendendo tanto com seus próprios sucessos quanto com os avanços de Larian Studios.

O que sabemos sobre Solasta II até agora

Embora detalhes específicos sejam escassos, a comunidade já especula sobre as possíveis direções que a sequência pode tomar. O sistema de criação de personagens provavelmente será expandido, com novas classes, raças e origens - algo que os mods já haviam começado a explorar no primeiro jogo.

O combate tático, um dos pontos fortes do original, deve receber melhorias significativas. Imagine um sistema de cobertura mais refinado, condições ambientais com impacto mais profundo nas batalhas, e talvez até mecânicas de combate vertical mais elaboradas. A engine Unity, que já mostrou seu potencial no primeiro título, certamente será levada ao limite.

E falando em narrativa, há espaço para crescimento aqui. Enquanto Crown of the Magister brilhou na jogabilidade, sua história foi considerada competente mas não excepcional. Com a barra elevada por Baldur's Gate 3, espera-se que Solasta II traga uma campanha com personagens mais memoráveis e escolhas com consequências mais significativas.

O acesso antecipado como estratégia

A decisão de lançar em acesso antecipado em 2026 é interessante. Por um lado, mostra confiança no progresso do desenvolvimento; por outro, reconhece o valor do feedback da comunidade no polimento de um RPG complexo. Lembro-me de como o feedback dos jogadores durante o acesso antecipado do primeiro Solasta ajudou a moldar vários aspectos do jogo final.

Esta abordagem permite que a Tactical Adventures itere sistemas baseados no jogador real, ajuste o balanceamento das classes, e talvez até incorpore sugestões da comunidade para recursos específicos. É uma relação simbiótica que beneficia tanto os desenvolvedores quanto os jogadores mais engajados.

O timing também é estratégico - chegando após o hype inicial de Baldur's Gate 3 ter estabilizado, mas antes que os jogadores comecem a procurar avidamente por sua próxima fixação de RPG. Posiciona-se perfeitamente para capturar aquela audiência que deseja mais experiências táticas profundas após completar a aventura de Larian.

O impacto da comunidade e dos mods no desenvolvimento

Uma das coisas mais fascinantes sobre o primeiro Solasta foi como a comunidade de modders abraçou o jogo. A Tactical Adventures não apenas permitiu mods - eles os integraram diretamente na experiência através do workshop da Steam. E isso não foi apenas um gesto bonitinho: alguns dos mods mais populares praticamente dobraram o conteúdo disponível, adicionando classes completas, raças inteiras e até sistemas de jogo alternativos.

O que isso significa para a sequência? Bem, a desenvolvedora teria que ser louca para ignorar esse tesouro de ideias testadas e aprovadas pelos jogadores. Muitos dos sistemas que os modders implementaram - desde subclasses até mecânicas de crafting - podem muito bem encontrar seu caminho para o jogo base de Solasta II. É raro ver desenvolvedores e comunidade trabalhando em tão perfeita sintonia.

E falando nisso, você já parou para pensar como os mods basicamente serviram como um teste beta gratuito para possíveis expansões? Algumas das adições mais populares poderiam facilmente ser incorporadas oficialmente, já que os jogadores já demonstraram que as querem e que funcionam bem dentro do sistema existente.

Desafios técnicos e ambições de design

Migrar para uma engine mais recente ou atualizar significativamente a atual representa um dos maiores desafios - e oportunidades - para a equipe. O primeiro jogo já era visualmente competente, especialmente considerando o orçamento relativamente modesto, mas agora as expectativas mudaram. Jogadores que experimentaram os visuais deslumbrantes de Baldur's Gate 3 naturalmente esperarão mais.

Porém, aqui está onde a Tactical Adventures pode brilhar: em vez de tentar competir no campo dos gráficos AAA, eles podem focar na jogabilidade e nos sistemas. O que me impressiona é como eles parecem entender que, no final das contas, o que mantém os jogadores engajados não são texturas em 4K, mas sim decisões significativas e combate satisfatório.

O sistema de diálogo é outra área que precisa evoluir. Enquanto o primeiro Solasta usava principalmente texto, a indústria moveu-se cada vez mais para performances completas com captura de movimento. Será que veremos mais dublagem em Solasta II? Ou será que a equipe manterá sua abordagem mais "retrô" e investirá esses recursos em outros sistemas?

E não podemos esquecer da interface do usuário - algo que frequentemente faz ou quebra jogos de RPG complexos. A UI do primeiro jogo era funcional, mas um tanto rústica em alguns aspectos. Com a complexidade adicional que a sequência provavelmente trará, uma reformulação significativa da interface será quase certamente necessária.

O cenário competitivo e oportunidades únicas

2026 pode parecer distante, mas no ciclo de desenvolvimento de jogos, é praticamente amanhã. E o timing coloca Solasta II em uma posição interessante no mercado. Enquanto outros RPGs táticos podem chegar antes, poucos terão a mesma combinação específica de fidelidade às regras de D&D e acessibilidade que Solasta oferece.

O que realmente me fascina é como a Tactical Adventures encontrou seu nicho. Em vez de tentar ser tudo para todos, eles focaram em servir um público específico: jogadores que querem a autenticidade das regras de D&D sem a complexidade excessiva de algumas implementações. É uma abordagem que respeita a inteligência dos jogadores enquanto remove algumas das barreiras de entrada que assustam os novatos.

E considerando o sucesso comercial do primeiro título - que superou expectativas consideravelmente - há recursos suficientes para ambicionar mais? A equipe provavelmente expandiu, mas mantiveram a cultura de desenvolvimento ágil que permitiu que o primeiro jogo fosse tão bem-sucedido dentro de seu escopo?

Outro aspecto que merece atenção é como a sequência abordará o conteúdo pós-lançamento. O primeiro Solasta recebeu várias DLCs substanciais que expandiram significativamente a experiência base. Será que veremos um modelo similar, ou a Tactical Adventures pode tentar algo mais ambicioso, como campanhas episódicas ou até algum tipo de modo sandbox?

Lições aprendidas e direções futuras

O que separa bons desenvolvedores de grandes desenvolvedores é a capacidade de aprender tanto com os sucessos quanto com os fracassos. E Tactical Adventures demonstrou essa habilidade repetidamente. Eles ouviram o feedback sobre a campanha relativamente linear do primeiro jogo e prometeram uma narrativa mais aberta para a sequência.

Mas talvez a lição mais importante que eles aprenderam - e que outros estúdios frequentemente ignoram - é que os jogadores de RPG valorizam consistência acima de tudo. Sistemas que funcionam de forma previsível, regras aplicadas consistentemente, e um mundo que segue sua própria lógica interna são frequentemente mais importantes do que recursos chamativos que quebram a imersão.

O sistema de fabricação do primeiro jogo, por exemplo, era simples mas satisfatório porque funcionava de forma confiável dentro das regras estabelecidas. Já vi jogos com sistemas de crafting muito mais complexos que eram infinitamente menos gratificantes simples porque eram inconsistentes ou mal explicados.

E então há a questão do multiplayer - um aspecto que muitos jogadores sentiram falta no primeiro Solasta. Enquanto o jogo era estritamente single-player, a estrutura base nas regras de D&D praticamente grita por uma implementação cooperativa. Será que esta é uma das grandes surpresas que a equipe prepara para a sequência? Admito que fico animado só de pensar na possibilidade de explorar o mundo de Solasta com amigos.

A evolução do editor de campanha é outro ponto que merece atenção. A ferramenta que permitia aos jogadores criar suas próprias aventuras no primeiro jogo já era impressionante, mas com os avanços tecnológicos e mais recursos à disposição, imagine o que poderia ser possível na sequência. Comunidades de criadores podem sustentar um jogo por anos - veja o exemplo de Neverwinter Nights, que ainda tem servidores ativos duas décadas depois do lançamento.

Com informações do: IGN Brasil