A fabricante chinesa Leapmotor revelou oficialmente o D19, um SUV elétrico de grande porte que promete revolucionar o segmento de veículos premium. Com dimensões impressionantes e tecnologias inéditas, o modelo chega ao mercado como o carro-chefe da marca, mas os consumidores terão que esperar até o primeiro semestre de 2026 para vê-lo nas ruas da China.

Leapmotor D19

Dimensões e design que impressionam

Com 5,2 metros de comprimento, 2 metros de largura e um entre-eixos generoso de 3,1 metros, o Leapmotor D19 possui proporções similares às do luxuoso BMW X7. O design adota uma linguagem limpa, com superfícies lisas, linhas horizontais predominantes e poucos vincos, criando uma silhueta visualmente alongada e elegante.

Na dianteira, destaca-se uma barra de LEDs superior acompanhada por faróis principais de formato mais quadrado posicionados logo abaixo. A traseira segue a mesma temática minimalista, com lanternas que se estendem de um lado ao outro, medindo impressionantes 1,96 metro de comprimento. A iluminação traseira incorpora 11.025 LEDs individuais que, aparentemente, indicam o nível de carga da bateria.

As opções de pintura incluem branco, prata, cinza, preto e verde, sempre combinadas com colunas prateadas e rodas diamantadas que remetem ao estilo Maybach. É interessante notar como a marca chinesa busca se posicionar diretamente no segmento de luxo global.

Leapmotor D19

Tecnologias inovadoras e interior premium

Embora a Leapmotor ainda não tenha divulgado imagens oficiais do interior, espera-se que o D19 siga a tendência atual do mercado chinês: painéis com traços horizontais, mínimo de botões físicos e ênfase em grandes telas para o quadro de instrumentos e central multimídia.

Mas a verdadeira inovação está no gerador de oxigênio integrado à cabine - uma feature inédita em veículos de produção em série. Capaz de produzir até 8 litros de oxigênio por minuto, o sistema parece atender a uma crescente tendência de viagens para regiões de alta altitude na China, como o Tibete. Na minha opinião, essa tecnologia poderia ter aplicações interessantes em mercados como o brasileiro, especialmente para quem viaja por serras e regiões montanhosas.

Performance e autonomia que desafiam concorrentes

O sistema eletrônico do D19 utiliza uma arquitetura moderna com dois chipsets Qualcomm Snapdragon 897, oferecendo capacidade de processamento de até 1280 TOPS - números que, para quem não é familiarizado com tecnologia automotiva, representam um poder computacional superior ao de muitos computadores pessoais.

Leapmotor D19

Na parte mecânica, a Leapmotor oferece duas configurações distintas. A primeira, com arquitetura elétrica de 1.000 volts, combina dois motores elétricos totalizando 734 cv, alimentados por uma bateria de 115 kWh da CATL. Os números são impressionantes: aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 3 segundos e autonomia projetada de 720 km. O sistema de recarga permite recuperar 350 km de autonomia em apenas 15 minutos.

A segunda opção adota uma configuração EREV (Extended-Range Electric Vehicle), combinando dois motores elétricos com um motor a combustão que funciona apenas como gerador - mesmo sistema utilizado no Leapmotor C10, que chegará ao Brasil ainda em 2025. Os motores elétricos produzem 543 cv combinados, com autonomia de 500 km usando apenas a bateria de 80,3 kWh.

O que me surpreende é como a Leapmotor consegue oferecer tecnologias tão avançadas enquanto marcas tradicionais ainda lutam para equalizar autonomia e performance em seus modelos elétricos. A combinação de gerador de oxigênio, arquitetura computacional de ponta e opções de propulsão versáteis sugere que a marca chinesa não está apenas acompanhando as tendências, mas tentando defini-las.

O mercado chinês e sua estratégia global

O que realmente chama atenção no D19 é como ele representa a evolução da indústria automotiva chinesa. Há apenas alguns anos, as marcas da China eram vistas como copiadoras de designs europeus e japoneses. Agora, estamos vendo empresas como a Leapmotor não apenas competindo em tecnologia, mas introduzindo inovações que as tradicionais montadoras ainda não consideraram. O gerador de oxigênio é um exemplo perfeito disso - uma solução para um problema específico do mercado doméstico que poderia encontrar aplicação global.

E falando em mercado global, a estratégia da Leapmotor parece bem definida. Enquanto prepara o D19 para o lançamento na China em 2026, a marca já está se expandindo internacionalmente. O fato de que o C10 chegará ao Brasil ainda em 2025 mostra uma abordagem interessante: testar as águas com modelos mais acessíveis antes de introduzir seus carros-chefe. É uma estratégia que faz sentido, especialmente considerando como os consumidores brasileiros ainda estão se adaptando aos veículos elétricos.

Leapmotor D19

Desafios de produção e infraestrutura

Prometer números impressionantes no papel é uma coisa, mas entregá-los em produção em massa é completamente diferente. A Leapmotor enfrentará desafios significativos para produzir o D19 em escala, especialmente considerando a complexidade do sistema de 1.000 volts e o gerador de oxigênio integrado. Na minha experiência acompanhando o setor automotivo, muitas startups prometem revolucionar o mercado, mas esbarram na realidade da produção industrial.

E temos que considerar a infraestrutura necessária para aproveitar todo o potencial do D19. O sistema de recarga rápida que promete 350 km de autonomia em 15 minutos exigirá carregadores de alta potência que ainda são raros mesmo em mercados desenvolvidos. No Brasil, então, essa realidade está ainda mais distante. Será que a Leapmotor está desenvolvendo soluções paralelas para essa questão, ou está contando com a evolução natural da infraestrutura de carregamento?

Outro ponto que me deixa curioso é a manutenção desses sistemas tão avançados. Como funcionará a assistência técnica para o gerador de oxigênio? Qual será o custo de substituição da bateria de 115 kWh da CATL? São questões que os primeiros compradores certamente considerarão antes de investir em um veículo com tecnologias tão inéditas.

O panorama competitivo em 2026

Quando o D19 finalmente chegar ao mercado chinês em 2026, ele encontrará um cenário bastante diferente do atual. Marcas estabelecidas como BYD, NIO e Li Auto terão evoluído seus próprios modelos, enquanto as tradicionais alemãs - Mercedes, BMW e Audi - certamente terão respostas para a investida chinesa no segmento premium.

O que me surpreende é o timing. Lançar um veículo tão tecnológico apenas em 2026 parece arriscado, considerando a velocidade com que o mercado de elétricos evolui. Em 18 meses, muitas das tecnologias que hoje parecem revolucionárias podem se tornar padrão do setor. A Leapmotor estará preparada para atualizar o D19 se necessário, ou estamos vendo outro caso de promessas que não se materializam completamente?

E pensando no consumidor final: quem realmente precisa de um gerador de oxigênio embarcado? A tecnologia é fascinante, sem dúvida, mas será que não estamos vendo soluções em busca de problemas? Por outro lado, lembro quando os primeiros carros com assentos ventilados foram lançados - muitos questionaram a necessidade, e hoje é um recurso valorizado em veículos premium. Talvez o gerador de oxigênio siga o mesmo caminho.

Leapmotor D19

O preço será outro fator decisivo. Considerando as tecnologias embarcadas e o posicionamento premium, é razoável supor que o D19 competirá diretamente com modelos como o BMW iX e Mercedes EQS SUV. Mas as marcas chinesas tradicionalmente competem por preço - será que a Leapmotor conseguirá manter essa vantagem enquanto oferece tecnologia de ponta? Ou estaremos vendo o nascimento de uma nova geração de marcas premium chinesas, dispostas a cobrar preços equivalentes às europeias?

Enquanto isso, no Brasil, acompanharemos de longe essa evolução. O sucesso do C10 aqui determinará em grande parte quando - e se - veremos o D19 em nossas ruas. Particularmente, tenho curiosidade de experimentar o sistema EREV, que me parece mais adequado à nossa realidade do que os puramente elétricos, considerando nossas distâncias continentais e infraestrutura ainda em desenvolvimento.

Com informações do: Quatro Rodas