Às vezes, o melhor investimento é aquele que você simplesmente esquece. Anthony D. D'Anna descobriu isso da maneira mais surpreendente possível quando, após mais de três décadas, redescobriu uma compra de ações da Microsoft que havia feito por mil dólares em 1992 - e que hoje vale uma quantia impressionante.
O Investimento que o Tempo Transformou
Em 1992, quando a Microsoft ainda era uma empresa em crescimento sob a liderança de Bill Gates, Anthony D. D'Anna decidiu investir mil dólares em ações da companhia. O que parecia ser apenas mais uma aplicação financeira comum se transformaria, com o passar dos anos, em uma das histórias mais fascinantes sobre investimentos de longo prazo.
O curioso é que D'Anna simplesmente esqueceu que havia feito esse investimento. Enquanto a vida seguia seu curso normal, aquelas ações permaneciam em sua conta, acumulando valor silenciosamente. E que valor! A Microsoft, durante esse período, se tornou uma das empresas de tecnologia mais dominantes do mundo, com crescimento extraordinário que refletiu diretamente no valor de suas ações.
Eu sempre me pergunto: quantas pessoas têm histórias similares guardadas em contas esquecidas? É fascinante pensar como decisões financeiras aparentemente pequenas podem se transformar em algo significativo com tempo suficiente.
O Poder dos Dividendos e Split de Ações
O que realmente impulsionou o crescimento desse investimento foram os múltiplos splits de ações que a Microsoft realizou ao longo dos anos. Para quem não está familiarizado com o termo, split de ações é quando uma empresa divide suas ações existentes em múltiplas novas ações, tornando-as mais acessíveis a pequenos investidores enquanto mantém o valor total do investimento.
A Microsoft fez nada menos que nove splits de ações desde sua oferta pública inicial em 1986. Cada um desses splits multiplicou o número de ações que os acionistas possuíam. Se considerarmos apenas o split de 2-para-1 de 1992 (o ano do investimento de D'Anna), seguido por outros splits em 1994, 1996, 1998, 1999, 2003 - cada um desses eventos transformou uma única ação em múltiplas ações.
Além dos splits, os dividendos regulares que a Microsoft começou a pagar a partir de 2003 também contribuíram significativamente para o retorno total. Esses dividendos eram reinvestidos automaticamente, comprando ainda mais ações - um efeito bola de neve que os especialistas chamam de "juros compostos em ação".
Lições para Investidores Atuais
Esta história levanta questões interessantes sobre nossas próprias estratégias de investimento. Será que estamos muito focados em acompanhar cada flutuação do mercado? A obsessão por verificar constantemente nossos portfólios pode nos levar a tomar decisões impulsivas que prejudicam nossos retornos de longo prazo.
O caso de D'Anna demonstra o poder quase mágico do tempo nos investimentos. Enquanto muitos investidores ficam tentados a comprar e vender frequentemente, tentando "acertar o timing do mercado", essa abordagem de "comprar e esquecer" - desde que aplicada a empresas fundamentais sólidas - pode surpreender positivamente.
Claro, é importante notar que nem toda empresa tem o crescimento extraordinário da Microsoft. Escolher empresas com fundamentos fortes, que possam crescer consistentemente ao longo de décadas, é crucial para que essa estratégia funcione. A Microsoft, durante esse período, se transformou de uma empresa de software para computadores pessoais em um gigante da computação em nuvem e inteligência artificial.
E você, já pensou em fazer investimentos que poderiam ficar esquecidos por anos? Talvez valha a pena considerar que, às vezes, a paciência é realmente a melhor estratégia - mesmo que ela venha acompanhada de um pouco de esquecimento.
O Contexto Histórico do Mercado de Ações nos Anos 90
Para realmente entender a magnitude dessa história, precisamos voltar ao cenário de investimentos de 1992. A Microsoft já era uma empresa estabelecida, mas estava longe de ser o gigante absoluto que conhecemos hoje. O Windows 3.1 havia sido lançado recentemente, e a internet ainda era um território praticamente virgem para a maioria das pessoas.
O que torna essa história ainda mais interessante é que D'Anna investiu num momento crucial. A empresa estava prestes a lançar o Windows 95, que revolucionaria a computação pessoal. Mas na época, ninguém poderia prever o impacto que esse sistema operacional teria - muito menos imaginar que a Microsoft se tornaria uma das empresas mais valiosas do mundo.
Eu me pergunto quantas oportunidades similares existem hoje que estamos subestimando. Será que daqui a 30 anos estaremos contando histórias sobre investimentos em inteligência artificial ou energia renovável que pareciam arriscados hoje, mas se tornaram extraordinários?
A Psicologia do Investidor Esquecido
O aspecto mais fascinante dessa história talvez não seja o retorno financeiro em si, mas a psicologia por trás do "esquecimento". D'Anna não estava tentando ser um gênio dos investimentos - ele simplesmente fez uma aposta e depois seguiu com sua vida. E é exatamente essa falta de interferência que provavelmente salvou seu investimento de ser vendido prematuramente durante as várias crises que o mercado enfrentou nas décadas seguintes.
Quantas vezes nós, investidores, sabotamos nossos próprios retornos por puro nervosismo? Lembro-me de conversar com um amigo que vendeu suas ações da Apple durante a crise de 2008, apenas para ver a empresa se recuperar e crescer exponencialmente nos anos seguintes. A emoção é, muitas vezes, o pior inimigo do investidor.
O caso de D'Anna nos faz refletir sobre nossa própria tolerância ao risco e paciência. Será que temos o temperamento necessário para manter investimentos através de múltiplos ciclos econômicos? A verdade é que a maioria de nós fica ansiosa quando vê o valor de nossas ações cair 10% - imagine manter a calma durante quedas de 30, 40 ou até 50% que acontecem periodicamente nos mercados.
Os Números por Trás da Fortuna
Vamos fazer algumas contas para entender melhor o que aconteceu com esse investimento. Em 1992, mil dólares compravam aproximadamente 33 ações da Microsoft a US$30 cada. Considerando todos os splits que aconteceram desde então - incluindo o split de 2-para-1 em 1994, 1996, 1998, 1999 e 2003 - essas 33 ações originais se transformaram em centenas, talvez milhares de ações.
Se considerarmos apenas o crescimento do preço das ações, de US$30 em 1992 para cerca de US$400 hoje (dependendo da data específica), já teríamos um retorno impressionante. Mas quando adicionamos o efeito multiplicador dos splits e os dividendos reinvestidos ao longo de três décadas, o resultado se torna verdadeiramente extraordinário.
E aqui está um ponto que muitos ignoram: os dividendos. Desde que a Microsoft começou a pagá-los em 2003, esses pagamentos regulares foram sendo reinvestidos automaticamente, comprando mais ações a cada trimestre. Esse efeito composto, trabalhando silenciosamente por mais de 20 anos, adicionou uma camada significativa de valor ao investimento original.
Comparação com Outras Estratégias de Investimento
É instrutivo comparar esse resultado "acidental" com estratégias de investimento mais ativas. Muitos fundos de hedge e gestores profissionais tentam superar o mercado através de análises complexas e negociações frequentes, mas estudos consistentemente mostram que a maioria falha em superar um simples investimento em índices como o S&P 500 no longo prazo.
O que a história de D'Anna sugere é que, para investidores individuais, uma abordagem mais passiva - focada em empresas fundamentais sólidas e mantida por décadas - pode ser surpreendentemente eficaz. Claro, isso requer paciência e a capacidade de ignorar a volatilidade de curto prazo que assusta tantos investidores.
Mas será que essa estratégia ainda funciona no mercado atual? Alguns argumentam que as oportunidades de crescimento exponencial como a da Microsoft nos anos 90 são mais raras hoje, dado o tamanho e maturidade do mercado de tecnologia. Outros, no entanto, apontam para empresas em setores emergentes como inteligência artificial, biotecnologia e energia limpa como as "Microsofts" do futuro.
O que me fascina é que, enquanto debatemos essas questões, existem provavelmente centenas - talvez milhares - de investidores por aí com histórias similares à de D'Anna, completamente alheios às pequenas fortunas que têm em contas esquecidas. O mercado de ações tem essa característica peculiar de recompensar tanto a sabedoria deliberada quanto a pura sorte acompanhada de paciência.
Com informações do: IGN Brasil











