A edição 2025 do Golden Joystick Awards, uma das premiações mais tradicionais da indústria dos videogames, já revelou sua lista completa de indicados. O evento chega à impressionante 43ª edição reunindo dezenas de títulos, estúdios e personalidades que marcaram o último ano no universo gamer. O que torna essa premiação realmente especial? A votação é 100% popular e pode ser feita até o dia 31 de outubro, diretamente no site oficial da premiação.

Segundo a organização, milhões de votos são recebidos anualmente, o que transforma o prêmio em um verdadeiro termômetro da preferência dos jogadores. É fascinante pensar que, em uma era de tantas premiações especializadas, ainda exista espaço para uma onde a comunidade tem a palavra final.
Queremos que a comunidade seja parte da celebração e decida quais jogos realmente marcaram o período
Games Radar
Os Principais Concorrentes e Categorias Técnicas
Analisando as indicações, alguns padrões interessantes emergem. Clair Obscur: Expedition 33 aparece como um forte concorrente, sendo indicado em múltiplas categorias incluindo Melhor Direção de Arte, Melhor Narrativa e Melhor Trilha Sonora. Não é todo dia que vemos um jogo demonstrando essa versatilidade artística.
Na categoria de Melhor Direção de Arte, a competição está acirrada entre pesos-pesados como Death Stranding 2: On the Beach e Ghost of Yōtei, além de títulos que prometem visuais impressionantes como Sword of the Sea e Assassin's Creed Shadows. A direção de arte sempre foi um dos aspectos mais subjetivos e pessoais nos games - o que torna essa categoria particularmente interessante.
Quando falamos de narrativa, a lista inclui desde jogos de terror psicológico como SILENT HILL f até experiências mais introspectivas como Lost Records: Bloom & Rage. A variedade de abordagens narrativas mostra como a indústria continua explorando diferentes formas de contar histórias através da interatividade.
Reconhecimento aos Talentos por Trás das Câmeras
As categorias de performance deste ano destacam tanto veteranos consagrados quanto talentos emergentes. Troy Baker, um nome familiar para qualquer fã de games, aparece em duas categorias diferentes - como protagonista em Indiana Jones and the Great Circle e em papel coadjuvante em Death Stranding 2: On the Beach.
É particularmente interessante ver Jennifer English, conhecida por seu trabalho em Baldur's Gate 3, sendo indicada por Clair Obscur: Expedition 33. Sua performance anterior já havia demonstrado uma profundidade emocional rara, então fico curioso para ver o que ela traz dessa vez.
As categorias de Melhor Jogo Indie e Indie Autopublicado mostram uma cena independente vibrante e diversificada. Desde Hollow Knight: Silksong (finalmente!) até Hades II e DELTARUNE, há uma riqueza de criatividade que muitas vezes supera os orçamentos dos grandes estúdios. A inclusão de jogos como despelote e Herdling sugere que estamos vendo experiências cada vez mais originais ganhando reconhecimento.
O Cenário Mais Ampla das Premiações de Games
O Golden Joystick Awards tem uma história fascinante que muitos jogadores mais jovens podem não conhecer. Criado em 1983 no Reino Unido, começou como uma simples votação promovida por revistas especializadas. De certa forma, era o precursor das enquetes do Twitter e Reddit que vemos hoje - só que com um pouco mais de cerimônia e menos memes.
O que sempre me impressionou sobre o Golden Joystick é sua resistência. Enquanto outras premiações surgiram e desapareceram, ele se manteve como a premiação de games mais antiga ainda em atividade. E isso diz muito sobre sua conexão com a comunidade - afinal, são quatro décadas de jogadores ditando quem merece reconhecimento.
Nos últimos anos, vimos o surgimento e consolidação do The Game Awards como uma força dominante no cenário das premiações. Com sua abordagem híbrida que mistura anúncios de jogos, performances ao vivo e premiações, criou um modelo que ressoa com a geração atual. A edição de 2025 já está marcada para 11 de dezembro no Peacock Theater em Los Angeles, e considerando que a de 2024 bateu recordes com mais de 154 milhões de transmissões, a expectativa está alta.
Mas aqui está minha opinião: o Golden Joystick e The Game Awards não são necessariamente concorrentes. Eles servem a propósitos diferentes. Enquanto um é puramente sobre a voz dos jogadores, o outro incorpora elementos de marketing e indústria que, embora comerciais, também têm seu valor. Ambos coexistem mostrando diferentes facetas dessa cultura que tanto amamos.
A votação para o prêmio mais aguardado, o Ultimate Game of the Year 2025, terá um processo especial - será aberta em 3 de novembro e se encerra no dia 7 do mesmo mês. O anúncio dos vencedores acontecerá em Londres no dia 20 de novembro, durante a cerimônia oficial. Considerando que nos últimos anos tivemos vencedores como Baldur's Gate 3 e Black Myth: Wukong, a expectativa para ver quem levará o troféu este ano é palpável.
Olhando mais a fundo para as categorias técnicas, a disputa por Melhor Design de Áudio parece especialmente interessante este ano. Death Stranding 2: On the Beach traz a assinatura sonora única de Hideo Kojima, enquanto Clair Obscur: Expedition 33 promete uma experiência auditiva imersiva que complementa sua estética artística. E não podemos esquecer de SILENT HILL f, que tem a responsabilidade de manter a tradição de áudio perturbador que sempre definiu a franquia. O design de som em games evoluiu tanto nos últimos anos - lembro quando estávamos impressionados com simples efeitos surround, e agora discutimos a nuance da mixagem espacial e como o áudio 3D pode realmente transformar a imersão.
Na categoria de Melhor Suporte Pós-Lançamento, é fascinante ver como os jogos como serviço continuam competindo com títulos single-player que recebem conteúdo adicional significativo. Baldur's Gate 3, que já levou tantos prêmios no ano passado, ainda está recebendo atualizações substanciais - o que demonstra o comprometimento da Larian Studios em manter sua comunidade engajada. Por outro lado, Helldivers 2 se tornou um fenômeno cultural quase inesperado, com sua abordagem de narrativa em tempo real que responde diretamente ao desempenho da comunidade.
As Surpresas e Omissões que Estão Gerando Discussão
Como em qualquer premiação, há sempre aquelas indicações que pegam todos de surpresa e outras ausências que deixam os fãs coçando a cabeça. A inclusão de Dragon Age: The Veilguard em várias categorias, apesar das reações mistas ao seu anúncio, sugere que os jogadores que tiveram acesso antecipado podem ter tido uma experiência mais positiva do que o esperado. Por outro lado, a ausência de certos títulos indie aclamados pela crítica nas listas principais levanta questões sobre a visibilidade versus qualidade na era dos algoritmos de descoberta.
O que me chamou particularmente a atenção foi a forte presença de jogos com temáticas e estéticas distintas do mainstream ocidental. Ghost of Yōtei e Assassin's Creed Shadows mergulham profundamente na cultura japonesa, enquanto Clair Obscur traz influências artísticas francesas. Parece que estamos testemunhando um amadurecimento do medium onde a diversidade cultural não é mais um nicho, mas sim uma característica valorizada pelos jogadores.
E falando em diversidade, as categorias de performance este ano apresentam uma variedade impressionante de vozes e estilos. Desde atuações sutis e introspectivas até performances carregadas de emoção, a lista reflete como a direção de atores em games evoluiu de simples dublagem para verdadeiras interpretações que carregam o peso narrativo. Lembro de conversar com um dublador uma vez que me contou como, há uma década, as sessões de gravação para games eram tratadas quase como uma afterthought - hoje, eles têm diretores especializados e processos que rivalizam com a indústria cinematográfica.
O Impacto das Votações Populares na Indústria
Alguns críticos questionam o valor de premiações baseadas puramente em votação popular, argumentando que elas podem ser influenciadas por campanhas de marketing ou popularidade momentânea. Mas na minha experiência acompanhando o Golden Joystick ao longo dos anos, os resultados frequentemente surpreendem - jogos menores com comunidades dedicadas conseguem superar títulos com orçamentos astronômicos, e performances subtis às vezes ganham mais reconhecimento do que as mais bombásticas.
Há algo genuinamente democrático na maneira como o Golden Joystick opera. Enquanto outras premiações dependem de comitês especializados ou jornalistas, aqui cada jogador tem exatamente o mesmo peso. Isso cria um retrato diferente do que a comunidade realmente valoriza - que nem sempre alinha com a crítica especializada ou com o sucesso comercial. Lembro-me de um ano em que um jogo indie obscuro venceu em uma categoria contra franquias estabelecidas, e o desenvolvedor praticamente chorou durante o discurso de agradecimento, dizendo que aqueles votos significavam mais do que qualquer métrica de vendas.
O timing da votação também é interessante. Com a janela aberta até 31 de outubro para a maioria das categorias, os jogadores têm tempo suficiente para experimentar os títulos lançados no final do verão e início do outono no hemisfério norte. E o fato de que a votação para o Ultimate Game of the Year acontece separadamente em novembro permite que os jogos de lançamento mais recente tenham uma chance justa - é uma abordagem que reconhece como o ciclo de lançamentos de games se estende por todo o ano, não apenas nos tradicionais "meses de lançamento" do quarto trimestre.
O que mais me fascina sobre premiações como o Golden Joystick é como elas funcionam como uma cápsula do tempo da indústria em um determinado momento. Daqui a cinco ou dez anos, poderemos olhar para trás e ver não apenas quais jogos foram celebrados, mas que tipos de experiências ressoaram com os jogadores daquela época. As mudanças nas preferências - seja por gêneros específicos, estéticas visuais ou abordagens narrativas - contam uma história mais ampla sobre a evolução dos games como forma de arte e entretenimento.
E considerando que estamos em um período de transição entre gerações de consoles, com a Pro da PS5 e a nova Xbox Series no horizonte, as escolhas deste ano podem indicar para onde a indústria está se movendo. Será que veremos uma valorização maior de jogos que aproveitam o hardware de ponta, ou a acessibilidade e criatividade continuarão sendo os fatores decisivos? A resposta estará, pelo menos em parte, nos resultados do Golden Joystick 2025.
Com informações do: Adrenaline