EA pode demitir mais 400 funcionários e fechar escritório da Codemasters
Na última quarta-feira (28), a Electronic Arts (EA) decepcionou muitos ao cancelar seu game do Pantera Negra e fechar o estúdio responsável por ele. No entanto, a empresa não deve parar por aí e há grandes chances de que os membros das principais equipes da Codemasters também percam seus empregos.
Segundo o Insider @eXtas1stv, a companhia está se preparando para demitir nada menos que 400 pessoas em diferentes áreas e setores. Os principais afetados vão ser aqueles que trabalham nos escritórios centrais da desenvolvedora especializada em jogos de corrida. A intenção da publicadora é fechá-los completamente, segundo a fonte.
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He podido conocer que se aproximan unos 400 despidos más en EA, CIERRE total de la sede principal de Codemasters e que esos devs se integrarán en EA Sp (F1) e en un nuevo Need For… pic.twitter.com/wIYzGpSjWf
O que sobrar das equipes principais da Codemasters vai ser integrado aos times da EA Sports que são responsáveis pela série F1. Além disso, alguns deles devem se juntar à Criterion Games para desenvolver o novo capítulo de Need for Speed. O game já está em fase inicial de criação, após a empresa ter finalizado muito de seu trabalho no novo Battlefield.
Codemasters deve se focar somente em F1
As novas demissões na Codemasters podem acontecer menos de um mês após a Electronic Arts afirmar que estava reestruturando o estúdio. No começo de maio, a publicadora confirmou alguns cortes de posições e que a empresa não cuidaria mais da série de jogos de rally WRC — cujos direitos voltaram para a Nacon.

Com isso, o futuro da desenvolvedora parece cada vez mais incerto e não é improvável que ela encerre suas atividades, ou continue com um papel reduzido. Isso acontece somente quatro anos após a EA investir US$ 1,2 bilhão em sua compra, vencendo a concorrência da Take-Two Interactive — que chegou a avançar bastante nas negociações antes de ser derrotada.
As primeiras mudanças na Codemasters começaram já em 2022, quando seus estúdios em Cheshire foram fundidos com a Criterion. No ano seguinte, a publicadora realizou alguns cortes nas equipes do estúdio, após seus jogos mais recentes não atenderem a expectativas de vendas.
Dada a situação atual, o único grande projeto ao qual a desenvolvedora continua dedicada é a série F1, marcada por capítulos anuais. O jogo mais recente dela, F1 25, chega às lojas no dia 30 de maio e tem sido recebido com boas avaliações — no Metacritic, sua média de notas varia de 78 a 83, dependendo da plataforma.
Electronic Arts quer focar em suas grandes propriedades
A nova rodada de demissões na Electronic Arts acontece em um momento no qual várias empresas no mundo dos games — especialmente as do segmento Triplo A — estão reduzindo suas equipes. Já no campo independente, criadores estão passando por dificuldades para encontrar financiamento e parceiros interessados em apostar em ideias novas.

Com suas decisões recentes, a publicadora dá sinais claros de que pretende apostar em franquias consolidadas como a base de seu futuro. A próxima grande aposta da companhia é o novo Battlefield, que deve ser apresentado em breve e tem a missão de recuperar a reputação da franquia.
A publicadora também deve reforçar sua aposta em marcas esportivas como Madden NFL e EA Sports FC, que se destacam por sua capacidade de gerar receitas de forma recorrente. Enquanto o título mais recente da série de futebol não atendeu a expectativas, a corporação considera que é capaz de virar a situação em seu próximo lançamento.
Fonte: Insider Gaming
Impacto nas franquias de corrida e no mercado
O possível fechamento do escritório principal da Codemasters levanta questões sobre o futuro de franquias icônicas de corrida que não sejam a série F1. A desenvolvedora era responsável por títulos aclamados como Dirt Rally e Grid, que agora podem ficar em um limbo criativo. Embora a EA tenha os direitos sobre essas propriedades, a priorização clara da F1 sugere que outras séries podem ser deixadas de lado.
Isso cria uma oportunidade para concorrentes como a Turn 10 (Forza Motorsport) e a Polyphony Digital (Gran Turismo) consolidarem ainda mais sua posição no gênero. Curiosamente, a própria EA já tentou competir nesse espaço com a franquia Need for Speed, mas os últimos lançamentos não alcançaram o mesmo nível de sucesso crítico ou comercial.
Reação da comunidade e desenvolvedores
Nas redes sociais, muitos fãs e profissionais da indústria expressaram preocupação com a notícia. Alguns apontam para um padrão preocupante na EA, que historicamente adquire estúdios promissores apenas para depois reduzir suas operações ou fechá-los completamente. Lembram-se do que aconteceu com a Visceral Games (Dead Space) e a Pandemic Studios?
Desenvolvedores atuais e ex-funcionários da Codemasters compartilharam sentimentos mistos. Enquanto alguns estão otimistas sobre a integração com a EA Sports, outros temem que a cultura única da empresa - conhecida por sua expertise técnica em jogos de corrida - possa se perder no processo. "Há um know-how acumulado de décadas que simplesmente não pode ser replicado facilmente", comentou um ex-funcionário que pediu para não ser identificado.
O cenário mais amplo da indústria
Essas demissões ocorrem em um momento particularmente turbulento para a indústria de games. Apenas em 2025, mais de 10.000 profissionais já perderam seus empregos em estúdios grandes e pequenos. A Microsoft, por exemplo, fechou vários estúdios da Bethesda no início do ano, enquanto a Sony reduziu significativamente sua equipe de realidade virtual.
Analistas apontam que esse movimento reflete uma correção após os anos de expansão acelerada durante a pandemia, quando o consumo de jogos atingiu picos históricos. Agora, com o mercado se estabilizando e os custos de desenvolvimento continuando a subir, as publicadoras estão sob pressão para maximizar a eficiência e focar apenas em projetos considerados "seguros" do ponto de vista financeiro.
O que esperar do futuro da Codemasters?
Se as informações vazadas se confirmarem, a Codemasters pode se tornar essencialmente um selo dentro da EA Sports, focada exclusivamente na série F1. Isso representaria uma queda drástica para uma empresa que já foi uma das desenvolvedoras de jogos de corrida mais diversificadas e inovadoras do mercado.
Especialistas em propriedade intelectual sugerem que a EA provavelmente manterá as marcas da Codemasters vivas, mesmo que apenas para eventualmente licenciá-las ou revivê-las no futuro. Afinal, a empresa investiu pesado para adquirir não apenas os estúdios, mas todo o catálogo de IPs que incluía desde clássicos como Micro Machines até projetos mais recentes como Project CARS.
Enquanto isso, a comunidade de fãs de jogos de corrida se pergunta se essa consolidação levará a uma estagnação do gênero. Com menos competição direta entre franquias, há o risco de que a inovação técnica e de gameplay diminua - especialmente considerando que a EA já tem o monopólio virtual em jogos de esportes tradicionais como futebol e futebol americano.
Com informações do: Adrenaline