Fãs da franquia de ficção científica Battlestar Galactica têm um novo motivo para ficar de olho no calendário. A desenvolvedora Black Lab Games e a publicadora Slitherine acabam de revelar um novo trailer e, mais importante, uma janela de lançamento para Battlestar Galactica: Scattered Hopes. O jogo de estratégia, que promete mergulhar os jogadores no universo pós-apocalíptico da série, está oficialmente programado para chegar em 2026.
O que esperar de Scattered Hopes?
Baseado no trailer e nas informações divulgadas, Scattered Hopes se posiciona como um jogo de estratégia em tempo real que coloca o jogador no comando da sobrevivência da humanidade. Após o devastador ataque dos Cylons, você não estará apenas gerenciando recursos e frota, mas também tomando decisões morais difíceis que ecoam os temas centrais da série original. A premissa é familiar, mas promete uma profundidade tática que vai além de simples combates espaciais.
E aqui está um ponto interessante: a Black Lab Games já tem experiência com o gênero, o que levanta expectativas. Será que conseguirão capturar a sensação de desespero e a luta pela sobrevivência que definiram a série? O trailer sugere uma ênfase na gestão de civis, na exploração de destroços e na constante ameaça de traição, elementos que, se bem executados, podem fazer deste jogo uma experiência única.
O legado de Battlestar Galactica nos games
Não é a primeira vez que a franquia tenta a sorte no mundo dos videogames, mas é justo dizer que o histórico é... irregular, para ser gentil. Títulos anteriores variaram de experiências medianas a decepções completas, deixando a comunidade de fãs com um misto de esperança e ceticismo sempre que um novo projeto é anunciado.
O que diferencia Scattered Hopes? Em minha opinião, o foco em estratégia em tempo real parece um acerto. A estrutura de uma frota em fuga, com recursos limitados e inimigos implacáveis, se encaixa quase que perfeitamente nas mecânicas do gênero. A chave estará em como a narrativa será entrelaçada com a jogabilidade. Decisões como abandonar um grupo de civis para salvar combustível ou arriscar uma missão de resgate precisam ter peso real, tanto na história quanto nas consequências práticas para sua campanha.
O longo caminho até 2026
Anunciar uma data tão distante – 2026 – é uma jogada arriscada. Por um lado, dá tempo para um desenvolvimento cuidadoso e para incorporar o feedback da comunidade. Por outro, mantém o jogo no radar dos fãs por um período extenso, o que pode ser tanto bom quanto perigoso. A expectativa só aumenta, e com ela, a pressão sobre os desenvolvedores para entregarem um produto à altura do ícone da cultura pop que é Battlestar Galactica.
O novo trailer, embora breve, serve mais como uma confirmação de que o projeto está vivo e em andamento do que uma amostra robusta da jogabilidade. Resta-nos aguardar por mais detalhes, screenshots e, eventualmente, demonstrações que possam mostrar se a promessa de um jogo de estratégia digno do nome Galactica será cumprida. Até lá, a esperança – ainda que espalhada – permanece.
Para assistir ao trailer oficial, você pode visitar o canal da Slitherine no YouTube ou a página do jogo no site da publicadora.
Mas vamos além do trailer e da data. O que realmente sabemos sobre a jogabilidade? A Black Lab Games tem sido um tanto parcimoniosa com os detalhes, mas algumas pistas podem ser encontradas nas entrelinhas das comunicações oficiais e na expertise da própria desenvolvedora. Afinal, eles não chegaram a esse projeto por acaso.
Olhando para o portfólio da Black Lab, especialmente jogos como Battlestar Galactica Deadlock (que eles também desenvolveram), é possível traçar algumas expectativas. Deadlock era um jogo de estratégia por turnos focado em combates táticos entre frota. Foi bem recebido, em grande parte, por capturar a sensação "cinematográfica" das batalhas da série. Para Scattered Hopes, a mudança para o tempo real é significativa. Isso sugere uma mudança de foco: menos um puzzle tático meticuloso e mais uma experiência de gestão sob pressão constante. Você consegue imaginar a tensão de ter que realocar recursos de defesa enquanto um ataque Cylon se aproxima, tudo em tempo real?
Os elementos que podem fazer ou quebrar o jogo
Baseado no que foi dito até agora, alguns pilares parecem centrais para o sucesso de Scattered Hopes. Vamos destrinchá-los.
Primeiro, a gestão da frota e dos civis. Não se trata apenas de ter naves de guerra. A premissa da série sempre foi a de uma caravana de sobreviventes, a "frota rag-tag" em busca de um lar. Como isso será traduzido em mecânicas de jogo? Será que teremos que gerenciar o moral da população, lidar com doenças nos navios civis, ou tomar decisões sobre qual navio de suprimentos sacrificar quando os mísseis começarem a voar? A profundidade desse sistema de gestão "humana" será crucial para diferenciar o jogo de um RTS genérico.
Em segundo lugar, a narrativa e as escolhas morais. O trailer fala em "decisões difíceis", mas isso é um clichê fácil de prometer e difícil de entregar. Em minha experiência, para que essas escolhas tenham peso, elas precisam ter consequências de longo prazo que vão além de um bônus ou penalidade temporária. Abandonar um grupo de colonos pode significar perder um especialista crucial mais tarde, ou semear a desconfiança que leva a um motim. A pergunta é: o sistema narrativo será robusto o suficiente para rastrear essas ramificações ao longo de uma campanha potencialmente longa?
E não podemos esquecer dos Cylons. Como será a IA do inimigo? Em um jogo sobre sobrevivência e perseguição, um adversário previsível é a morte da experiência. Os Cylons precisam ser implacáveis, adaptativos e, às vezes, surpreendentes. Eles usarão de táticas de infiltração? Lançarão armas de hacking para desabilitar nossos sistemas? A ameaça precisa ser tão multifacetada e inteligente quanto na série para justificar o constante estado de alerta.
O desafio de atender a uma base de fãs exigente
Aqui reside, talvez, o maior obstáculo. Os fãs de Battlestar Galactica (a versão dos anos 2000, principalmente) são um grupo notoriamente apaixonado e crítico. Eles veneram a complexidade moral da série, seus personagens imperfeitos e seus temas de fé, identidade e sobrevivência. Um jogo que se reduza a "construir unidades e destruir a base inimiga" será visto como uma traição ao espírito da fonte original.
Por outro lado, fazer um jogo muito lento, focado apenas em diálogos e decisões narrativas, pode afastar os jogadores que buscam a ação estratégica. É um equilíbrio delicadíssimo. A Black Lab precisa criar uma simbiose onde a tática sirva à narrativa e a narrativa dê contexto e peso emocional à tática. Quando você ordenar que um esquadrão de Vipers faça um ataque suicida para cobrir a fuga de um navio cheio de civis, essa decisão precisa doer tanto no seu coração quanto na sua capacidade militar.
E os personagens? O trailer não mostrou rostos familiares, o que sugere uma história nova, possivelmente paralela aos eventos da série. Isso é sábio, pois dá liberdade criativa aos desenvolvedores, mas também os priva do apelo instantâneo de um Adama ou uma Starbuck. Eles terão que construir um novo elenco de personagens cativantes do zero, em um meio onde a escrita para games nem sempre é o ponto forte.
O silêncio desde o anúncio inicial é, ao mesmo tempo, preocupante e compreensível. Com um lançamento previsto para 2026, ainda estamos no início do ciclo de desenvolvimento. Os próximos passos serão vitais: um primeiro *gameplay* trailer, a revelação de sistemas de jogo específicos, talvez uma demonstração em algum evento como a Gamescom ou o The Game Awards. Cada uma dessas janelas será um teste. A comunidade vai dissecar cada frame, cada interface de usuário mostrada, cada frase dita pelos desenvolvedores em entrevistas.
Enquanto isso, a especulação corre solta nos fóruns. Alguns torcem por um sistema de "relações" entre capitães de navio, similar a Darkest Dungeon. Outros imaginem uma exploração profunda de destroços flutuantes, com riscos e recompensas. Há quem espere, até, um elemento de "caça ao Cylon infiltrado" dentro da própria frota, adicionando uma camada de paranoia à gestão. São essas expectativas, essas esperanças espalhadas pela comunidade, que a Black Lab Games terá que gerenciar tão cuidadosamente quanto os recursos no jogo.
Com informações do: IGN Brasil











