O The Game Awards, o grande evento anual que celebra e antecipa o futuro dos videogames, parece ter atingido um novo patamar em 2025. Segundo o próprio criador e apresentador do show, Geoff Keighley, a edição deste ano foi a mais assistida de toda a história da premiação, superando o recorde estabelecido apenas um ano antes, em 2024. É um sinal claro de que o apetite do público por esse tipo de conteúdo – uma mistura de premiações, anúncios bombásticos e performances ao vivo – só cresce.
Keighley, que muitas vezes é chamado de "o homem mais conectado dos games", compartilhou a notícia com entusiasmo, consolidando o TGA não apenas como uma cerimônia de premiação, mas como um dos eventos de entretenimento digital mais aguardados do calendário. A pergunta que fica é: o que fez a audiência disparar assim? Seriam os anúncios, que este ano pareciam ainda mais numerosos e impactantes? A expectativa em torno de um jogo específico? Ou será que o formato, cada vez mais polido e repleto de surpresas, finalmente conquistou até os espectadores mais céticos?
Um Fenômeno em Crescimento Constante
Lembra quando o The Game Awards era visto basicamente como um complemento à E3? Pois é, aqueles dias ficaram para trás. O evento se transformou em um monstro próprio, uma vitrine global onde estúdios independentes e gigantes da indústria disputam a atenção de milhões de telespectadores ao vivo. Bater o recorde de audiência ano após ano não é algo trivial. Requer uma combinação de fatores: anúncios que realmente geram burburinho, uma produção impecável e, claro, a sensação de que você precisa estar ali, naquele momento, para não perder a próxima grande revelação.
Em 2024, o evento já havia marcado um número impressionante de visualizações, impulsionado talvez por anúncios altamente antecipados e pela consolidação das transmissões em múltiplas plataformas, do YouTube ao Twitch. Superar esse marco em 2025 sugere que a fórmula está funcionando melhor do que nunca. Na minha experiência acompanhando o show desde os primeiros anos, a evolução é palpável. A sensação de comunidade ao assistir, com reações em tempo real nas redes sociais, virou parte integral da experiência.
Além dos Troféus: O Poder dos Anúncios
Vamos ser honestos: enquanto as categorias de Melhor Narrativa ou Melhor Direção de Arte são importantes para reconhecer a excelência, é a seção de "World Premieres" que realmente acelera os corações. O TGA entendeu isso e abraçou seu papel como palco de lançamentos. É o lugar onde franquias consagradas mostram seu próximo capítulo e onde novos IPs podem nascer com estrondo. A audiência recorde de 2025 é, em grande parte, um voto de confiança nesse aspecto do show. As pessoas sintonizam na esperança de ver o que vem por aí, de ter aquele momento "uau" coletivo.
E isso coloca uma pressão enorme nos organizadores. Afinal, como você supera um ano recorde no próximo? A indústria precisa continuar entregando jogos e trailers que justifiquem a expectativa. Mas, pelo visto, o apetite do público está lá, voraz. O sucesso de audiência também fortalece a posição de Keighley e de todo o time por trás do evento, dando a eles ainda mais influência para negociar e trazer conteúdos exclusivos para as transmissões futuras.
O crescimento contínuo também levanta questões interessantes sobre o futuro do evento. Com tamanho alcance, será que veremos uma expansão ainda maior, talvez com shows satélites ou formatos experimentais? A pressão por incluir mais categorias ou representatividade também tende a aumentar na mesma proporção que os holofotes brilham mais forte. De qualquer forma, um fato é inegável: o The Game Awards se firmou como um ponto fixo e essencial no ecossistema dos games. E, pelo visto, seu público só faz crescer.
Mas vamos mergulhar um pouco mais fundo nesses números, porque eles contam uma história além do simples "mais assistido". Quando Keighley fala em recorde, ele se refere a uma soma agregada de visualizações em todas as plataformas – YouTube, Twitch, Twitter, e por aí vai. O que é fascinante é observar como o consumo se fragmenta. Enquanto muitos ainda assistem à transmissão principal do começo ao fim, uma parcela crescente só sintoniza para os blocos de anúncios, acompanhando o evento de forma não-linear através de clipes e resumos que viralizam minutos depois de irem ao ar. Isso não diminui o feito; na verdade, mostra como o TGA se tornou um evento *multiformato*, consumido de diferentes maneiras por diferentes públicos.
E falando em público, quem são essas pessoas que estão assistindo? A demografia provavelmente está se expandindo. Claro, o núcleo duro são os fãs de games, mas a atração por trailers cinematográficos, performances de orquestra e a presença de celebridades de Hollywood (alguém lembra da aparição surpresa do ator daquele famoso filme de ficção científica no palco?) atrai um espectador mais casual. É o que alguns analistas chamam de "evento de cultura pop com games no centro". E isso é uma vitória e um desafio ao mesmo tempo.
A Engrenagem Por Trás do Espetáculo: Logística e Expectativas
Organizar um evento deste calibre é uma operação de guerra. Imagine coordenar dezenas de estúdios espalhados pelo globo, cada um com seu trailer ultrassecreto, seus tempos rígidos de exibição e a necessidade absoluta de que nada vaze antes da hora. Tudo isso enquanto se monta um show ao vivo com troca de cenários complexos, performances musicais e a presença de centenas de convidados no auditório. Um minuto de atraso em um anúncio pode desregular toda a programação ao vivo. A pressão sobre a equipe de produção nos bastidores deve ser simplesmente brutal.
E depois há a curadoria. Como decidir quais jogos merecem um cobiçado slot de "World Premiere"? É uma mistura de negociação comercial, timing de marketing dos estúdios e, suponho, um certo instinto de Keighley sobre o que vai gerar o maior impacto. Em 2025, senti que houve um equilíbrio melhor entre os AAA blockbusters e as joias indie. Lembro-me de um trailer em particular, de um jogo independente com uma arte deslumbrante em aquarela, que roubou a cena e gerou tanto burburinho quanto a sequência de um grande RPG de uma famosa desenvolvedora japonesa. Esse equilíbrio é crucial para manter a credibilidade do evento como um celebrante de toda a indústria, não apenas dos grandes orçamentos.
Mas essa curadoria também gera suas polêmicas. Sempre há quem critique a escolha de certos anúncios ou a ausência de outros. "Por que aquele jogo tão aguardado não apareceu?", "Esse trailer era apenas um teaser, não mostrou jogabilidade!". A expectativa, quando elevada ao nível que o TGA consegue elevar, é uma faca de dois gumes. A decepção, quando ocorre, pode ser proporcional. É um risco inerente ao modelo.
O Efeito "Day After": Mais do que um Pico de Audiência
O verdadeiro poder do The Game Awards é medido não apenas nas horas da transmissão, mas nos dias e semanas que a seguem. Cada anúncio vira dezenas de artigos, vídeos de análise, teorias em fóruns e discussões intermináveis nas redes sociais. O evento funciona como um megafone que amplifica o marketing de dezenas de jogos simultaneamente, por meses a fio. Para um estúdio menor, ter seu trailer exibido ali pode significar a diferença entre o anonimato e ser o próximo jogo indie queridinho.
Esse "efeito prolongado" é, na minha opinião, o ativo mais valioso que o TGA construiu. Não se trata mais de um simples show de premiação que você esquece no dia seguinte. Ele define a narrativa para o ano seguinte na indústria. Os jogos anunciados ou premiados entram no radar do público e da mídia com uma força descomunal. E isso cria um ciclo virtuoso (ou vicioso, dependendo do ponto de vista): quanto maior o impacto pós-evento, mais estúdios querem participar, o que torna o evento mais relevante, o que atrai mais audiência... e assim vai.
O que me faz pensar: até onde isso pode ir? Existe um limite natural para esse crescimento? A indústria de games tem seus altos e baixos cíclicos, e o sucesso do TGA está intrinsecamente ligado à saúde e ao entusiasmo geral pelo medium. Em um ano com menos lançamentos blockbusters anunciados, a audiência se manteria? É um teste que ainda não vimos acontecer, pois o evento tem surfado uma onda de expansão constante da indústria.
Outro aspecto que merece reflexão é a própria cerimônia de premiação. Com o foco tão intenso nos anúncios, será que os prêmios em si correm o risco de se tornar um pano de fundo? Os desenvolvedores que sobem ao palco para receber o prêmio de Jogo do Ano têm, de fato, o holofote que merecem, ou a plateia e os espectadores em casa já estão ansiosos pelo próximo trailer? É uma tensão interessante. Por um lado, o formato garante que milhões vejam aquela conquista. Por outro, a natureza frenética do show pode, às vezes, parecer que trata a conquista criativa como um intervalo entre comerciais. É um equilíbrio delicadíssimo.
E então há a questão da globalização. O TGA é, em sua essência, um evento norte-americano, transmitido em inglês. No entanto, seu público é mundial. Até que ponto a curadoria e as premiações refletem essa audiência global? Vemos mais jogos japoneses e coreanos, sem dúvida, mas e os jogos desenvolvidos na América Latina, na Europa Oriental ou na África? O recorde de audiência de 2025, se analisado por região, poderia revelar oportunidades de crescimento e inclusão ainda maiores. Talvez o próximo passo evolutivo não seja apenas ser *mais assistido*, mas ser *mais representativo* da incrível diversidade de vozes que compõem a cena global de games hoje.
Com informações do: IGN Brasil











