Publicidade intrusiva no menu de armas causa desconforto
A comunidade de Call of Duty: Black Ops 6 está em polvorosa após a última atualização do jogo. A quarta temporada trouxe uma mudança que muitos consideram invasiva: anúncios de conteúdos pagos agora aparecem no topo do menu de seleção de armas. Essa alteração na interface, que antes exibia apenas as armas disponíveis, passou a mostrar promoções de pacotes de skins e armas premium.

Embora microtransações não sejam novidade na franquia Call of Duty, a implementação atual chamou atenção pelo posicionamento estratégico. "É como se você estivesse folheando um catálogo de armas e de repente aparece um vendedor te oferecendo produtos extras", comenta um jogador no Reddit. A loja do jogo já estava acessível pelo menu, mas agora as ofertas se tornaram impossíveis de ignorar.
Reação da comunidade e comparações com jogos mobile
Nas redes sociais, a insatisfação é palpável. Muitos jogadores argumentam que, tendo pago preços altos pelo jogo (que atualmente está com 45% de desconto na Steam por R$ 186,45), não deveriam ser submetidos a publicidade tão intrusiva. Algumas críticas chegam a comparar a experiência com jogos mobile free-to-play, conhecidos por suas táticas agressivas de monetização.
"Uma das mudanças que eu não gostei nesta 4ª temporada é que agora eles inseriram um novo anúncio no topo da lista das builds de armas. Então, toda vez que você alterna entre elas, você pode olhar para anúncios de skins de 20 a 30 dólares", desabafa um usuário no Reddit. A frustração parece ser geral, com muitos questionando até que ponto os desenvolvedores estão dispostos a ir para monetizar um jogo que já tem preço cheio.

Problemas técnicos e combate a cheaters
Para piorar a situação, o jogo continua enfrentando críticas por problemas técnicos e de desempenho, como destacado nas avaliações "ligeiramente negativas" na Steam. A Treyarch, estúdio responsável pelo título, recentemente baniu mais de 136 mil contas por uso de cheats, mas essa medida parece não ter sido suficiente para acalmar os ânimos da comunidade.
Enquanto isso, a Activision ofereceu recentemente a oportunidade de jogar Black Ops 6 gratuitamente no Xbox, como noticiado pelo Adrenaline. Uma jogada de marketing que, para alguns, parece contraditória com a política agressiva de monetização dentro do jogo.
Impacto na experiência do jogador e possíveis soluções
A inserção de anúncios no menu de armas está afetando diretamente a fluidez do jogo. Jogadores relatam que a navegação entre diferentes builds de armas, algo que costumava ser instantâneo, agora apresenta pequenos atrasos enquanto os anúncios são carregados. "É especialmente irritante durante partidas ranqueadas, quando cada segundo conta", explica um competidor no fórum oficial da Activision.
Alguns membros da comunidade sugerem que a empresa poderia ter adotado abordagens menos intrusivas, como:
Manter os anúncios apenas na loja virtual, como era antes
Oferecer a opção de desativar promoções nas configurações
Criar uma aba separada para "ofertas especiais" no menu de armas
Reduzir a frequência com que os anúncios são exibidos
Curiosamente, essa não é a primeira vez que a franquia Call of Duty experimenta com publicidade in-game. Em 2020, o Modern Warfare chegou a exibir anúncios de filmes nos mapas multiplayer, gerando controvérsia semelhante. A diferença é que, na época, os anúncios eram de terceiros e não promoviam conteúdos pagos do próprio jogo.
O dilema da monetização em jogos AAA
O caso do Black Ops 6 reflete um debate mais amplo na indústria de games. Por um lado, os custos de desenvolvimento continuam subindo - estima-se que um Call of Duty moderno custe entre US$ 200-300 milhões para produzir. Por outro, os jogadores esperam suporte pós-lançimento contínuo, com novos mapas, modos e balanceamentos.
problema não é a existência de microtransações, mas como elas são implementadas", argumenta um desenvolvedor independente que prefere não se identificar. "Quando você paga R$ 300 por um jogo, espera que a experiência seja limpa. Anúncios agressivos quebram essa imersão."
Vale notar que a estratégia da Activision parece estar dando resultados financeiros - o último relatório trimestral mostrou crescimento nas vendas de pacotes cosméticos. Mas a que custo? A percepção da marca entre os fãs hardcore está claramente sofrendo, e em uma indústria onde a fidelização é crucial, isso pode ter consequências a longo prazo.
O futuro das monetizações em Call of Duty
Com o anúncio recente de que a próxima edição da franquia fará parte do Game Pass desde o lançamento, muitos se perguntam se veremos uma escalada ainda maior nas microtransações. Afinal, se os jogadores não estão mais pagando pelo jogo base, como as empresas vão garantir seu retorno financeiro?
Alguns analistas preveem que poderemos ver:
Mais itens exclusivos para assinantes do Game Pass
Pacotes premium ainda mais caros
Anúncios em outros menus além do de armas
Sistemas de "battle pass" com mais camadas pagas
Enquanto isso, no Reddit, os jogadores mais antigos da franquia lembram com nostalgia dos tempos em que desbloquear skins era feito através de desafios dentro do jogo, não com cartão de crédito. "Lembro de passar horas tentando conseguir o camouflage dourado no Modern Warfare 2 original. Hoje em dia é só pagar", comenta um usuário.
Com informações do: Adrenaline