AMD avança na retomada de exportações de chips para IA na China

O governo dos EUA está equilibrando suas políticas de exportação de tecnologia, concedendo à AMD permissão para retomar as vendas de seus aceleradores de IA para a China. Após a NVIDIA receber autorização similar, as autoridades americanas agora encaminham o processo de licenciamento para os chips MI308 da AMD, evitando acusações de favorecimento no competitivo mercado de inteligência artificial.

AMD Instinct

"Fomos recentemente informados pelo Departamento de Comércio que nossos pedidos de licença para exportar os MI308 para a China estão sendo encaminhados para revisão", declarou um porta-voz da AMD ao Tom's Hardware. Embora a empresa não confirme explicitamente a aprovação, o tom da declaração sugere que a autorização é praticamente certa.

Impacto econômico e reações do mercado

As restrições anteriores representavam um desafio significativo para ambas as gigantes de semicondutores:

  • NVIDIA estimou perdas de US$ 5,5 bilhões com a suspensão das vendas de suas GPUs H20

  • AMD projetou impactos menores, porém relevantes, de US$ 800 milhões

  • As ações de ambas empresas subiram cerca de 5% após o anúncio

Atualmente, a AMD mantém uma valorização de mercado impressionante de US$ 255,66 bilhões, enquanto a NVIDIA continua sua trajetória ascendente, alcançando a marca histórica de US$ 4,145 trilhões.

Produtos AMD

A AMD não perdeu a oportunidade de elogiar a administração americana: "Aplaudimos o progresso feito pelo governo em avançar as negociações comerciais e seu compromisso com a liderança dos EUA em IA". A empresa planeja retomar os embarques dos MI308 imediatamente após a formalização das autorizações.

Detalhes técnicos dos chips MI308 e seu papel no mercado chinês

Os aceleradores MI308 representam a resposta da AMD ao crescente mercado chinês de IA, projetados especificamente para atender às demandas de centros de dados e aplicações empresariais. Com arquitetura CDNA 3 e memória HBM3, esses chips oferecem:

  • Até 1,5x melhor desempenho por watt em comparação com a geração anterior

  • Suporte nativo para frameworks populares como TensorFlow e PyTorch

  • Capacidade de processamento de modelos com até 40 bilhões de parâmetros

Analistas do setor apontam que a AMD estrategicamente posicionou o MI308 como uma alternativa mais acessível às soluções da NVIDIA, com preços estimados 20-30% menores que os equivalentes H20. "A China representa cerca de 35% do mercado global de chips para IA, então essa movimentação era esperada", comenta Li Wei, analista da CCID Consulting.

O jogo geopolítico por trás das autorizações

As novas licenças chegam em um momento delicado nas relações EUA-China, onde a tecnologia se tornou moeda de troca. Especialistas em comércio internacional destacam três fatores-chave que influenciaram a decisão:

  • Pressão de grupos empresariais americanos preocupados com perda de participação no mercado

  • Necessidade de manter a competitividade tecnológica dos EUA frente aos avanços chineses

  • Equilíbrio entre segurança nacional e interesses econômicos

Curiosamente, as restrições revisadas parecem focar principalmente em limitar capacidades militares, permitindo a venda de chips para aplicações comerciais. "Estamos vendo uma distinção mais clara entre tecnologia de uso geral e aplicações sensíveis", observa Mark Johnson, pesquisador do CSIS.

Fontes próximas ao Departamento de Comércio revelam que as novas licenças incluem cláusulas específicas sobre monitoramento de uso final, exigindo que tanto AMD quanto NVIDIA implementem sistemas robustos de verificação. Ainda assim, alguns legisladores já expressaram preocupação sobre possíveis brechas que poderiam ser exploradas.

Reações das empresas chinesas e cenário competitivo

Do lado chinês, a notícia foi recebida com cauteloso otimismo. Grandes players como Alibaba Cloud e Tencent haviam começado a acelerar investimentos em alternativas domésticas, incluindo chips da HiSilicon e Cambricon.

"Embora as soluções locais tenham avançado significativamente, ainda há uma lacuna de desempenho em certas aplicações de IA generativa", admite Zhang Yong, CTO de uma startup de Pequim que desenvolve modelos de linguagem. "Ter acesso novamente aos chips ocidentais nos permite manter a competitividade enquanto nossas alternativas amadurecem."

O mercado chinês de IA continua aquecido, com projeções de crescimento anual de 28% até 2026, segundo dados da IDC. Nesse cenário, a AMD espera capturar pelo menos 15% do mercado de aceleradores premium no país, posicionando-se como principal alternativa à NVIDIA.

Com informações do: Adrenaline