iPhone pode ter aumento de preço mesmo com trégua na guerra comercial

O recente acordo entre Estados Unidos e China que suspendeu a maioria das tarifas comerciais trouxe alívio para muitas empresas, mas os consumidores que esperavam preços mais baixos para os iPhones podem se decepcionar. Um relatório do The Wall Street Journal revela que a Apple está considerando aumentar os preços de seus novos modelos, mesmo com a melhora nas relações entre as duas potências econômicas.

A complexa relação Apple-China

Apesar dos esforços para diversificar sua cadeia de produção, a Apple continua profundamente dependente da China. A empresa transferiu parte da fabricação para a Índia e aumentou estoques nos EUA antes das tarifas entrarem em vigor, mas as fábricas chinesas seguem sendo cruciais, especialmente para os novos modelos com design ultrafino.

  • 75% da cadeia de suprimentos da Apple ainda está na China

  • Componentes especializados só estão disponíveis com fornecedores chineses

  • Mudança completa de produção levaria anos e custaria bilhões

Bandeiras de EUA e China

Estratégia de precificação delicada

Segundo fontes próximas à Apple, a empresa pretende evitar atribuir o aumento de preços diretamente às tensões comerciais. A experiência da Amazon, que sofreu retaliação após culpar abertamente as tarifas, serviu de lição. A Apple preferiu uma abordagem mais discreta, embora os custos adicionais da guerra comercial sejam um fator chave nos cálculos.

Analistas especulam que a empresa pode justificar os preços mais altos citando:

  • Novas tecnologias e designs mais avançados

  • Custos de pesquisa e desenvolvimento

  • Inflação geral nos preços de componentes

Logotipo da Apple

O que esperar dos novos modelos

Os próximos iPhones prometem mudanças significativas no design, incluindo modelos mais finos e telas sem bordas. Essas inovações, combinadas com os custos políticos da produção, podem levar a Apple a repensar sua estratégia de preços em todos os mercados.

Enquanto isso, a empresa continua expandindo sua produção no Brasil e na Índia, numa tentativa de reduzir sua dependência da China a longo prazo. Mas essa transição levará tempo e, até lá, os consumidores podem precisar se preparar para preços ainda mais altos.

Impacto nos mercados emergentes

Os aumentos de preço podem ter um efeito especialmente significativo em mercados emergentes como o Brasil, onde os iPhones já estão entre os smartphones mais caros disponíveis. Dados da consultoria IDC mostram que a Apple perdeu participação de mercado na América Latina no último trimestre, com muitos consumidores optando por marcas mais acessíveis.

Especialistas em comércio eletrônico apontam que a estratégia de preços da Apple nesses mercados pode precisar de ajustes:

  • Programas de troca mais agressivos para compensar os preços altos

  • Parcerias com operadoras para planos de parcelamento estendidos

  • Foco em nichos específicos que valorizam o status da marca

Reação dos concorrentes

Enquanto a Apple considera aumentos, rivais como Samsung e Xiaomi parecem estar adotando estratégias opostas. A Samsung anunciou recentemente que manterá os preços estáveis em sua linha Galaxy S25, aproveitando a oportunidade para ganhar market share. Já a Xiaomi planeja lançar um modelo premium com especificações similares ao iPhone, mas por cerca de 30% menos.

Essa divergência de estratégias levanta questões interessantes sobre o futuro do mercado premium de smartphones:

  • Os consumidores continuarão dispostos a pagar um prêmio pela marca Apple?

  • Até que ponto a experiência do ecossistema justifica preços mais altos?

  • Como a percepção de valor muda entre diferentes gerações de usuários?

Desafios na cadeia de suprimentos

Além das tensões comerciais, a Apple enfrenta pressões adicionais em sua cadeia de suprimentos. O aumento dos custos de energia na China, combinado com a escassez contínua de alguns semicondutores especializados, está criando um ambiente desafiador para manter margens de lucro sem repassar custos aos consumidores.

Relatórios internos obtidos pelo Nikkei Asia sugerem que a empresa está considerando várias medidas para mitigar esses custos:

  • Redesenho de alguns componentes para usar materiais mais acessíveis

  • Investimento em fábricas próprias de chips para reduzir dependência

  • Negociações diretas com governos por subsídios em novas localizações fabris

Com informações do: Olhar Digital