A Steam recebeu impressionantes 18.626 novos jogos apenas em 2024, um aumento de 93% em relação a 2020, quando 9.656 títulos foram adicionados à plataforma. Esses dados do SteamDB revelam uma realidade que está transformando radicalmente o mercado de games - para melhor e para pior.

Jason Schreier, em sua coluna na Bloomberg, argumenta que essa quantidade cada vez maior de jogos se tornou um problema sistêmico para a indústria. E eu tenho que concordar - a competição pela atenção do jogador nunca foi tão feroz.
O desafio da visibilidade para pequenos estúdios
Não é segredo que o mercado de jogos é brutalmente concorrido. O que me preocupa é como desenvolvedores independentes conseguem se destacar nesse mar de opções. A necessidade de investimentos massivos em marketing muitas vezes drena recursos que poderiam ser destinados ao desenvolvimento criativo dos games.
E a situação fica ainda mais complicada quando consideramos que jogos pequenos sem verba para propaganda precisam competir não apenas com títulos AAA, mas também com shovelware, games roubados e até mesmo títulos criados para distribuir malware.

Schreier faz um ponto crucial: novos games hoje competem não só pela carteira do jogador, mas principalmente pelo seu tempo limitado. Jogos como serviço mantêm públicos cativos por anos, criando uma barreira adicional para lançamentos recentes.
A complexa equação da moderação na Steam
O debate sobre se a Steam deveria ser mais seletiva com os jogos que aceita não é novo. Obviamente, titles que funcionam como cavalos de troia para malware precisam ser barrados - as falhas da plataforma nesse aspecto são inaceitáveis.
Mas aqui está o paradoxo: a democratização no desenvolvimento de games trouxe joias inesperadas. Será que sucessos como Among Us ou Peak teriam sobrevivido a um sistema excessivamente rigoroso? Duvido.
Alguns jogos menores que valem a pena conhecer:
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Via: WCCFTech
E pensar que há alguns anos, a discussão era sobre a "descoberta" na Steam - como os jogadores encontram jogos que realmente querem jogar. O algoritmo de recomendação da plataforma evoluiu, é verdade, mas será que consegue acompanhar esse ritmo alucinante de lançamentos? Às vezes me pergunto se não estamos perdendo pérolas incríveis simplesmente porque elas não tiveram o impulso inicial necessário para aparecer nas listas mais populares.
Um aspecto que muitas vezes passa despercebido nessa discussão é o impacto psicológico nos desenvolvedores. Conheci um pequeno estúdio independente que trabalhou por três anos em um projeto passion, apenas para vê-lo desaparecer no mar de lançamentos em questão de horas. A frustração é palpável - e compreensível. Como manter a motivação quando seu trabalho é engolido por uma esteira de produção que parece não ter fim?
O papel das promoções e eventos sazonais
As grandes promoções da Steam, como as sales de verão e inverno, tornaram-se arenas ainda mais competitivas. Com milhares de jogos disputando atenção simultaneamente, os descontos precisam ser cada vez mais agressivos para sequer serem notados. E isso cria um ciclo vicioso: jogadores esperam por descontos profundos, o que pressiona ainda mais os preços e margens dos desenvolvedores.
Mas há um lado interessante nisso: os eventos temáticos da plataforma, como o Next Fest, oferecem uma tábua de salvação para alguns títulos. Essas vitrines dedicadas a demos de jogos futuros permitem que projetos menores conquistem wishlists e construam comunidade antes do lançamento. É uma das poucas ferramentas que ainda funcionam para quem não tem orçamento de marketing.
O que me impressiona é como alguns desenvolvedores estão encontrando maneiras criativas de contornar esses desafios. Vejo cada vez mais estúdios focando em construir comunidades sólidas no Discord e outras redes sociais antes mesmo de considerar o lançamento na Steam. Estratégias de early access bem conduzidas também podem fazer toda a diferença, transformando jogadores em evangelistas do projeto.
Quando a quantidade afeta a qualidade?
Há um debate interessante sobre se essa explosão de lançamentos está diluindo a qualidade geral dos jogos disponíveis. Por um lado, mais opções significam mais diversidade - gêneros de nicho que antes não teriam espaço agora encontram seu público. Por outro, a pressão por lançar rápido pode levar a jogos incompletos ou mal polidos.
Lembro quando um lançamento na Steam era quase um evento. Agora, com dezenas de jogos novos todos os dias, a sensação de "especial" se perdeu um pouco. Mas será que isso é necessariamente ruim? Talvez estejamos apenas testemunhando a normalização do desenvolvimento de games como forma de expressão criativa acessível.
O sistema de reviews da Steam tornou-se uma ferramenta crucial nesse contexto. Jogadores dependem cada vez mais das avaliações da comunidade para filtrar o ruído. Mas até isso tem seus problemas - review bombing, brigadas organizadas e a dificuldade de diferenciar críticas genuínas de ataques coordenados complicam ainda mais o panorama.
E você, como lida com essa abundância de opções? Já descobriu algum jogo fantástico que quase passou despercebido? Compartilhar essas descobertas entre amigos e em comunidades especializadas talvez seja a melhor maneira de equilibrar a balança - humanos recomendando para humanos, em vez de depender apenas de algoritmos.
O futuro dessa saturação é incerto. Alguns especialistas preveem uma consolidação, com menos estúdios sobrevivendo à competição. Outros acreditam que novas plataformas e modelos de distribuição emergirão para oferecer alternativas à hegemonia da Steam. O que é certo é que a relação entre desenvolvedores, plataformas e jogadores continuará evoluindo - espero que para um equilíbrio mais saudável para todos os envolvidos.
Com informações do: Adrenaline