A Epic Games Store finalmente adicionou o pré-carregamento de jogos à sua plataforma, uma funcionalidade que os concorrentes oferecem há anos. Lançada discretamente no final de setembro, a novidade chega com limitações significativas e serve como um lembrete de como a loja ainda está atrasada em recursos considerados básicos no mercado.

As limitações do novo sistema
O que poderia ser uma celebração se transforma em uma demonstração das deficiências da plataforma. O pré-carregamento está disponível apenas para jogos que tiveram suas pré-vendas aprovadas pela administração da loja e, no momento atual, funciona somente com alguns títulos pré-selecionados.
E as restrições não param por aí. Os usuários só podem iniciar o download até 120 horas (5 dias) antes do lançamento oficial, e o sistema pode ser ativado até 12 horas antes da estreia. Todos os arquivos baixados ficam criptografados até o momento exato do lançamento, o que é padrão no mercado, mas a implementação limitada deixa a desejar.

O atraso que persiste
É impressionante pensar que a Epic Games Store levou quase sete anos para implementar uma funcionalidade que Steam, GOG e todas as principais plataformas de console oferecem há tanto tempo. Enquanto a Epic investia pesado em jogos gratuitos e exclusividades para atrair usuários, recursos fundamentais ficavam em segundo plano.
Na minha experiência usando ambas as plataformas, a diferença é gritante. O Steam não apenas oferece pré-carregamento há anos, mas também possui um sistema muito mais robusto de gerenciamento de downloads, permitindo pausar, priorizar e agendar transferências de maneira intuitiva.
O que vem pela frente?
Durante a Unreal Fest 2025, a Epic Games revelou que seu foco atual está na versão mobile da loja. No entanto, a empresa promete que ainda este ano trará recursos como perfis de usuários, suporte ao upgrade de versões e um centro de notificações mais completo para desktops.
Mas será que essas promessas serão suficientes para recuperar o tempo perdido? Enquanto isso, casos como o de jogos sendo removidos das contas mostram que a plataforma ainda tem desafios básicos de gestão para resolver.
Fonte: PC Gamer
O que mais me surpreende é como a Epic parece estar sempre correndo atrás do prejuízo. Enquanto a Steam implementou pré-carregamento em 2009 – sim, dezesseis anos atrás – a Epic Games Store chega em 2025 com uma versão que parece mais um teste beta do que um recurso consolidado. E não é como se fosse uma funcionalidade obscura ou pouco utilizada – para jogos AAA com lançamentos globais, o pré-carregamento é essencial para que jogadores em diferentes fusos horários possam acessar o conteúdo simultaneamente.
Lembro quando aguardava o lançamento de Cyberpunk 2077 na Steam – baixei o jogo completo dois dias antes e, no momento exato do lançamento, precisei apenas de uma pequena atualização de alguns megabytes para desbloquear tudo. Enquanto isso, amigos que compraram na Epic Games Store tiveram que esperar horas baixando dezenas de gigabytes após a meia-noite. A frustração era palpável.
O custo das exclusividades
Você já parou para pensar onde todo aquele dinheiro gasto em exclusividades poderia ter sido investido? A Epic gastou centenas de milhões garantindo títulos como Borderlands 3, Kingdom Hearts e vários outros jogos que não estariam disponíveis na Steam no lançamento. Enquanto isso, recursos básicos como revisões de usuários, perfis personalizáveis, fóruns integrados e até mesmo um carrinho de compras funcional (que só chegou em 2021!) ficavam em espera.
É uma estratégia que me faz questionar: será que atrair usuários com jogos gratuitos e exclusivos realmente compensa quando a experiência básica da plataforma deixa tanto a desejar? Na prática, muitos jogadores que eu conheço continuam usando a Epic apenas para resgatar os jogos gratuitos, mas fazem suas compras principais na Steam por causa da experiência superior.
E não se trata apenas do pré-carregamento. A falta de recursos como controle parental robusto, compartilhamento familiar de bibliotecas e até mesmo suporte adequado para mods mostra como a plataforma ainda está anos-luz atrás da concorrência em termos de maturidade.
O dilema do desenvolvedor
Do ponto de vista dos desenvolvedores, a situação também é complicada. Conversando com um estúdio indie recentemente, eles mencionaram que a taxa de revshare mais baixa da Epic (88/12 contra 70/30 da Steam) é tentadora, mas a falta de ferramentas de descoberta e engajamento da comunidade acaba prejudicando as vendas a longo prazo.
"Lançamos nosso jogo nas duas plataformas simultaneamente," me contou o desenvolvedor, "e enquanto na Steam tínhamos reviews orgânicos, discussões nos fóruns e uma comunidade ativa desde o primeiro dia, na Epic foi como lançar em um deserto. As vendas foram cerca de 80% menores, apesar da taxa melhor."
E isso levanta uma questão fundamental: até que ponto a estratégia agressiva de aquisição de usuários através de exclusivos e jogos gratuitos está realmente construindo uma base fiel de clientes? Ou está apenas criando uma audiência que vê a Epic como uma plataforma secundária, um complemento à Steam?
O caminho pela frente
Agora, com o foco na versão mobile da loja, me pergunto se a Epic não está repetindo os mesmos erros. Em vez de consolidar e melhorar a experiência desktop existente, a empresa parece estar se espalhando ainda mais. E considerando que a Google Play Store e a Apple App Store já são mercados extremamente maduros e competitivos, será que a Epic tem mesmo condições de disputar esse espaço?
Enquanto isso, recursos prometidos há anos – como achievements nativos, perfis sociais robustos e melhorias na interface – continuam chegando a conta-gotas, quando chegam. A sensação que tenho é de estar usando uma plataforma em desenvolvimento perpétuo, sempre esperando pela próxima atualização que finalmente vai torná-la competitiva.
E o pior é que a concorrência não está parada. A Steam continua evoluindo com features como Steam Deck compatibility, ferramentas de streaming avançadas e um sistema de recomendação que só melhora com o tempo. Até mesmo a GOG, com seu foco em DRM-free, consegue oferecer uma experiência mais coesa e completa apesar do tamanho muito menor.
O que me deixa genuinamente curioso é: em que ponto os usuários vão parar de aceitar promessas futuras e começar a exigir uma experiência completa no presente? Com a adição do pré-carregamento – mesmo que limitado – a Epic remove mais um item da lista de "recursos em falta", mas ainda restam tantos outros que é difícil comemorar genuinamente.
Com informações do: Adrenaline