O paradoxo da mídia física na era digital

Em um movimento que está causando polêmica entre os fãs, a versão física de DOOM: The Dark Ages não permitirá jogar diretamente do disco. O que era para ser uma alternativa para colecionadores e entusiastas de mídia física se transformou em pouco mais que uma chave de ativação elegante.

O jornalista Stealth revelou que o disco contém apenas uma fração dos dados necessários, exigindo download quase completo do jogo pela internet. Uma situação que lembra o recente lançamento de Indiana Jones and the Great Circle, também publicado pela Bethesda.

The physical edition of Doom The Dark Ages is basically a Switch 2 Key Card (without being on Switch 2).

There is a little data on disc, but the majority needs to be downloaded and can't be played from the physical media alone.

Indiana Jones was the same. pic.twitter.com/iGQ03IeMH5

— Stealth (@Stealth40k)

9, 2025

O que isso significa para os jogadores?

Na prática, comprar a versão física de DOOM: The Dark Ages não difere muito da versão digital em termos de conveniência. Você ainda precisará:

  • Ter uma conexão estável com a internet

  • Dispor de espaço suficiente no HD

  • Aguardar o download completo antes de jogar

E o pior? Nem mesmo uma instalação parcial será possível diretamente do disco. A Bethesda ainda não se pronunciou oficialmente sobre os detalhes, mas o padrão parece claro.

Capa física de DOOM: The Dark Ages

Imagem: Amazon/Reprodução

Um padrão preocupante na indústria?

O caso de DOOM: The Dark Ages não é isolado. Indiana Jones and the Great Circle seguiu exatamente o mesmo caminho, com o disco servindo basicamente como um token de autenticação.

Isso levanta questões importantes sobre o futuro da mídia física nos jogos. Afinal, qual é o propósito de comprar um disco se ele não contém o jogo completo? Para colecionadores, pode fazer sentido. Mas para quem queria evitar downloads massivos ou garantir acesso permanente ao jogo, a decepção é inevitável.

Cenário de DOOM: The Dark Ages

Steam/Reprodução

Com o lançamento marcado para 15 de maio no PlayStation 5, Xbox Series e PC, DOOM: The Dark Ages promete uma experiência sangrenta e cheia de ação. Resta saber se a polêmica sobre a mídia física afetará sua recepção entre os fãs mais tradicionais da série.

Via: Insider Gaming

O impacto na preservação de jogos

Esta tendência levanta preocupações sérias sobre a preservação de jogos a longo prazo. Colecionadores e arquivistas já alertam: quando os servidores de autenticação forem desligados no futuro, esses discos "físicos" podem se tornar peças de plástico inúteis. Imagine tentar jogar DOOM: The Dark Ages daqui a 20 anos e descobrir que não há como baixar os arquivos necessários.

O caso contrasta fortemente com jogos como Baldur's Gate 3, que oferecem uma experiência completa diretamente da mídia física. Larian Studios provou que ainda é possível entregar produtos autossuficientes, mesmo com jogos modernos e complexos.

As justificativas da indústria

Fontes próximas aos publicadores argumentam que essa abordagem tem razões técnicas:

  • Atualizações de dia um são quase universais hoje

  • O tamanho dos jogos modernos excede a capacidade dos discos Blu-ray

  • O controle de DRM é mais fácil com downloads obrigatórios

Mas será que essas explicações justificam completamente a experiência do consumidor? Muitos jogadores questionam por que não incluir pelo menos uma versão jogável básica no disco, mesmo que requeira patches posteriores.

"Estamos pagando premium por uma caixa bonita e um código de download disfarçado de mídia física" - comentário de um usuário no Reddit

Alternativas para os fãs de mídia física

Algumas editoras estão explorando caminhos diferentes. A Limited Run Games, por exemplo, oferece edições especiais com:

  • Discos realmente completos para jogos menores

  • Múltiplos discos para títulos maiores

  • Opções de DRM menos intrusivas

Enquanto isso, plataformas como GOG continuam defendendo a filosofia de jogos sem DRM e totalmente offline. A questão é: por que as grandes publicadoras não seguem esse exemplo quando se trata de mídia física?

Exemplo de edição física completa pela Limited Run Games

O dilema dos colecionadores

Para os colecionadores hardcore, a situação cria um paradoxo. De um lado, o desejo de ter cópias físicas de franquias amadas. Do outro, a frustração de saber que estão adquirindo produtos que podem se tornar obsoletos.

Alguns fãs estão começando a questionar se vale a pena investir em edições físicas que não cumprem sua função principal. Outros continuam comprando, mas com a consciência de que estão adquirindo mais um item de colecionador do que um meio de jogo funcional.

E você? Continuaria comprando mídia física sabendo que ela não contém o jogo completo? A resposta pode dizer muito sobre o futuro desse formato na indústria de games.

Com informações do: Adrenaline