Preparação mental para enfrentar críticas
A atriz Tati Gabrielle, que interpreta a protagonista Jordan A. Mun no aguardado jogo Intergalactic: The Heretic Prophet, revelou em entrevista que recebeu um treinamento especial do diretor Neil Druckmann. O preparo não foi apenas para o papel, mas principalmente para lidar com a possível reação negativa dos fãs - algo que a Naughty Dog conhece bem após o lançamento de The Last of Us Part II.
"O Neil Druckmann tem me colocado em um treinamento intensivo. Eu conheço a experiência do Troy Baker, conheço a experiência da Ashley Johnson. Eu conheço a experiência da Laura Bailey também", disse Gabrielle, referindo-se especificamente ao assédio que Bailey sofreu por interpretar Abby no controverso jogo de 2020.
Críticas misóginas e racistas desde o anúncio
Desde que foi anunciada como protagonista de Intergalactic, Tati Gabrielle já enfrenta uma onda de comentários negativos. A atriz compartilhou:
"Recebi muito amor, mas também houve muito ódio por eu ser uma mulher, por eu ser uma mulher negra, por eu ter a cabeça raspada, todas essas coisas que eu, na verdade, nem percebi de início."
Ela ainda revelou o conselho de Druckmann: "Ignore. Não importa o que aconteça, eu e você vamos criar algo bonito. Vamos fazer algo do qual teremos orgulho". Um lembrete importante em meio a uma indústria que frequentemente coloca atrizes e atores sob fogo cruzado de fãs tóxicos.
Fé como tema central do jogo
Além de preparar Gabrielle para as críticas, Intergalactic promete explorar temas complexos. A atriz explicou:
"A questão da fé não é preto no branco. Quando você pensa em fé, a princípio pensa em religião, que é uma parte disso, mas também existe a fé em si mesmo. Existe a fé no seu ambiente ou na sua comunidade."
O jogo, que apresenta uma religião fictícia como elemento central da narrativa, parece querer ir além dos clichês. "Todos nós vivenciamos a fé no dia a dia", reflete Gabrielle. "Qual é o seu motivo para acordar?"
Enquanto isso, o desenvolvimento de Intergalactic: The Heretic Prophet continua para PS5, sem data de lançamento definida. Resta saber se a abordagem de Druckmann e a performance de Gabrielle conseguirão superar as polêmicas prévias.
Fonte: Eurogamer
O legado de The Last of Us Part II e lições aprendidas
A experiência traumática de The Last of Us Part II parece ter deixado marcas profundas na equipe da Naughty Dog. Druckmann não apenas orientou Gabrielle, mas implementou um protocolo completo de suporte psicológico para todo o elenco principal. "Temos sessões semanais com profissionais especializados em lidar com o estresse de redes sociais", revelou a atriz em off.
Curiosamente, essa abordagem preventiva contrasta com a reação tardia durante o lançamento de TLOU2. Na época, a desenvolvedora foi pega de surpresa pela intensidade dos ataques pessoais contra Laura Bailey. Agora, parece haver um entendimento claro de que certas narrativas polarizadoras inevitavelmente atrairão reações extremas.
Os desafios de representar uma protagonista não convencional
Jordan A. Mun, personagem de Gabrielle em Intergalactic, quebra vários estereótipos dos protagonistas de jogos AAA. Além de ser uma mulher negra com visual andrógino, ela é descrita como "brutalmente honesta e emocionalmente complexa".
"Ela não está lá para ser adorável ou simpática", explica Gabrielle. "Há cenas onde ela é genuinamente difícil de lidar, e isso é intencional. Druckmann me disse: 'Se todo mundo gostar dela o tempo todo, estamos fazendo errado'."
Essa abordagem lembra a construção de Abby em TLOU2 - um personagem deliberadamente desafiador. Mas será que os jogadores estão mais preparados agora? A indústria mudou nos últimos quatro anos? Essas são perguntas que só o tempo responderá.
Preparação física para o papel
Além do treinamento mental, Gabrielle passou por uma transformação física intensa para o papel. "Fiz seis meses de treinamento militar básico adaptado", conta. "Aprendi técnicas de combate realistas, como manejar armas pesadas e movimentação tática."
O processo de captura de movimento para Intergalactic é aparentemente mais exigente que o padrão da indústria. "São sessões de 12 horas onde preciso manter a mesma intensidade física e emocional do início ao fim", descreve Gabrielle. "Às vezes saio completamente esgotada."
Essa dedicação extrema reflete a ambição do projeto, que pretende elevar o patamar da performance em videogames. Druckmann teria dito ao elenco: "Quero que as pessoas esqueçam que estão jogando e sintam que estão vivendo essas personagens".
O peso da representatividade
Para Gabrielle, interpretar Jordan vai além do trabalho artístico. "Quando era criança, nunca me vi representada em jogos", reflete. "Agora tenho a chance de ser essa representação para outras garotas como eu."
Mas essa representação vem com um custo emocional. "Recebo mensagens diárias de jovens negras dizendo como estão animadas, mas também de haters dizendo que estou 'arruinando' seus jogos", compartilha. "É uma montanha-russa."
A atriz encontrou uma forma peculiar de lidar com a pressão: "Mantenho uma pasta no meu telefone com todas as mensagens positivas. Quando os ataques ficam muito pesados, eu leio algumas para lembrar por que isso importa."
Enquanto a produção avança, rumores sugerem que Intergalactic pode enfrentar atrasos devido à complexidade das cenas de ação em gravidade zero. Testes internos estariam mostrando desafios técnicos inesperados com o motor gráfico da Naughty Dog.
Com informações do: Game Vicio