O sucesso do hardware e o fracasso dos jogos third party

O Nintendo Switch 2 estreou com tudo no mercado, quebrando recordes de vendas de hardware em apenas quatro dias após seu lançamento em 5 de junho. Mas enquanto o console voava das prateleiras, os jogos de estúdios parceiros não acompanharam esse ritmo. A exceção foi Cyberpunk 2077, da CD Projekt RED, que se destacou como o único título third party com desempenho satisfatório.

Estreia no Nintendo Switch 2 não foi boa para jogos third party

"A maior parte dos jogos third party do Switch 2 registrou números muito baixos", revelou uma análise do The Game Business. Uma publicadora chegou a descrever os resultados como "abaixo das expectativas mais baixas" - um contraste gritante com as vendas robustas do console.

Nintendo domina as vendas de jogos

Os números são reveladores: nos Estados Unidos, 62% das vendas de jogos físicos foram de títulos da Nintendo. Mario Kart World liderou as paradas, seguido por versões aprimoradas de clássicos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild. No Reino Unido, a situação foi ainda mais extrema - 86% dos jogos físicos vendidos eram produções da Big N.

Curiosamente, quando se exclui o pacote que vinha com Mario Kart World, essa porcentagem cai para 48%. Mesmo assim, Cyberpunk 2077 se manteve como o jogo de terceiros mais vendido - um feito notável para um título já disponível em outras plataformas desde 2020.

Estreia no Nintendo Switch 2 não foi boa para jogos third party

Possíveis explicações para o fenômeno

  • A adoção do formato Game-Key, que funciona como um ativador de versões digitais

  • A maioria dos jogos third party já estava disponível em outras plataformas

  • O público do Switch 2 pode estar mais interessado nas exclusividades da Nintendo

  • A estratégia de marketing pode ter focado demais nos títulos first-party

Embora esse cenário não deva definir o futuro do suporte third party ao Switch 2, ele certamente serve como um alerta para as editoras. Afinal, o Switch original havia mostrado que era possível ter sucesso com jogos de terceiros na plataforma híbrida da Nintendo.

O desafio para desenvolvedores terceiros

Para muitos estúdios independentes, o cenário atual do Switch 2 representa um dilema significativo. "Investimos recursos consideráveis para adaptar nosso jogo ao novo hardware, mas as vendas não justificaram o esforço", confessou o CEO de uma desenvolvedora de médio porte que preferiu não se identificar. Essa frustração parece ser compartilhada por várias equipes que apostaram no potencial da nova plataforma.

Um fator que pode estar influenciando essa dinâmica é o comportamento peculiar do público da Nintendo. Diferente de outras plataformas, onde os jogadores costumam adquirir diversos títulos de diferentes editoras, os fãs da Big N tradicionalmente focam nas franquias icônicas da marca. Será que essa tendência se manterá com o Switch 2?

O caso peculiar de Cyberpunk 2077

O sucesso relativo de Cyberpunk 2077 no Switch 2 merece uma análise mais aprofundada. O que fez este título se destacar entre os demais jogos third party? Algumas teorias começam a surgir:

  • A versão para Switch 2 incluiu conteúdo exclusivo não disponível em outras plataformas

  • A CD Projekt RED investiu pesado em marketing específico para o lançamento no console

  • O timing da versão coincidiu com o lançamento da segunda temporada da série da Netflix

  • A otimização técnica impressionante para o hardware híbrido chamou a atenção

"Nós tratamos o Switch 2 como uma plataforma prioritária desde o início do desenvolvimento desta versão", explicou um porta-voz da CD Projekt RED. Essa abordagem contrasta com a de muitas outras publicadoras, que parecem ter tratado o port como um projeto secundário.

O impacto dos Game-Keys na equação

O novo sistema de Game-Keys introduzido pela Nintendo pode estar desempenhando um papel mais significativo do que se imaginava inicialmente. Com a maioria dos varejistas físicos oferecendo códigos de ativação em vez de cartuchos tradicionais, muitos consumidores podem estar optando por comprar diretamente na eShop - onde os números de vendas não são divulgados publicamente.

"Temos dados que sugerem uma migração significativa para o digital no Switch 2", revelou uma fonte do setor de varejo. "Se isso se confirmar, pode significar que os jogos third party estão performando melhor do que os números físicos indicam."

No entanto, mesmo considerando essa possibilidade, a disparidade entre os títulos da Nintendo e os demais ainda parece substancial. A questão que fica é: será que as editoras terceiras precisarão repensar completamente suas estratégias para a plataforma?

Com informações do: Adrenaline