Oportunidade perdida para a Huawei?

A crescente pressão dos EUA e os bloqueios na venda de chips da NVIDIA para a China criaram uma janela de oportunidade para a Huawei dominar o mercado local de GPUs. No entanto, rumores sugerem que as grandes empresas de tecnologia chinesas estão relutantes em adotar os aceleradores Ascend 910C da Huawei, preferindo manter seus estoques de GPUs da NVIDIA.

NVIDIA CUDA

Segundo o site The Information, gigantes como ByteDance (dona do TikTok), Alibaba e Tencent não teriam comprado volumes significativos dos chips da Huawei. A razão? O ecossistema CUDA da NVIDIA já está profundamente enraizado nessas empresas.

Os desafios internos da Huawei

Além da competição com a NVIDIA, a Huawei enfrenta outros obstáculos:

  • As big techs chinesas veem a Huawei como concorrente em múltiplos setores

  • Relatos de problemas de superaquecimento nos chips Ascend 910C

  • Falta de maturidade do ecossistema CANN em comparação com o CUDA

IMagem de divulgação do Ascend 910C

Curiosamente, muitas empresas chinesas teriam estocado GPUs da NVIDIA antecipando novas sanções, reduzindo a necessidade imediata por alternativas. Será que essa estratégia vai se manter a longo prazo?

DeepSeek: uma possível aliada

A DeepSeek, que recentemente causou impacto no mercado de IA generativa com seu modelo R1, já demonstrou interesse nos chips da Huawei. Se decidir adotá-los em larga escala, poderia influenciar outras empresas a seguir o mesmo caminho.

No entanto, como observa WCCFTech, ainda não há sinais concretos de que essa mudança ocorrerá em breve. Enquanto isso, a Huawei precisa convencer o mercado de que seus chips são uma alternativa viável - não apenas politicamente, mas tecnicamente.

O dilema da dependência tecnológica

A situação expõe um paradoxo interessante no cenário tecnológico chinês. Por um lado, há um claro desejo de autonomia e soberania tecnológica, especialmente diante das restrições americanas. Por outro, as empresas chinesas parecem relutantes em abrir mão da eficiência comprovada das soluções da NVIDIA.

Um engenheiro de IA da Tencent, que pediu para não ser identificado, comentou em fóruns internos: "Migrar para o CANN da Huawei exigiria reescrever códigos que levamos anos para otimizar no CUDA. O custo operacional seria enorme." Esse tipo de resistência interna ajuda a explicar por que mesmo empresas alinhadas com os objetivos nacionais hesitam em fazer a transição.

Investimentos governamentais e pressões políticas

Fontes próximas ao governo chinês sugerem que Pequim pode estar preparando pacotes de incentivo para estimular a adoção dos chips locais:

  • Subsídios diretos para empresas que adquirirem hardware nacional

  • Prioridade em contratos governamentais para projetos que utilizem tecnologia chinesa

  • Pressão indireta através de regulamentações setoriais

Mas será que essas medidas serão suficientes? Históricamente, a indústria chinesa tem respondido melhor a incentivos de mercado do que a mandatos políticos. A Huawei precisaria demonstrar melhorias tangíveis no desempenho e estabilidade de seus chips para conquistar os clientes mais céticos.

Fábrica da Huawei em Shenzhen

O jogo de xadrez geopolítico

Analistas internacionais observam que a relutância das big techs chinesas em adotar os chips da Huawei pode ter implicações além do mercado. Algumas possíveis consequências:

  • Maior pressão sobre a NVIDIA para desenvolver chips "sanction-proof"

  • Possível aceleração no desenvolvimento de alternativas ao CUDA por outros players chineses

  • Risco de novas sanções dos EUA direcionadas especificamente à Huawei

Enquanto isso, a Huawei continua investindo pesado em P&D. Relatórios não confirmados sugerem que a próxima geração de chips Ascend, prevista para 2026, pode trazer melhorias significativas na eficiência energética - um dos principais pontos de crítica atual. Mas no ritmo acelerado do mercado de IA, será que as empresas chinesas estarão dispostas a esperar?

Com informações do: Adrenaline