Revolução no armazenamento de dados
A Utran Technology acaba de anunciar uma solução que promete transformar o mercado de armazenamento para data centers. Trata-se de uma placa de expansão PCIe 5.0 x16 capaz de suportar até 28 SSDs M.2 NVMe simultaneamente, alcançando velocidades impressionantes de 109 GB/s e capacidade máxima de 224 TB.

Mas o que isso significa na prática? Imagine transferir o conteúdo de um disco Blu-ray de 50GB em menos de meio segundo. Essa é a potência que essa placa oferece, graças ao uso do switch Broadcom PEX89144 de 144 vias, que gerencia inteligentemente a distribuição de largura de banda entre os diversos SSDs conectados.
Detalhes técnicos impressionantes
Apresentada durante a Computex 2025, a solução demonstrou em testes:
Taxa de leitura sequencial agregada de 109,6 GB/s
Mais de 418.000 IOPS (operações de entrada/saída por segundo)
Latência média de resposta de E/S de apenas 0,48 milissegundos
Uso da CPU mantido em torno de 30%, deixando margem para outras tarefas

Apesar do alto desempenho, há algumas considerações importantes:
Consumo energético de aproximadamente 400W
Preço estimado em US$ 3.000 (cerca de R$ 17 mil sem impostos)
Não possui função hot-swappable
Falta proteção contra perda de energia no nível da placa
Para quem é essa solução?
Claramente não estamos falando de um produto para o usuário comum. Essa placa foi desenvolvida pensando em:
Data centers de alto desempenho
Aplicações de inteligência artificial que exigem acesso rápido a grandes volumes de dados
Bancos de dados empresariais críticos
Edição profissional de vídeo 8K+

A Utran planeja iniciar as vendas ainda este ano, embora não tenha divulgado uma data específica. Enquanto isso, a indústria já especula sobre como essa tecnologia pode influenciar o desenvolvimento de soluções de armazenamento nos próximos anos.
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Desafios e oportunidades no mercado de armazenamento
A introdução dessa tecnologia pela Utran levanta questões interessantes sobre o futuro do armazenamento em data centers. Enquanto a capacidade e velocidade são impressionantes, especialistas apontam que o custo por terabyte ainda é significativamente maior do que soluções baseadas em discos rígidos tradicionais.
No entanto, para aplicações onde a velocidade é crítica, como treinamento de modelos de IA em tempo real ou processamento de transações financeiras de alta frequência, o investimento pode se justificar. "Estamos vendo uma mudança de paradigma onde o tempo de acesso aos dados está se tornando mais valioso do que o custo de armazenamento em si", comenta Ricardo Mendes, engenheiro de sistemas de um grande provedor de cloud.
Comparativo com soluções existentes
Como essa solução se posiciona frente a outras tecnologias do mercado? Vejamos alguns números:
U.2 NVMe: Até 7 GB/s por dispositivo, com limite prático de 24 drives por servidor
EDSFF (E3.S): Até 12 GB/s, porém com maior consumo energético por TB
Soluções SAS: Máximo de 4 GB/s agregado, com latência significativamente maior
O que chama atenção na solução da Utran é a densidade de armazenamento combinada com a eficiência energética. Cada slot M.2 opera de forma independente, permitindo que sistemas possam priorizar recursos conforme a demanda.
O futuro do PCIe 5.0 e além
Com o PCIe 6.0 já no horizonte, surge a questão: essa tecnologia se tornará obsoleta rapidamente? A resposta é mais complexa do que parece. Embora o padrão PCIe 6.0 dobre a largura de banda teórica, a implementação prática ainda enfrenta desafios de:
Compatibilidade com hardware existente
Dissipação térmica em altas velocidades
Custo de desenvolvimento de controladores
"O PCIe 5.0 provavelmente será o padrão dominante em data centers pelos próximos 3-5 anos", prevê Ana Lúcia Torres, analista de mercado especializada em infraestrutura de TI. "A transição para o 6.0 será gradual, focada inicialmente em aplicações de nicho onde cada ciclo de clock conta".
Casos de uso inesperados
Embora projetada para data centers, a tecnologia da Utran já está sendo testada em outros cenários:
Renderização cinematográfica: Estúdios estão experimentando carregar bibliotecas inteiras de texturas e assets na memória
Pesquisa genômica: Acesso rápido a bancos de dados de sequenciamento genético
Simulações científicas: Redução do tempo de carregamento de modelos complexos
Um caso curioso vem da Universidade de São Paulo, onde pesquisadores adaptaram um protótipo similar para acelerar o processamento de imagens de telescópios. "Conseguimos reduzir o tempo de análise de dados astronômicos em cerca de 40%", relata o professor Carlos Eduardo Silva.
Considerações sobre refrigeração
Um aspecto crítico que ainda não mencionamos é o gerenciamento térmico. Com 28 SSDs M.2 operando simultaneamente em um espaço compacto, o calor gerado é substancial. A Utran recomenda:
Fluxo de ar mínimo de 300 CFM (pés cúbicos por minuto)
Temperatura ambiente não superior a 25°C
Uso de dissipadores passivos em cada SSD
Alguns data centers estão experimentando soluções criativas, como posicionar essas placas em racks dedicados com resfriamento líquido direto aos chips. "É um equilíbrio delicado entre desempenho, consumo energético e vida útil dos componentes", explica o engenheiro de data center Marco Antônio Ribeiro.
Com informações do: Adrenaline