Quantas vezes você se deparou com o nome "Nvidia" no noticiário nos últimos meses? A empresa líder em serviços de inteligência artificial conquistou o mundo com seus produtos revolucionários — e isso é só o começo.
Analistas preveem que a companhia fundada e chefiada por Jensen Huang — que controla mais de 80% do mercado mundial de chips de IA — pode atingir valor de mercado de US$ 5 trilhões (R$ 28 trilhões) na próxima década.
Ventos favoráveis
A projeção mais recente é baseada no desempenho dos lucros da Nvidia no primeiro trimestre do ano fiscal de 2026 (encerrado em 27 de abril): a receita cresceu 114%, atingindo US$ 130,5 bilhões (R$ 744 bilhões).

A previsão é de que a receita da empresa de chips aumente 52,8% e 23,9% nos anos fiscais de 2026 e 2027, respectivamente. Isso aponta para crescimento a uma taxa anual de quase 20% nos próximos 10 anos — o que gerará uma receita de US$ 808 bilhões (R$ 4,6 trilhões) no ano fiscal de 2035.
As ações da empresa estão sendo negociadas a cerca de 32,6 vezes os lucros futuros. Para os próximos cinco anos, a previsão é de um múltiplo de preço/lucro futuro de 23,5x para a Nvidia. Assim, a companhia pode atingir um valor de mercado de US$ 5,29 trilhões até 2035, segundo analistas do Motley Fool Stock Advisor.
Controle do mercado
O domínio das tecnologias de IA posiciona a Nvidia em lugares estratégicos para alavancar a relevância da empresa neste mercado.

Suas recentes unidades de processamento gráfico (GPUs) Grace Blackwell 200 (GB200) permitem que organizações executem modelos de IA computacionalmente complexos com desempenho 25 vezes maior e por um vigésimo do custo dos chips Hopper H100.
O lançamento da Blackwell representou quase 70% da receita de computação de data center no último trimestre, de acordo com a Nasdaq. Semanalmente, 72.000 GPUs Blackwell são instalados em data centers — e a produção deve aumentar neste trimestre.
Para os próximos meses, a companhia estuda lançar sistemas GB300 em grandes provedores de serviços de nuvem. Eles oferecem 50% mais capacidade de memória de alta largura de banda e um aumento de 50% no desempenho da computação de inferência.
Inovação contínua
A Nvidia não está apenas dominando o mercado atual de IA, mas também investindo pesado no que vem por aí. A empresa recentemente anunciou parcerias com mais de 30 fabricantes de servidores para integrar seus novos chips GB200 em sistemas prontos para IA. Isso inclui gigantes como Dell, Hewlett Packard Enterprise e Lenovo.
O que torna esses chips tão especiais? Eles combinam dois processadores Grace CPU com dois GPUs Blackwell em um único módulo, conectados por um link ultrarrápido de 900 GB/s. Essa arquitetura exclusiva permite treinar modelos de IA generativa como o ChatGPT em questão de dias, em vez de semanas.
Desafios no horizonte
Embora o futuro pareça brilhante, a Nvidia enfrenta obstáculos significativos. A concorrência está se aquecendo, com empresas como AMD, Intel e até mesmo a Amazon desenvolvendo seus próprios chips especializados em IA. A AMD, por exemplo, planeja lançar sua série MI300X ainda este ano, prometendo desempenho comparável a preços mais baixos.
Outro desafio é a dependência da TSMC para fabricação dos chips mais avançados. Com a geopolítica tensa entre China e Taiwan, qualquer interrupção na cadeia de suprimentos poderia impactar seriamente a produção. A Nvidia está diversificando seus fornecedores, mas a transição levará tempo.
Regulações governamentais também representam uma incógnita. À medida que a IA se torna mais poderosa, governos ao redor do mundo estão considerando limites para certas aplicações. Isso poderia restringir parte do crescimento explosivo que impulsiona a valorização da Nvidia.
Expansão além dos chips
Interessantemente, a Nvidia está se transformando em mais do que uma fabricante de hardware. Sua plataforma CUDA, essencial para programação de GPUs, tornou-se padrão na indústria. A empresa agora oferece serviços em nuvem através do DGX Cloud e até mesmo modelos de IA prontos para uso empresarial.
Um dos projetos mais ambiciosos é o Omniverse, uma plataforma para simulação 3D e mundos virtuais. Embora ainda em estágio inicial, poderia se tornar o "sistema operacional" para fábricas digitais, cidades inteligentes e até mesmo o metaverso. A BMW já usa a tecnologia para criar "gêmeos digitais" de suas linhas de produção.
Outra frente de expansão são os data centers especializados. A Nvidia não vende apenas chips, mas sistemas completos como o DGX SuperPOD, que pode custar milhões de dólares por unidade. Esses sistemas são essenciais para empresas que precisam de infraestrutura de IA pronta para uso, sem a complexidade de montar seus próprios clusters.
Impacto no mercado de trabalho
A ascensão da Nvidia está criando ondas em todo o ecossistema de tecnologia. Profissionais com habilidades em CUDA e arquitetura de GPUs estão entre os mais demandados do mercado, com salários que podem ultrapassar US$ 300 mil anuais nos EUA. Universidades estão adaptando seus currículos para incluir mais cursos sobre computação paralela e IA.
Paradoxalmente, o sucesso da Nvidia também alimenta preocupações sobre deslocamento de empregos. Seus chips estão por trás de muitas ferramentas de automação que podem substituir trabalhos humanos, desde atendimento ao cliente até análise jurídica. A própria empresa reconhece esse dilema em seus relatórios anuais, destacando investimentos em programas de requalificação profissional.
Com informações do: Olhar Digital