Nvidia avalia abrir centro de pesquisa em Xangai

A Nvidia está considerando a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Xangai, na China, como estratégia para contornar as restrições de exportação de chips impostas pelos Estados Unidos.

Segundo fontes ouvidas pela Reuters, os distritos de Minhang e Xuhui em Xangai apresentaram as melhores condições para a nova instalação. A empresa já possui escritórios em várias cidades chinesas, incluindo Pequim e Shenzhen.

Incentivos e reuniões estratégicas

O plano ganhou força após a visita do CEO Jensen Huang à China no mês passado, quando se reuniu com autoridades locais. O governo de Xangai teria oferecido incentivos fiscais para atrair o investimento da gigante de chips.

CEO da Nvidia, Jensen Huang

Huang já havia expressado preocupações sobre as restrições americanas, afirmando que representam uma "perda tremenda" para as empresas dos EUA, considerando o potencial do mercado chinês de IA, que pode atingir US$ 50 bilhões nos próximos anos.

Adaptação às restrições comerciais

Desde 2022, os EUA impuseram limites à exportação dos chips mais avançados da Nvidia para a China. Em resposta, a empresa desenvolveu versões específicas para o mercado chinês, como os modelos H20 e L40, que ficam logo abaixo dos limites regulatórios.

  • A China representa 13% das vendas globais da Nvidia

  • Mercado chinês de IA pode valer US$ 50 bilhões em 2-3 anos

  • Empresa mantém expansão global, incluindo parceria na Arábia Saudita

Conflito por chips entre EUA e China

Fontes indicam que o novo centro se concentraria em atender demandas locais, sem envolver transferência de propriedade intelectual ou designs de GPU. A medida reflete a importância estratégica que a China mantém para a Nvidia, mesmo com as tensões geopolíticas.

Impacto no mercado de IA chinês

A possível instalação do centro de pesquisa em Xangai ocorre em um momento crucial para o ecossistema de inteligência artificial na China. Empresas locais como Huawei e Alibaba têm acelerado o desenvolvimento de chips próprios, mas ainda dependem de tecnologias ocidentais para soluções avançadas.

Analistas apontam que a presença física da Nvidia poderia facilitar a colaboração com startups chinesas de IA, que enfrentam dificuldades para acessar hardware de ponta. "Muitas empresas menores não têm recursos para importar chips através de canais alternativos", explica Chen Wei, especialista em semicondutores baseado em Shenzhen.

Desafios regulatórios e concorrência

Apesar dos incentivos, a Nvidia enfrenta obstáculos complexos. As autoridades americanas monitoram de perto qualquer operação que possa beneficiar tecnologicamente a China. Em março, o Departamento de Comércio dos EUA atualizou as regras para incluir restrições a "centros de terceirização" que possam contornar as sanções.

  • Novas regras dos EUA exigem licenças para transferência de conhecimento técnico

  • Huawei já lançou chips rivais com tecnologia 7nm

  • Investimento chinês em semicondutores cresceu 40% no último ano

Enquanto isso, a Huawei surpreendeu o mercado ao anunciar processadores Ascend capazes de competir com as GPUs da Nvidia em algumas aplicações. A empresa chinesa teria recebido subsídios estatais de US$ 3 bilhões para desenvolver alternativas locais.

Estratégia de localização

O modelo de negócios que a Nvidia estuda para Xangai segue o padrão de outras multinacionais: equipes locais focadas em adaptações regionais, enquanto o desenvolvimento central permanece nos EUA. Em 2023, a Apple adotou abordagem similar com seu centro de pesquisa em Shenzhen.

"Não se trata apenas de contornar sanções, mas de estar mais próximo dos clientes finais", afirma uma fonte familiarizada com os planos. A Nvidia já emprega mais de 2.000 pessoas na China, muitas delas trabalhando em soluções para veículos autônomos e reconhecimento facial.

Setores como saúde digital e cidades inteligentes representam oportunidades crescentes. Projetos-piloto em Hangzhou e Chengdu já utilizam tecnologias da Nvidia para processamento de imagens médicas e gestão de tráfego urbano.

Com informações do: Olhar Digital