Intel planeja misturar gerações de arquitetura gráfica em futuros processadores

Um rumor intrigante está circulando no mundo do hardware: a Intel estaria considerando usar duas gerações diferentes de sua arquitetura gráfica nos próximos processadores Nova Lake-S. Segundo informações vazadas, a empresa combinaria as tecnologias Xe3 e Xe4 nas GPUs integradas desses chips.

Imagem de processador Intel Core Ultra com Nova Lake-S escrito ao lado

O vazamento veio de Jaykihn, um conhecido insider do setor, que postou no X (antigo Twitter) que a Nova Lake-S usaria "Xe3 + Xe4", esclarecendo depois que seria "Xe3 para gráficos + Xe4 para display e mídia". Essa abordagem modular não é totalmente nova - a Intel já fez algo similar com os processadores Meteor Lake.

O que esperar da arquitetura híbrida?

Especialistas especulam que a versão do Xe3 usada nos Nova Lake-S não seria a padrão, mas sim uma variante aprimorada, possivelmente o Xe3P que deve equipar as futuras GPUs dedicadas Arc Celestial. Bionic_Squash, outro insider respeitado, reforçou essa teoria, afirmando que "não é o Xe3 padrão, ele tem diversas mudanças".

Captura de post falando das Arc Celestial com Intel Xe3P

Já os núcleos Xe4, dedicados ao processamento de mídia, seriam "muito bons" segundo as fontes, com suporte avançado a codecs profissionais de vídeo. Essa divisão de tarefas entre as arquiteturas pode representar uma solução econômica para a Intel, permitindo oferecer diferentes configurações para diversos segmentos de mercado.

Variedade de configurações possíveis

O design em tiles (blocos) dos processadores Nova Lake-S permite diversas combinações entre os componentes. Isso significa que nem todos os modelos da linha necessariamente trarão essa combinação Xe3+Xe4 - provavelmente será um diferencial para os SKUs mais premium.

Algumas possibilidades que essa abordagem abre:

  • Redução de custos nos modelos de entrada

  • Maior flexibilidade no design dos chips

  • Otimização específica para diferentes cargas de trabalho

Enquanto aguardamos confirmações oficiais, vale lembrar que a Intel ainda tem outros lançamentos no pipeline antes dos Nova Lake-S, como os Arrow Lake Refresh e as CPUs Panther Lake para notebooks.

Implicações para o desempenho gráfico

A combinação de arquiteturas gráficas diferentes levanta questões interessantes sobre como isso afetará o desempenho real. Na prática, os núcleos Xe3 seriam responsáveis pela renderização 3D e tarefas gráficas pesadas, enquanto o Xe4 cuidaria da saída de vídeo e decodificação de mídia. Essa divisão poderia, em teoria, oferecer o melhor dos dois mundos.

Porém, especialistas apontam desafios potenciais na sincronização entre as diferentes arquiteturas. "Coordenação entre tiles com IP gráfico diferente não é trivial", comentou um engenheiro de GPU anônimo em fórum especializado. "Há riscos de latência aumentada ou overhead na transferência de dados entre os blocos".

Diagrama mostrando a arquitetura em tiles dos processadores Intel

O cenário competitivo

Enquanto a Intel explora essa abordagem híbrida, a AMD e a NVIDIA seguem caminhos diferentes. A AMD mantém arquiteturas gráficas unificadas em seus APUs, enquanto a NVIDIA, que recentemente anunciou planos de entrar no mercado de CPUs x86, pode trazer soluções mais integradas.

Analistas de mercado sugerem que a estratégia da Intel pode ser uma resposta às limitações de espaço nos dies. "Ao dividir as funções gráficas, eles podem otimizar melhor a área do chip para diferentes segmentos", explica Marco Chiappetta, analista da Moor Insights & Strategy. "Isso permite SKUs mais diversificados sem aumentar drasticamente os custos de produção".

Curiosamente, essa não é a primeira vez que vemos arquiteturas gráficas mistas. Algumas GPUs discretas já combinaram diferentes tipos de núcleos, como a série DG1 da Intel que usou Xe-LP junto com tecnologia de display mais antiga. A diferença é que agora isso estaria sendo aplicado em escala muito maior.

O que os desenvolvedores precisam saber

Para a comunidade de desenvolvedores, essa abordagem traz novas considerações:

  • Potencial necessidade de otimizações específicas para cada arquitetura gráfica

  • Compatibilidade com APIs gráficas pode variar entre os componentes

  • Gerenciamento de energia mais complexo entre tiles diferentes

  • Possível impacto nos drivers e suporte a longo prazo

"Estamos monitorando de perto esses desenvolvimentos", disse um representante da Epic Games em entrevista recente. "Engines modernos já lidam com arquiteturas heterogêneas, mas cada nova combinação traz seus próprios desafios".

Rumores indicam que a Intel estaria trabalhando em ferramentas específicas para ajudar desenvolvedores a tirar proveito dessa arquitetura híbrida. Entre elas, uma nova versão do oneAPI com suporte aprimorado para cargas de trabalho distribuídas entre diferentes tiles gráficos.

Captura de tela mostrando ferramentas de desenvolvimento gráfico da Intel

Expectativas para o mercado

Se confirmada, essa estratégia poderia posicionar os Nova Lake-S como opções interessantes para nichos específicos. Editores de vídeo, por exemplo, poderiam se beneficiar dos avanços no Xe4 para mídia, enquanto criadores de conteúdo 3D teriam melhor desempenho com o Xe3 aprimorado.

No segmento de desktops gamers, porém, a relevância pode ser limitada. "A maioria dos entusiastas usa GPUs discretas de qualquer forma", observa Thomas Ryan, do canal Paul's Hardware. "O verdadeiro teste será em notebooks e sistemas all-in-one onde os gráficos integrados fazem diferença".

Fontes próximas à Intel sugerem que a empresa já estaria testando protótipos com diferentes configurações gráficas. Algumas variantes estariam focadas em eficiência energética, enquanto outras priorizariam desempenho bruto. Essa flexibilidade pode ser crucial para competir em um mercado cada vez mais segmentado.

Com informações do: Adrenaline